Durante a primeira década do século XXI, 20 anos antes da febre dos NFTs, um dos softwares de compartilhamento de arquivos ponto a ponto (P2P) era o LimeWire.
Em 2022, o LimeWire retornará para vender NFTs relacionados à música. A ironia reside na essência do software, que quase quebrou a indústria musical.
Leia mais: O que é NFT? Saiba tudo sobre a nova febre da indústria tech
No Brasil, o LimeWire fazia parte do quarteto fantástico com o Kazaa, o eMule e o Ares Galaxy em termos de pirataria.
No entanto, alguns desses softwares foram descontinuados, como o LimeWire e o Kazaa, enquanto o restante sobrevive por aparelhos.
O LimeWire, lançado em 2000 e considerado um dos berços, assim como o Napster, da pirataria e download ilegal de arquivos, foi alvo de polêmicas judiciais.
Em 2010, a justiça americana ordenou que a empresa Lime Group, responsável pelo software, encerrasse suas atividades pelo uso ilegal de direitos autorais. Além disso, o então CEO do LimeWire teve que pagar US$ 105 milhões ao grupo das principais gravadores em um acordo extrajudicial.
LimeWire encerra seu serviço P2P para atender à RIAA
Mas, agora, após um final trágico, o LimeWire está de volta, embora não seja como antes.
https://twitter.com/limewire/status/1501472688824594432
Na verdade, nada será como antes no caso do LimeWire, pois o que era gratuito se tornará pago.
Isso porque dois empresários austríacos compraram os direitos da marca LimeWire e seus planos são repaginar a imagem do software para torná-lo um marketplace de NFTs relacionados ao universo musical.
LimeWire voltará pela nostalgia dos primórdios da internet
Paul e Julian Zehetmayr são irmãos e a intenção por trás dessa empreitada é usar a fama do LimeWire — bem como o saudosismo e a nostalgia pelos anos 2000, que teve início no final dos anos 2010 — para a atrair usuários para sua nova plataforma de NFTs.
“[LimeWire] é um nome muito icônico. Por exemplo, mesmo se você pesquisar o termo no Twitter hoje, haverá centenas de pessoas postando tweets nostálgicos sobre o nome LimeWire”, disse Julian Zehetmayr.
“Todo mundo se conecta com a música, por isso estamos lançando um marketplace [de NFTs] com enfoque em música, portanto a marca [LimeWire], devido ao seu legado, se encaixou perfeitamente”, completou Julian, que dividirá o cargo de CEO da empresa com o seu irmão Paul.
Aliás, os irmãos estão tão confiantes que passaram quase todo o ano de 2021 comprando partes da marca LimeWire. Clique aqui para acessar o novo site.
Entretanto, o lançamento da plataforma de NFTs, previsto para maio deste ano, não terá afiliação com o LimeWire original. O foco será totalmente o oposto: oferecer aos artistas uma oportunidade de ganhar mais grana no LimeWire se comparado aos lucros de suas músicas no Spotify ou Apple Music.
Como funcionará o marketplace de NFTs do LimeWire
Sobre os NFTs, o LimeWire chegará com o suporte para compra e venda de tokens exclusivamente relacionados ao mundo da música. Por exemplo, estarão inclusos NFTs como músicas exclusivas, artes gráficas, merchandise e o acesso a experiências como conteúdo de bastidores.
A nova companhia lançará seu próprio utility token, cujo intuito será semelhante a um programa de fidelidade, pois um utility token é um token criptografado para ecossistemas específicos.
Aliás, diferentemente de outros marketplaces de NFTs, os ativos do LimeWire serão denominados através do dólar americano, pois a intenção é expandir a sua comercialização ao público de massa.
Portanto, será possível efetuar pagamentos em criptomoedas ou em moedas convencionais.
O suprassumo da contradição: 10 artistas mundialmente famosos serão parceiros do LimeWire
Surpreendentemente, uma plataforma que há 12 anos foi considerada uma ameaça à indústria musical, ressurge como uma grande parceira.
De acordo com Julian Zehetmayr “10 grandes artistas” já assinaram contrato com o LimeWire para fazer parte do marketplace de NFTs.
Julian Zehetmayr não informou quais são esses artistas, mas revelou que membros das agências que empresariam artistas famosos, como H.E.R e o grupo de rap Wu-Tang Clan, farão parte do conselho do Novo LimeWire.
Jeanine McLean-Williams será uma dos membros do conselho do LimeWire. Ela é presidente da MBK Entertainment, que representa a cantora H.E.R e outros artistas, como o rapper e ator Tyrese Gibson, conhecido pela franquia Velozes e Furiosos.
McLean-Williams afirma estar bastante empolgada com a possibilidade de tornar os NFTs uma ferramenta para trazer mais igualdade no mundo da música e das criptomoedas.