Apesar dos bilhões de dólares investidos pela Microsoft na parceria com a OpenAI, o Microsoft Copilot continua sendo deixado de lado pelos usuários que preferem o ChatGPT. Um caso emblemático é o da Amgen, gigante farmacêutica que havia anunciado a compra de 20 mil licenças do Copilot na primavera do ano passado, mas acabou migrando para o ChatGPT após 13 meses de experiência.
A empresa justificou a mudança com base no feedback de seus funcionários, que consideraram o ChatGPT superior em tarefas de pesquisa e resumo de documentação científica. Segundo Sean Bruich, vice-presidente sênior da Amgen, “a OpenAI tem feito um trabalho excepcional tornando seu produto divertido de usar”.
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Os números falam por si: em fevereiro de 2025, o ChatGPT registrou 173,3 milhões de visitas diárias nos EUA, enquanto o Copilot alcançou apenas 98,9 milhões de visitas mensais – o que significa que o ChatGPT tem mais visitas em um único dia do que o Copilot em um mês inteiro. Essa diferença monumental ocorre mesmo com a Microsoft tentando posicionar seu assistente como uma alternativa mais segura e com melhor experiência de usuário.
A preferência pelo ChatGPT já é tão marcante que se tornou a reclamação número um recebida pela divisão de IA da Microsoft: “Copilot não é tão bom quanto o ChatGPT”. A empresa tentou minimizar o problema alegando que os usuários simplesmente “não estão usando o produto como pretendido” e até lançou a Copilot Academy para melhorar as habilidades de prompt engineering dos usuários.
Embora o Microsoft Copilot tenha suas vantagens, especialmente quando integrado aos serviços como Outlook e Teams, as empresas e usuários finais continuam preferindo o ChatGPT. Mesmo Bruich, da Amgen, ao elogiar o Copilot, limitou seus elogios chamando-o de “uma ferramenta bastante importante”, mas principalmente no contexto de uso com outros serviços Microsoft.
Tensões crescentes entre Microsoft e OpenAI
O cenário de preferência pelo ChatGPT acontece em meio a tensões crescentes na parceria entre Microsoft e OpenAI. Nos últimos meses, a OpenAI tem manifestado insatisfação com o relacionamento, especialmente diante da pressão de investidores para se transformar em uma empresa com fins lucrativos – movimento que aparentemente não conta com a bênção da Microsoft, que investiu $14 bilhões na startup.
A OpenAI também reclamou que a Microsoft não atende suas necessidades de computação em nuvem, chegando a sugerir que, se um competidor alcançar a Inteligência Artificial Geral (AGI) primeiro, a culpa seria da gigante de Redmond. Por outro lado, a Microsoft alega que o modelo GPT-4 da OpenAI é caro demais e lento para atender às necessidades dos clientes do Microsoft 365.
Uma desvantagem competitiva clara para a Microsoft é o atraso na incorporação de novos recursos. Quando a OpenAI lança novas funcionalidades no ChatGPT, elas costumam demorar semanas para chegar ao Copilot. A Microsoft justifica esse intervalo como necessário para avaliar a segurança e o valor dos recursos para sua base de usuários.
Jared Spataro, chefe de iniciativas de IA para ambiente de trabalho da Microsoft, afirmou que o ponto forte da empresa é identificar e integrar as melhores tecnologias disponíveis, aprimorando-as para uso empresarial. “Nem toda mudança feita nos modelos é realmente positiva”, explicou ele, justificando o processo de filtragem que a empresa realiza.
Enquanto isso, a Microsoft segue afirmando que quase 70% das empresas da Fortune 500 usam o Microsoft 365 Copilot, com aproximadamente 3 milhões de usuários pagando pela licença comercial do produto. No entanto, esses números parecem modestos quando comparados ao alcance global do ChatGPT, que continua a dominar o mercado de IA conversacional, apesar dos esforços e investimentos massivos da Microsoft.
Fonte: Windows Central