O melhor crítico de um produto ou empresa é aquele que por muitos anos foi um usuário fiel. Esse é o caso de Linus Torvalds, lendário programador e que é peça central na criação do Linux. Assim como já fez tantas vezes, Torvalds manifestou suas ideias através de uma post em um fórum. O programador manifestou novamente sua insatisfação com algumas políticas da Intel e elogio a AMD pelo que vem fazendo nos últimos anos.
Torvalds é o que podemos chamar de “Intel Raiz”. O programador utilizou por muitos anos chips Intel como parte da sua configuração. No ano passado, após 15 anos utilizando processadores Intel, Linus migrou para AMD, mais especificamente para o processador AMD Threadripper 3970X (32 núcleos / 64 threads). Mesmo nos anos em que ainda utilizava Intel, o finlandês não deixou de criticar a Intel, como no caso de 2018 quando fez duras críticas em relação a posição da empresa nas respostas para as falhas de segurança Meltdown e Spectre.
A mira de Torvalds dessa vez foi direcionada a um ponto muito importante. A aplicação das memórias ECC para o consumidor final. O programador criticou a política da Intel em torno das memórias ECC, na visão dele, a Intel é uma peça fundamental para matar toda a indústria de memórias ECC.
“A Intel foi prejudicial para toda a indústria e seus usuários por causa de suas políticas ruins e mal direcionadas com ECC. Sério… Os argumentos contra a ECC sempre foram um lixo completo… Agora até as fabricantes de memórias estão começando a fazer ECC internamente porque elas finalmente aceitaram o fato de que elas definitivamente precisam fazer isso”, diz Linus.
O que são memórias ECC?
Memórias DRAM ECC é algo tão distante de grande maioria do público final que é bem provável que muitas pessoas jamais ouviram falar nisso. ECC não se refere a um novo padrão de memória, faz parte do escopo DRAM, seguindo, por exemplo, a geração atual, DDR4. A diferença é que memórias ECC conseguem manter a configuração rodando de maneira bem mais estável, já que conta com a capacidade de corrigir erros internos da memória automaticamente. A sigla ECC vem justamente dessa característica: Error-correcting code memory. É uma memória que verifica e corrige erros. Memórias ECC costumam ter mais chips comparado aos módulos DRAM sem correção de erros com a mesma capacidade.
Devido a capacidade de entregar mais estabilidade e redução de falhas corriqueiras este tipo de memória é essencial para o mercado de servidores. Seria muito bem-vindo também a sua disseminação no mercado consumidor. Mas, na visão de Torvalds, a Intel acabou sendo uma peça chave para que isso não acontecesse, mantendo a prioridade para o mercado corporativo. Linus também não poupou críticas aos fabricantes de memória. O programador fala que alegar que as DRAM modernas não precisam de ECC “sempre foi uma história de ninar para crianças que foram derrubadas de cabeça vezes demais”.
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E elas (as fabricantes) são malditas mentirosas – deixe-me mais uma vez citar a row-hammer pra dizer como esses problemas já existem há diversas gerações, mas esses f**** venderam alegremente hardware quebrado para os consumidores e disseram que era um ‘ataque’, quando sempre foi ‘nós estamos tomando atalhos”, diz Linus.
A AMD suporta ECC nas linhas Ryzen, Threadripper e Epyc, enquanto a Intel precisa usar o Xeon, que é a série top de linha para suportá-lo. Torvalds também falou sobre a AMD. Ele relembra que teve contato com os antigos chips Bulldozer (microarquitetura utilizada pela AMD em 2011 nos processadores FX), em sua visão, horríveis, no entanto, a AMD fez um enorme progresso nos últimos anos e que agora seus produtos estão liderando o caminho.
Linus também observa que os produtos de servidor Intel são geralmente desproporcionalmente mais caros do que os do consumidor, enquanto a AMD dimensiona os preços mais proporcionalmente ao número de núcleos e ao potencial total da unidade.