O mercado de VGAs usadas ganhou tração nos últimos meses com a troca de algoritmo da critomoeda Ethereum, impossibilitando a mineração como conhecemos. Em virtude desse fato, muitos mineradores passaram a usar de todas as formas para se livrar dos componentes que não são mais estratégicos para aquele determinado investimento.
Num primeiro momento pode ser tentador adquirir uma placa de vídeo por um preço bem mais em conta. O grande problema é que é praticamente impossível constatar como aquela placa foi utilizada, e o impacto que causou diretamente nos componentes internos, o que influenciará no tempo de vida útil restante. Na internet você encontrará relatos dos dois lados: aqueles que compraram e seguem utilizando a placa sem problema aparente, e outros que perderam rapidamente o hardware por algum problema.
A capacidade dos estelionatários de plantão em pôr em execução maneiras para tentar enganar as pessoas também impressiona. É o que revela um vídeo do canal Iskandar Souza, feito em parceria com Paulo Gomes, especialista em reparo de placas de vídeo. Alguns vendedores, na ânsia conseguir se desfazer de suas placas de vídeo, estão simplesmente pintando os chips de memória usados, para parecerem como novos.
A coloração dos chips é um dos principais indícios visuais sobre a condição daquela placa de vídeo. Devido às altas temperaturas, os chips e PCB podem mudar um pouco de cor. Os chips de memória e a GPU, dendendo da carga de uso, como a mineração, podem receber um tom mais escuro e até mesmo amarelado. A tonalidade amarelada na memória e na GPU também pode também indicar que esses componentes foram ressoldados em placas de circuito impresso mais novas, prática conhecida como refurbished.
Você também deve ler!
Quais são os riscos de comprar uma placa de vídeo que foi usada para mineração?
Conta aí pra gente: qual a placa de vídeo do seu PC?
No vídeo, Paulo faz a inspeção de uma RX550. O técnico esquentou o chip de memória da fabricante japonesa Elpida presente na placa, e, com o auxílio de um estilete, foi riscando a parte superior, revelando a falcatrua: uma pintura foi aplicada para enganar o comprador ou aquele que analisasse o componente, mascarando o real estado do chip.
A mesma tática também foi constatada pelo técnico numa unidade da RX580. Além da remarção do chip, a placa também conta com chips de lotes diferentes, informação que acaba ficando oculta pela pintura.
“O chinês foi lá, comprou várias placas com defeito, saiu reaproveitando memória, encheu um pote e mandou pra fábrica soldar. Eles não separam lote. Provavelmente, sabendo da informação que tem review por aí vendo o lote da memória, eles começaram a pintar”, diz Paulo.
O técnico também comparou chips de referência que ele tem em seu estoque com aqueles presentes em placas vendidas lacradas, e que podem até mesmo serem marcadas no anúncio como 99% nova ou zerada. Repare na coloração do chip de Paulo, fabricado em 2017, com a do chip que é mais recente, 2018, utilizado na placa lacrada observada na análise, ou até mesmo o desgaste do epox, que fixa a área do die ao substrato.
Nesta outra imagem ambos os chips são de 2017:
“Prefiro muito mais um chip com a coloração intacta, íntegra, e antigo, do que um chip novo com a coloração toda escura. Ir pela data, pra fazer uma compra, não é 100%”, conclui Paulo Gomes.
O intuito da análise produzida por Paulo Gomes é agregar ainda mais base para a decisão de compra. Não há uma conclusão absoluta sobre o tema. É difícil saber a real procedência dessas placas vendidas pela China.
Com a revelação do técnico, fica claro que muitas placas apontadas como novas, em que o vendedor classifica dessa maneira por fazer uso de um novo PCB e dissipador, estão sendo comercializadas com chips, a parte mais importante, usados.
Deixe seu comentário