Lançado em 2007, Crysis se tornou um verdadeiro fenômeno, não apenas por sua jogabilidade e enredo, mas também por sua notória exigência de hardware. Na época, o jogo ficou famoso por ser praticamente impossível de rodar nos PCs comuns, tornando-se até mesmo um meme mundial.
Recentemente, o site PC Gamer publicou uma entrevista reveladora com Cevat Yerli, CEO da Crytek, que discutiu o processo de desenvolvimento de Crysis e como o estúdio, na ânsia de criar algo revolucionário, acabou ultrapassando os limites tecnológicos.
Após o sucesso de Far Cry, a Crytek estava empolgada em entregar um título que fosse ainda mais impressionante visualmente. Para isso, a equipe decidiu desenvolver um novo motor gráfico — o CryEngine 2 — que poderia lidar com uma complexidade visual que o seu antecessor simplesmente não poderia suportar.
Inovação gráfica: shaders e realismo
“O novo motor nos permitiu explorar tecnologias como shaders de neve e shaders congelados. O trabalho com shaders, especialmente em cenas de clima extremo, foi de cair o queixo”, comentou Yerli. Mas o que realmente se destacou foi o realismo aplicado aos movimentos. A Crytek focou não só em capturas de tela impressionantes, mas em como os elementos em movimento deveriam parecer reais. “Trabalhamos o desfoque de movimento, profundidade de campo, animações dinâmicas e reações físicas realistas”, disse Yerli. E não pararam por aí: “Foi quando decidimos incluir vegetação destrutível, algo que até então era considerado um luxo.”
Imersão na selva: estudo de campo no Haiti
Mas a verdadeira obsessão pela perfeição levou a Crytek a um nível inimaginável. Para garantir a qualidade e a fidelidade da selva do jogo, a Crytek enviou uma equipe ao Haiti para estudar as interações da luz nas árvores e o comportamento da vegetação nas diferentes condições climáticas.
“A equipe tirou uma infinidade de fotos e vídeos, estudando a luz, os reflexos nas copas das árvores, os god rays e até o espalhamento subsuperficial da luz nas folhas”, explicou Yerli. Esse processo exigiu uma tecnologia já existente, mas que era extremamente lenta de ser aplicada em larga escala. A Crytek não só superou esse desafio, mas conseguiu integrar essa física luminosa em tempo real.
A busca pela iluminação dinâmica perfeita
A iluminação dinâmica foi outro pilar fundamental de Crysis. “Estávamos simulando árvores de forma física, com elas se dobrando conforme o vento. Tudo deveria ser renderizado em tempo real, inclusive o espalhamento subsuperficial nas folhas”, explicou o CEO. A ambição da Crytek foi tanta que, em tom de brincadeira, eles afirmaram: “Uma única árvore em Crysis tem mais tecnologia do que todo o algoritmo de renderização de Far Cry”. E, de fato, a inovação foi tamanha que Crysis estabeleceu um novo padrão de realismo em jogos.
Detalhes minuciosos: a obsessão pela perfeição
A atenção aos detalhes em Crysis era quase obsessiva. A tecnologia aplicada aos personagens, por exemplo, era revolucionária. Yerli menciona que o jogo contava com um shader de pele tão avançado que os olhos dos personagens refletiam sombras realistas, algo nunca visto antes em um jogo. “Até as sombras dentro dos globos oculares eram mapeadas, com mapas de sombras calculados para o rosto. Quando a luz vinha de um ângulo específico, o nariz projetava uma sombra”, contou o CEO. Esse nível de detalhamento impressionou a indústria, sendo um dos marcos de Crysis.
O impacto no mundo real
A inovação de Crysis foi tão impressionante que chegou a ultrapassar o mundo dos jogos. Cevat Yerli foi convidado para dar uma palestra em uma conferência real de nanotecnologia, onde seu trabalho com o Nanosuit do jogo foi tomado como exemplo de futurismo, algo que ele brincou dizendo ser “totalmente ficção”.
O Futuro de Crysis
Atualmente, os fãs ainda aguardam ansiosos por novidades, pois já foi confirmado que a Crytek está trabalhando em um novo título da franquia. Embora detalhes sejam escassos, o legado de Crysis como um dos jogos mais avançados de sua época é inegável, e com a experiência adquirida ao longo dos anos, a expectativa é de que o próximo título traga ainda mais inovações tecnológicas para o mundo dos games.
Em resumo, Crysis não foi apenas um jogo, mas uma verdadeira demonstração do potencial da tecnologia de jogos no seu auge, desafiando os limites do hardware da época e estabelecendo um novo patamar de realismo visual que influenciou a indústria por muitos anos.
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Fonte: Gamevicio