Delta usa IA para descobrir quanto você pagaria a mais em passagens aéreas

Nova IA da Delta Air Lines promete personalizar preços, mas levanta debates sobre privacidade e valores justos

A Delta Air Lines está expandindo rapidamente o uso de inteligência artificial para determinar exatamente quanto cada passageiro estaria disposto a pagar por um voo. Durante sua última teleconferência de resultados financeiros, a companhia revelou planos para abandonar gradualmente o modelo tradicional de preços fixos, substituindo-o por um sistema que analisa dados individuais dos clientes para maximizar a receita.

Após testes iniciais bem-sucedidos em 2024, a empresa já utiliza a tecnologia para determinar 3% de seus preços e pretende aumentar esse número para impressionantes 20% até o final de 2025. “Teremos um preço disponível naquele voo, naquele horário, para você, o indivíduo”, explicou Glen Hauenstein, presidente da Delta, em uma declaração que expõe claramente a direção que a empresa está tomando.

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O sistema funciona como um “super analista” que opera 24 horas por dia, analisando diversos fatores para determinar, em tempo real, quanto cada cliente específico estaria disposto a pagar por determinada rota e horário. A tecnologia é fornecida pela empresa de viagens Fetcherr, que também mantém parcerias com outras companhias aéreas como Virgin Atlantic, Azul, WestJet e VivaAerobus.

Embora a variação de preços não seja novidade no setor aéreo — as tarifas já mudam conforme antecedência da reserva, site utilizado para compra e até mesmo o navegador web do cliente — a implementação da inteligência artificial promete intensificar essa abordagem de forma sem precedentes, levando a personalização a um novo patamar.

Avião da Delta Air Lines se preparando para decolar no aeroporto
Sistema de IA da Delta promete revolucionar a precificação de passagens aéreas, com algoritmos capazes de definir valores personalizados para cada cliente.

Preocupações com privacidade e ética

A iniciativa da Delta tem gerado debates acalorados sobre privacidade e ética. “Eles estão tentando enxergar dentro da cabeça das pessoas para descobrir quanto estão dispostas a pagar”, criticou Justin Kloczko, da organização Consumer Watchdog, em entrevista à Fortune. “Estão basicamente hackeando nossos cérebros.” Em tom semelhante, o senador do Arizona Ruben Gallego classificou a prática como “precificação predatória” projetada para “espremer cada centavo” dos consumidores.

A Delta já enfrentou críticas anteriormente por práticas de precificação diferenciada. Em maio, a companhia precisou recuar da decisão de cobrar tarifas mais altas para viajantes solitários em comparação com grupos, após intensa repercussão negativa.

Durante a teleconferência de novembro do ano passado, quando o teste da tecnologia estava restrito a apenas 1% dos preços, Hauenstein reconheceu que, apesar dos resultados financeiros animadores para a empresa, a mudança para a precificação determinada por inteligência artificial poderia “ser muito perigosa, se não for controlada e executada corretamente”.

Apesar das controvérsias, a Delta segue confiante na implementação da tecnologia. “Estamos em uma fase intensiva de testes”, afirmou Hauenstein na última teleconferência. “Gostamos do que estamos vendo. Gostamos muito e continuamos a expandir.” A empresa descreve a iniciativa como “uma reengenharia completa de como precificamos e como precificaremos no futuro”, parte de “um processo de múltiplos anos e múltiplas etapas”.

Fonte: The Verge

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Cearense. 37 anos. Apaixonado por tecnologia desde que usou um computador pela primeira vez, em um hoje jurássico Windows 95. Além de tech, também curto filmes, séries e jogos.
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