Recentemente, a Netflix anunciou o fechamento de alguns de seus estúdios de jogos, o que acabou gerando uma demissão de vários funcionários e também preocupações sobre como ficará a divisão de jogos da empresa.
Entre os estúdios fechados estava, inclusiva, o que foi fundado por Chacko Sonny, conhecido por ser ex-produtor executivo do popular Overwatch e que estava se dedicando a jogos triple-A. Mas, ao que tudo indica, tudo fazia parte de um planejamento para trazer mais “modernidade” para a divisão, dando um papel de destaque à Inteligência Artificial. Confira os detalhes.
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Mudança de rumo na divisão de jogos da Netflix
O que motivou essas mudanças na divisão de jogos da Netflix? De acordo com a própria empresa, a resposta está na aposta em IA generativa. A Netflix acredita que essa tecnologia tem o potencial de acelerar o desenvolvimento de jogos, trazendo experiências inovadoras que possam surpreender e cativar os jogadores.
Em comunicado, a empresa afirmou que a IA será usada para “desbloquear experiências de jogo verdadeiramente novas”, um objetivo ambicioso que, no entanto, tem suas implicações.
Se por um lado isso pode deixar alguns mais animados com o que a tecnologia pode trazer de novo nesse segmento, para os funcionários que foram afetados pelas demissões, essa nova estratégia soa mais como um golpe a mais. Isso porque acirra ainda mais as discussões sobre a substituição do talento humano por inteligência artificial, agora também envolvendo a indústria de jogos.
Verdu se mostrou empolgado com a novidade
Mike Verdu, Vice-Presidente de GenAI para Jogos na Netflix, foi um dos que pareceram bastante empolgado com a novidade, como não podia deixar de ser. Em uma publicação no LinkedIn, ele revelou que a atual era de inovação rápida lembra os anos 90, quando jogos revolucionários surgiam com mais frequência, redefinindo o que era possível no setor.
“Acho que não fico tão animado com uma oportunidade nesta indústria desde os anos 90… Voltamos a esses dias de potencial aparentemente ilimitado e de um ritmo acelerado de inovação”, disse Verdu.
Mas, apesar desse otimismo, é importante lembrar que o uso de IA generativa no desenvolvimento de jogos ainda é visto com ceticismo. É evidente o quanto essa tecnologia evoluiu, principalmente no campo de imagens, onde é possível obter resultados que a olho nu não é nem possível identificar se é IA ou não. Mas, para isso, é preciso ter uma pessoa capacitada por trás dessa produção, além da ajuda de outras ferramentas para complementar a arte.
Porém em outros campos o “dedo” da IA ainda fica bastante evidente, como em vídeos, que apresentam feições deformadas, ou com expressões repetitivas, trazendo o conhecido efeito de “vale da estranheza”, o que também acontece com muitas imagens ainda.
A grande dúvida agora é o quanto essa tecnologia está desenvolvida para o setor de jogos, e como ela será usada.
Netflix ressalta que o talento humano ainda será chave
Diante dessas preocupações, Verdu quis deixar claro que o objetivo não é substituir a mão de obra humana, apenas usar a tecnologia como uma ferramenta para evoluir. De acordo com ele, todas as mudanças, como o fechamento dos estúdios, fizeram parte de uma “transição planejada” e que a Netflix ainda continua focada em um modelo centrado no criador.
Ou seja, segundo ele, a IA não substituirá a criatividade humana, mas será uma ferramenta para acelerar processos e ampliar as possibilidades para equipes de desenvolvimento, sejam elas grandes ou pequenas.
“Estou focado em uma visão de IA centrada no criador, uma que coloca o talento criativo no centro, com a IA servindo como catalisadora e aceleradora”, explicou Verdu. A promessa é de que a IA permitirá que grandes equipes avancem mais rapidamente e, ao mesmo tempo, forneça recursos inéditos para equipes menores.
O uso de IA nos jogos vai vingar?
Mesmo diante das as afirmações da Netflix, não dá para evitar as suspeitas e ceticismos. O uso de IA no setor de jogos ainda é um terreno novo e inexplorado. Se acabará sendo bem-sucedido ou não, vai depender de como essa tecnologia será usada sem comprometer a criatividade e a autenticidade que os jogadores tanto valorizam.
O que é certo é que o uso de IA generativa tem um grande potencial. A tecnologia pode ser usada para criar artes conceituais, dublagens, diálogos dentro do jogo e muito mais, o que pode transformar a maneira como os jogos são feitos. Mas isso traz também uma reflexão: até onde a tecnologia deve ir sem substituir o toque humano que faz dos jogos uma arte viva?
Fonte: wccftech
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