Nubank estaria pagando funcionários demitidos para que eles não falem mal da empresa

Nubank estaria pagando funcionários demitidos para que eles não falem mal da empresa

A Nubank foi palco de uma nova onda de demissões, que aconteceu no final da semana passada, na sexta-feira (10). E, para as pessoas que foram demitidas, a empresa ofereceu um contrato de desligamento com uma cláusula para que os ex-funcionários não falem mal da empresa.

A cláusula de não difamação está em um novo contrato enviado para todos os funcionários demitidos, e os que escolherem assiná-la receberão alguns benefícios extras como um salário adicional e até mesmo uma extensão de 3 meses do plano de saúde.

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Cláusula de não difamação da Nubank

Nubank

O Portal do Bitcoin teve acesso ao documento e revelou alguns detalhes do seu conteúdo. Em um parágrafo do texto, eles deixam claro que os ex-funcionários não poderão difamar o Grupo Nu, inclusive em redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e Linkedin. Com isso, os funcionários não poderão de forma alguma expressas qualquer tipo de opinião que acabe prejudicando a “honra, boa fama e reputação” da empresa.

“Difamar significa, sem limitação, fazer comentários ou afirmativas sobre qualquer pessoa ou entidade, inclusive, mas sem limitação, à imprensa, à mídia, em redes sociais diversas […]”

Se algum ex-funcionário assinar o contrato e quebrar essas regras, ele terá que pagar uma multa de 50% do valor total contemplado. Porém a prática não está sendo bem vista por todos. Cíntia Fernandes, uma advogada especializada em direito do trabalho, revela que essa é uma prática de vinculação, e que não é muito utilizada no Brasil.

“A empresa está vinculando as duas coisas. Só quem assina e concorda com a cláusula de não difamação é que vai receber o salário a mais e os meses a mais de plano de saúde. Isso é uma vinculação”

Grandes empresas e suas rodadas de demissões

Hoje em dia infelizmente as demissões estão se tornando praticamente comuns, principalmente nas fintechs e startups, mesmo as mais conhecidas. Porém, geralmente esses desligamentos acontecem de uma vez e em massa.

A Nubank, entretanto, está optando por fazer rodadas pontuais, desligando poucos funcionários em momentos diversos, e isso vem acontecendo desde o final do ano passado. Segundo o Portal do Bitcoin, uma funcionária que foi demitida nesse novo corte da semana passada revelou que houve mais pelo menos 30 desligamentos na empresa.

Só que é comum que pessoas que foram demitidas de uma empresa postem suas experiências com a tal empresa e relatem sobre essa demissão no Linkedin para encontrar novos trabalhos ou até mesmo apenas para demonstrar algum tipo de descontentamento com o vínculo anterior. Hoje já existem alguns relatos de ex-funcionários da Nubank por lá, um do setor de contratações e um da área de design de produto.

A ex-funcionária revelou ainda que a empresa orientava que os funcionários não interagissem com essas postagens.

“Nas demissões anteriores, a orientação da empresa já era de não interagir com o conteúdo postado nas redes sociais para não gerar engajamento. Eu não reagia, por exemplo”

Ela também revelou como o clima dentro da fintech começou a mudar de forma negativa desde outubro de 2022, com uma diversidade de mudanças pequenas, mas que foram afetando os funcionários.

“Foi se criando um clima tenso. Cortavam coisas pequenas do orçamento como voucher do Ifood em ações internas. Cancelaram até mesmo a festa de final de ano da empresa, mesmo com local marcado. A partir de dezembro, os cortes começaram. Aos poucos, mas de maneira recorrente. Quando marcaram a reunião hoje de manhã, eu sabia que tinha chegado a minha vez”

Nessas ondas de demissões o setor que teve um maior número de desligamentos foi o de recrutamento, provando que a empresa parece mesmo não estar planejando novas contratações tão cedo. O primeiro corte no setor foi de 22 pessoas de um grupo de 100.

Inclusive essa mesma ex-funcionária que falou sobre o assunto foi uma das pessoas que recebeu o novo contrato. Segundo ela, a empresa enviou dois documentos. O primeiro era apenas uma sinalização do desligamento com a empresa, e o segundo é o contrato com o pacote de benefícios para quem aceitasse assinar, e que conta com a cláusula de não difamação.

Nota do Grupo Nu

O Grupo Nu enviou uma nota sobre os acontecimentos através da sua assessoria de empresa. Segue na íntegra:

“Os desligamentos ocorridos não se tratam de demissões em massa ou layoffs. O Nubank, como todas as empresas, avalia constantemente sua estrutura e realiza ajustes de acordo com as demandas do negócio, performance, necessidade de equipe, entre outros, inclusive realocando as pessoas impactadas para novas posições abertas na companhia, quando possível. Também reiteramos que a empresa segue contratando, no ritmo adequado para os seus planos de negócios em 2023.”

Fonte: Portal do Bitcoin

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