Em 2021, houve um enorme crescimento nos roubos e fraudes de criptomoedas, segundo análise da firma Chainalysis, informando um aumento de 80% em relação ao ano anterior.
Esse percentual corresponde a US$ 14 bilhões de dólares em transações ilícitas de criptomoedas. Todavia, é válido registrar que o crescimento de transações financeiras descentralizadas subiu para 567%, justificando o aumento nas atividades ilegais.
Dito isso, é fato que os roubos e fraudes de criptomoedas cresceram absurdamente, pois, como aponta o relatório, as finanças descentralizadas (DeFi) foram onde ocorreram as maiores ações ilegais.
Os métodos mais utilizados foram as fraudes e os rug pulls. O rug pull é basicamente a criação de tokens inseridos no Câmbio Descentralizado (DEXs) e, em seguida, se emparelham esse token com criptomoedas famosas, como a Ethereum.
Rug pull é uma manobra maliciosa em que os desenvolvedores da criptomoeda abandonam um projeto e somem com o dinheiro dos investidores.
Aliás, Em 2021, a receita dos roubos de criptomoedas cresceram em 82%, correspondendo a US$ 7,8 bilhões. Um terço desse total, ou seja, US$ 2,6 bilhões, foram rug pulls.
Outras ações ilegais que cresceram entre 2020 e 2021 foram a lavagem de dinheiro ilícito em criptomoedas e a mineração ilegal.
De acordo com a Chainalysis, o crescimento dos roubos de criptomoedas é pelo “hype” especulativo desse mercado financeiro e, sobretudo, a forma como tokens de finanças descentralizadas podem ser criadas facilmente.
Autoridades já sentiram o efeito dos roubos de criptomoedas no crime organizado
Em novembro do ano passado, publicamos uma matéria sobre o roubo de uma criptomoeda inspirada na série Round 6, da Netflix.
Os criadores do token fugiram com mais de US$ 2 milhões dos seus investidores, utilizando a técnica de rug pull.
Leia mais: Criadores de criptomoeda inspirada em Round 6 roubam US$ 2 milhões dos investidores
Desse modo, o efeito desse e de outros roubos de criptomoedas já afetaram as autoridades. Por exemplo, de acordo com o FBI, o roubo de criptomoedas já está preocupando o governo americano.
Hoje (16), em entrevista concedida ao jornal Bloomberg, o diretor assistente da divisão de cibersegurança do FBI, Bryan Vorndran, afirmou que as forças de segurança não estão conseguindo acompanhar o avanço tecnológico dos crimes cibernéticos.
“Criptomoedas são a principal forma de pagamento, o principal veículo, para facilitar pagamentos de extorsão. É a onda do momento”, afirmou Vorndran.
Além disso, o agente mencionou que o deepfake também preocupa os órgãos de segurança pública.
Vorndran, falando em nome do FBI, destacou que as criptomoedas podem oferecer oportunidades positivas, mas o problema reside em seu funcionamento.
“O fato da tecnologia blockchain possibilitar pagamentos criptografados e, em seguida, misturá-los em outros fundos, seja em roubos de criptomoedas ou extorsões de ransomwares, é um enorme, enorme, desafio para nós”, desabafou o diretor assistente da divisão de cibersegurança do FBI.
Bitcoin é a criptomoeda preferida dos cibercriminosos
O diretor do FBI afirmou que a preferência dos criminosos pelo Bitcoin se dá pela sua natureza efetivamente não háckeavel. Diferentemente do dinheiro convencional, é possível transferir grandes quantias de criptomoedas de maneira “quase instantaneamente” sem sequer passar pelo sistema bancário.
Portanto, segundo Vorndran, a moeda virtual é quase sempre a forma de pagamento que os criminosos exigem em ataques ransomware.
Os cibercriminosos que atacaram a fábrica da JBS, por exemplo, exigiram o pagamento em criptomoedas, assim como outros vários casos de invasão ransomware que ocorreram no ano passado.
Leia mais sobre os ataques ransomware que ocorreram no ano passado!
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O FBI desencoraja as empresas a se submeterem a tais extorsões, pois o roubo desses fundos, em criptomoedas, serve para expandir as capacidades dos criminosos, além de encorajá-los a continuar.
Além disso, o agente informou que o cerne do problema está na falta de comunicados ao governo por parte das empresas quando há um ciberataque.
É comum ver as empresas querendo resolver o problema com o seu próprio time de segurança, o que, segundo Vorndran, reside na desconfiança com o governo.
Os principais alvos de ransomware são empresas de tecnologia, que vivem um momento de caça às bruxas pelo governo americano.
Por isso, de acordo com Vordndran, o governo americano estima possuir entre 20 e 25% dos dados sobre “ciber brechas”. Esse número é muito pequeno para ser útil, “especialmente quando a intenção é antecipar as ações dos criminosos”.