O combate à pedofilia online no Brasil ganhou um impulso sem precedentes após a publicação do vídeo do influenciador Felca sobre adultização infantil. O Disque 100, canal oficial para receber denúncias de violações de direitos humanos, registrou um salto extraordinário: de uma média de 15 denúncias mensais para impressionantes 50 casos em um único dia de agosto, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Este aumento exponencial evidencia como o tema, tradicionalmente cercado de silêncio, encontrou um canal de expressão após a viralização do conteúdo. A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), destacou a importância dessa mobilização: “Temos uma equipe que trabalha 24 horas por dia para investigar casos de pedofilia”.
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Para que as denúncias sejam efetivas, especialistas recomendam incluir o máximo de informações possíveis. Segundo a delegada Luciana Peixoto, titular da 4ª Delegacia de Repressão à Pedofilia, dados como nome do autor, endereço e descrição detalhada do ocorrido são fundamentais. Em casos de crimes virtuais, a URL completa do site ou perfil suspeito facilita significativamente as investigações.
Um aspecto técnico crucial destacado pelas autoridades é o cuidado com capturas de tela contendo material de abuso infantil. Mesmo com a intenção de denunciar, o armazenamento ou compartilhamento dessas imagens constitui crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A orientação oficial é enviar o material diretamente às autoridades e excluí-lo imediatamente após o envio.
O fenômeno Felca e suas consequências
O vídeo do youtuber acumula números impressionantes: mais de 48 milhões de visualizações em apenas duas semanas. A repercussão transcendeu o ambiente digital e alcançou a esfera política, com a aprovação na Câmara dos Deputados de um projeto de lei que estabelece regras de proteção para menores de idade nas redes sociais. O texto agora segue para nova análise no Senado.
A mobilização provocada pelo conteúdo também gerou reações negativas. Felca passou a receber ameaças de morte, mas manteve sua posição firme sobre o tema: “Estou fazendo algo que é mais importante do que eu. Desculpa aí, não vou conseguir parar”, declarou em entrevista à TV Globo.
As consequências da exposição do tema não se limitaram ao aumento de denúncias. Na última segunda-feira (25), a Polícia Civil de São Paulo anunciou a prisão de Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 21 anos, principal suspeito de ameaçar o youtuber. Segundo as investigações, o homem, preso em Pernambuco, comercializava fotos de crianças vítimas de estupro virtual.
A onda de conscientização gerada pelo caso Felca representa um marco na luta contra crimes digitais envolvendo menores no Brasil. O aumento expressivo nas denúncias demonstra que, quando incentivada e orientada, a população pode ser um agente fundamental no combate à exploração infantil na internet.
Felca ensina como denunciar
Há poucos dias, o influenciador também postou em seu Instagram um vídeo ensinando o passo a passo de como denunciar o crime. Confira:
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