Segundo reportagem do jornal The New York Times publicada neste domingo (25) e com o título “Apple, Google e o Acordo para Controlar a Internet”, o Google paga cerca de US$ 12 bilhões por ano à Apple para manter o buscador como padrão no iOS, sistema operacional que dá vida aos iPhones e iPads da empresa fundada por Steve Jobs.
Entenda o caso
Recentemente nós publicamos aqui no site que o Google está sendo acusado de prática antitruste, ou seja, práticas desleais para manter o monopólio de buscas na internet. E. como punição, a Gigante das Buscas poderia até mesmo ter que vender o seu navegador Chrome. O Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos abriu um processo contra o Google no dia 20 de outubro, com a acusação da empresa manter práticas ilegais para manter o seu monopólio na internet, tanto entre os buscadores quanto entre os anunciantes.
E ontem o The New York Times trouxe à luz mais detalhes sobre esse acordo bilionário entre Google e Apple. De acordo com o jornal, o acordo entre as duas empresas foi celebrado em 2017. E a Gigante das Buscas deve pagar entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões à Apple. E isso é bastante coisa! Para você ter uma ideia, esses valores correspondem a 14% a 21% de toda a receita bruta da Apple!
O referido jornal norte-americano procurou a Apple em busca de mais informações e esclarecimentos. Mas a empresa se negou a comentar o assunto. Já o Google, por sua vez, fez um artigo em seu blog se defendendo das acusações e explicando como é fácil trocar de navegador em todas as plataformas, seja iOS, macOS ou mesmo no Android. O título do artigo é: “Uma ação judicial extremamente falha que não ajuda em nada os consumidores” (tradução livre).
Acusada de práticas abusivas
O processo foi aberto pelo Departamento de Justiça e por procuradores-gerais de 11 estados americanos. De acordo com as autoridades estadunidenses, o Google só alcançou a liderança entre os buscadores e, consequentemente, desenvolveu uma eficiente plataforma de publicidade online por conta de práticas abusivas.
Dentre essas práticas, está a de pagar para ser o buscador padrão em aparelhos de outras empresas, como é o caso da Apple. O Google também é acusado de impedir a pré-instalação de serviços de concorrentes. Eu, particularmente, nunca vi isso acontecer. Muito pelo contrário, os celulares Android de antigamente vinham abarrotados de bloatwares inúteis e que só consumiam memória e espaço de armazenamento do aparelho.
A história se repete?
O caso está sendo comparado aos processos sofridos pela Microsoft na década de 1990. Na época, o navegador Internet Explorer vinha pré-instalado no Windows 98, o que acabou minando o crescimento de navegadores concorrentes, como o NetScape. Mas, ao meu ver, o caso atual é bem diferente.
O navegador Chrome é de código-aberto. Ou seja, qualquer empresa pode pegar o código-fonte e usar. Tanto é que atualmente vários navegadores usam o motor de renderização do Chrome (Chromium), como é o caso do Microsoft Edge, do Opera e do próprio Safari, da Apple. Sem falar que em 1998 era muito mais difícil trocar de navegador do que atualmente. Antes a internet era lenta e as pessoas eram mais leigas ainda.
Eu sei que a maioria das pessoas são leigas em tecnologia ainda hoje. E é algo normal elas usarem o navegador padrão de seus dispositivos e não se importarem com isso, desde que funcione. Mas, sejamos sinceros: existe alguma empresa minimamente à altura do Google nesse quesito? Com mais expertisse, com mais know-how, com mais pesquisas, com mais tecnologia? Creio que não.