Em contraste a estratégia da Intel, a AMD nos últimos meses tem segurado as pontas em relação à entrega de seus produtos aos fornecedores, o que, consequentemente, também impacta diretamente a oferta disponível para o consumidor final.
Durante uma call com investidores e analistas, a CEO da AMD, Lisa Su, admitiu que desde o terceiro trimestre do ano passado está em prática uma estratégia deliberada para conter a oferta e manter um determinado nível de preço.
Essa prática será mantida pelo menos no primeiro trimestre de 2023. “Acreditamos que o primeiro trimestre é o ponto mais baixo para o nosso mercado de PCs – para o nosso negócio de PCs, e veremos algum crescimento no segundo trimestre e, em seguida, um segundo semestre sazonalmente mais alto. Em termos de envio insuficiente, quero dizer, acho que estamos – vendemos menos no terceiro trimestre, vendemos menos no quarto trimestre”.
Essa restrição no avanço da oferta acaba dificultando a redução nos preços de componentes entregues pela AMD – processador e placa de vídeo -, principalmente se considerarmos o mercado brasileiro, que, nem sempre, corte de preços no mercado internacional se traduzem em valores realmente interessantes aqui, considerando toda a mecânica que gira em torno da venda de produtos em solo nacional.
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No mercado americano, que baliza as análises, a AMD, mesmo com o cinto apertado em relação à entrega dos produtos aos fornecedores, promoveu cortes de até 20% no preço de CPUs e GPUs. Atitude que também demonstra o esforço da companhia em se manter competitiva, considerando um cenário que se desenha nos bastidores.
Segundo Stacy Rasgon, analista da Bersntein Research, a Intel colocou em curso uma estratégia bem arriscada para tentar coibir o avanço da AMD. Na visão do analista, a estratégia pode ser considerada até mesmo semidestrutiva para a própria Intel, mas também pode causar bastante dano aos planos da AMD.
Recorrendo a seus laços estreitos com os principais players de mercado, negociação de preços agressivas, e ao fato de gerenciar boa parte da produção de seus próprios chips, a Intel vem tentando impedir que a AMD avance numa faixa que interessa muito a gigante de Santa Clara, a fatia de mercado dos produtos voltados aos consumidores finais, como desktops e notebooks.
Enquanto a AMD segura a oferta, a Intel recentemente inundou o mercado com seus produtos, mas agora colhe também o revés atrelado ao próprio mercado em sua totalidade, o declínio do segmento de PCs.
