Devido às sanções dos EUA, importante fabricante chinês de memória demite 10% dos funcionários

Devido às sanções dos EUA, importante fabricante chinês de memória demite 10% dos funcionários

O fabricante líder em fornecimento de chips de memória Flash NAND e DRAM da China, a Yangtze Memory Technologies Corp (YMTC), demitirá cerca de 10% de sua força de trabalho, segundo informações apuradas pelo South China Morning Post. Com o corte, que afeta quase todos os departamentos, cerca de 600 colaboradores serão dispensados.

A ação se junta a uma onda de demissões que permeia as principais empresas relacionadas a tecnologia do mundo. No entanto, no caso da YMTC, o fator principal que levou a companhia a tomar esta medida são as sanções dos EUA, que afetaram diretamente a forma de negociação da empresa chinesa.

O Escritório de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio dos EUA incluiu a YMTC no que ficou conhecido como lista negra comercial. Ação que impacta diretamente nas relações de negócios entre companhias chinesas e americanas. Cerca de 35 entidades chinesas fazem parte dessa blacklist, como a Huawei.

Organizações de outras regiões, como russa Kaspersky, também enfrentam certos tipos de bloqueio nas relações com os EUA. A companhia que fornece soluções de segurança prossegue vendendo seus produtos ao consumidor final, mas não pode negociar o fornecimento de soluções de segurança aos órgãos públicos,

Fundada em Wuhan em 2016, com o apoio do governo chinês, a YMTC era a esperança da China de ser pioneira no mercado global de chips de memória flash NAND. No entanto, uma série de sanções impostas pelos Estados Unidos frearam o avanço da companhia.

No ano passado, a Apple suspendeu seus planos de comprar chips de memória Flash NAND de 128 camadas da YMTC para integrar as unidades do iPhone destinadas ao mercado chinês. Um duro golpe para a companhia, que deixou de ter seus chips em cerca de 40% dos iPhones. A Apple acabou recorrendo aos chips da Samsung.

Em declaração ao EE Times, Keith Krach, ex-subsecretário do Departamento de Comércio sob a administração Trump, e um dos arquitetos da CHIPS and Science Act, lei aprovada no ano passado que garantirá mais de US$ 200 bilhões em investimento para ajudar as empresas a desenvolver a fabricação e pesquisa de chips nos EUA, declarou que a YMTC, assim como outras empresas chinesas, “representam sérias ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos porque estão construindo semicondutores para seus militares”.

Os colaboradores despedidos pela YMTC ainda terão que enfrentar outro problema. Um ex-funcionário da companhia, em declaração na plataforma de mídia social Zhihu, disse que a empresa pediu a ele um reembolso de mais de 400.000 yuans por um apartamento que ele comprou em Wuhan, local em que fica a sede da empresa. O imóvel foi comprado pelo ex-funcionário com desconto, seguindo a política de habitação preferencial da empresa.

No entanto, como seu tempo na corporação foi inferior a 5 anos, a empresa teria dito que ele é obrigado a pagar a diferença de preço. Segundo o relato da mídia local, funcionários que estão na YMTC há menos de 5 anos foram solicitados a devolver valores que variam de 300.000 a 1 milhão de yuans.

Os descontos para a compra de moradia em Wuhan estavam sendo fornecidos pela empresa antes dela enfrentar os efeitos das sanções Os desconto na aquisição em um conjunto residencial específico na cidade chegavam a 40% do valor de mercado.

Especialistas afirmam que  YMTC não irá à falência imediatamente, mas sua capacidade para desenvolvimento de tecnologia e produção em massa será prejudicada, pois o livre acesso a equipamentos e serviços de semicondutores nos Estados Unidos está comprometido.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
Leia mais
Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X