Avanço de censura: Rússia testa desconexão da internet global e intensifica combate às VPNs

A Rússia realizou testes em sua infraestrutura de internet nacional, restringindo o acesso a plataformas estrangeiras e locais em várias regiões do país. De acordo com o portal The Record, moradores dessas áreas não conseguiram acessar aplicativos como YouTube, Google, WhatsApp e Telegram, marcando mais uma etapa na escalada de censura digital do Kremlin.

Nem mesmo o uso de redes privadas virtuais (VPNs), amplamente utilizadas para contornar restrições no país, foi suficiente para driblar os bloqueios impostos durante os testes. Especialistas apontam que essa iniciativa reflete a evolução técnica das autoridades russas no controle do acesso à internet.

“Esse evento é crucial porque demonstra o que é tecnicamente possível – uma experiência de internet extremamente limitada, onde as funcionalidades mais comuns simplesmente não funcionam”, afirmou um especialista do grupo de direitos digitais russo Roskomsvoboda ao TechRadar.

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Já algum tempo circula informações dos esforços da Russia em se “desgarrar” da internet global, adotando um alto nível de censura e restrição. No ano passado a midia local já alertara que o  serviço federal de supervisão de comunicação russo proibiria VPNs em 2024. Cerca de 197 serviços dessa categoria já são bloqueados no país.

Em julho deste ano, o Kremlin anunciou um investimento de mais de US$ 500 milhões (cerca de 60 bilhões de rublos) para modernizar o sistema de bloqueio de internet do país, com foco especial em dificultar o uso de VPNs.

Os testes, conhecidos como experimentos do “Runet” (a infraestrutura de internet soberana da Rússia), foram realizados em regiões habitadas majoritariamente por minorias étnicas, como Chechênia, Daguestão e Inguchétia. Dados do grupo NetBlocks confirmam que a conectividade foi restaurada em Daguestão após 24 horas de bloqueio, descrito como um exercício técnico conduzido pelo regulador de telecomunicações Roskomnadzor.

O impacto na população

A repressão contínua está deixando usuários russos com opções cada vez mais limitadas para acessar informações internacionais. “A censura e a tecnologia de contorno estão em uma corrida armamentista há mais de uma década. Ainda há esperança, mas o cenário está piorando rapidamente”, declarou um especialista da Roskomsvoboda.

Além disso, no último dia 7 de dezembro, o Roskomnadzor anunciou planos para restringir provedores de hospedagem estrangeiros, como Amazon Web Services (AWS), GoDaddy e HostGator, por não atenderem aos requisitos de censura do governo russo.

Um novo marco na censura russa

Esse movimento marca “um novo estágio na censura online da Rússia”, observou um especialista em TI da Roskomsvoboda, que destacou que a escala dos testes atuais supera qualquer tentativa anterior.

O especialista em TI russo Ilya Vaitsman expressou preocupação com o impacto potencial dessa nova onda de restrições. “Estamos vendo um agravamento severo da situação, especialmente porque muitos serviços de VPN dependem de provedores agora sob ameaça direta.”

Com as restrições se ampliando e os esforços para contorná-las sendo continuamente frustrados, o acesso à internet aberta na Rússia parece estar entrando em uma nova e preocupante fase.

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