O ecossistema Xbox atravessa um de seus momentos mais conturbados após a Microsoft demitir centenas de desenvolvedores, cancelar projetos promissores e fechar estúdios inteiros durante este mês. Em meio a esse cenário preocupante e à polêmica adoção de inteligência artificial, Grounded 2 surge como um respiro de criatividade e qualidade para os jogadores da plataforma.
Lançado em acesso antecipado (early access), o jogo da Obsidian Entertainment surge como um contraponto às decisões corporativas que têm gerado apreensão entre fãs e analistas do mercado. Mesmo o anúncio recente de Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 não foi suficiente para dissipar o clima de incerteza que paira sobre o futuro dos estúdios Xbox.
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Grounded 2 segue a premissa do jogo original, inspirado no filme “Querida, Encolhi as Crianças”, onde adolescentes são miniaturizados por uma corporação chamada Ominent e precisam sobreviver em um quintal repleto de insetos gigantes. Na sequência, os personagens estão um pouco mais velhos e enfrentam novos desafios em um parque muito maior, mais uma vez vítimas de um “acidente” suspeito relacionado à mesma empresa.
Diferentemente do primeiro jogo, os protagonistas iniciam a aventura já cientes dos perigos e imediatamente desconfiados das intenções da Ominent. A Obsidian Entertainment demonstra sua tradicional competência na escrita, criando uma narrativa que, apesar do tom leve e bem-humorado, carrega uma irônica mensagem sobre corporações que repetem erros do passado – paralelo difícil de ignorar considerando as recentes decisões da Microsoft.
Uma esperança em meio à tempestade corporativa
Apesar do rótulo de acesso antecipado, Grounded 2 já se apresenta como um jogo polido e consistente. Os sistemas de combate, construção, fabricação de itens e aprimoramento estão intuitivos desde o início, permitindo que jogadores veteranos e novatos se ambientem rapidamente.
A principal novidade da sequência é a possibilidade de montar em insetos, recurso que adiciona uma nova dimensão tanto ao combate quanto à exploração do mapa, significativamente maior que o do primeiro jogo. Esta mecânica se integra naturalmente à experiência, evitando parecer apenas uma adição forçada para justificar uma sequência.
Para os assinantes do Game Pass, Grounded 2 representa um valor imediato. O jogo entrega diversão instantânea para fãs de survival games, com a promessa de expansão de conteúdo nos próximos meses. Se os desenvolvedores conseguirem corrigir alguns problemas pontuais, como questões com a câmera em terceira pessoa, o título tem potencial para se estabelecer como uma das melhores sequências do catálogo Xbox.
O sucesso de Grounded 2 exemplifica como o modelo de estúdios da Microsoft pode funcionar quando executado corretamente. A Obsidian conseguiu refinar a fórmula do primeiro jogo sem tentar transformá-lo em uma produção AAA megalomaníaca – abordagem sensata que tem se tornado cada vez mais rara no mercado atual, obcecado por blockbusters e números recordes.
Entretanto, o paradoxo é inevitável: enquanto celebramos o talento da Obsidian e a qualidade de Grounded 2, paira a dúvida sobre quanto tempo esse modelo criativo poderá sobreviver no ambiente corporativo atual da Microsoft. Se jogos como The Outer Worlds 2 não atingirem métricas de vendas arbitrárias ou se Grounded 2 não alcançar o mesmo sucesso de seu antecessor, qual será o futuro desses estúdios?
O caminho que a Microsoft escolher nos próximos meses poderá definir não apenas o futuro de estúdios como a Obsidian, mas também a identidade da marca Xbox como um todo – se continuará valorizando a criatividade e diversidade de experiências ou se sucumbirá completamente à busca por crescimento a qualquer custo.
Fonte: Android Police