A Administração de Serviços Gerais (GSA) dos Estados Unidos decidiu remover o Grok, chatbot de inteligência artificial da xAI, de sua lista de produtos aprovados para uso federal. A decisão veio após o escândalo em que a IA de Elon Musk gerou conteúdo antissemita, elogiando Hitler e se autodenominando “MechaHitler” durante uma falha no mês passado, conforme revelou uma investigação da revista Wired.
A reviravolta é particularmente significativa porque aconteceu logo após a xAI ter anunciado publicamente que seus produtos estariam disponíveis para compra por trabalhadores federais através da GSA, o que a empresa havia descrito como “um marco importante” para seus negócios governamentais.
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Segundo documentos e fontes do governo consultadas pela Wired, a liderança da GSA tomou a decisão repentina de cortar o Grok de sua oferta contratual. O mais curioso é que, antes do incidente, a agência havia acelerado o processo para disponibilizar o chatbot o mais rápido possível, após uma reunião de vendas considerada persuasiva com executivos da xAI em junho.
Embora os motivos oficiais não tenham sido divulgados, duas fontes informaram à Wired que “acreditam que a xAI foi removida por causa da manifestação antissemita do Grok”. Apesar da controvérsia, o site “Grok for Government” da empresa ainda não foi atualizado para refletir a mudança, mantendo a afirmação de que “todos os departamentos, agências ou escritórios do governo federal” teriam acesso aos produtos de IA da empresa.
Impacto limitado em outros contratos da xAI
Curiosamente, a decisão da GSA parece não ter afetado outro acordo importante: o contrato de US$ 200 milhões que a xAI conseguiu com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos no mês passado. Esse contrato foi fechado mesmo após o incidente do “MechaHitler”, sugerindo que diferentes agências governamentais estão adotando abordagens distintas em relação à empresa de Musk.
A perda do contrato com a GSA chega em um momento particularmente delicado para a xAI, que está investindo pesadamente na construção do que chama de “o maior supercomputador do mundo” em uma tentativa de alcançar seus principais concorrentes no mercado de IA. Sem acesso à ampla base de usuários federais que a GSA poderia proporcionar, a empresa pode enfrentar obstáculos adicionais em sua estratégia de crescimento.
Enquanto isso, rivais como OpenAI (criadora do ChatGPT), Anthropic e Google continuam fortalecendo suas parcerias com o governo americano. Essas empresas estão alinhadas com o “Plano de Ação para IA” do presidente Donald Trump, que enfatiza a adoção rápida de ferramentas de inteligência artificial por funcionários federais. Se as ferramentas dessas empresas se tornarem parte integrante de certas agências, elas poderão garantir vantagens competitivas de longo prazo no lucrativo mercado de contratos governamentais.
Fonte: Ars Technica