OrganEx: nova tecnologia revive órgãos de porcos uma hora após a morte

OrganEx: nova tecnologia revive órgãos de porcos uma hora após a morte

Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, usaram uma nova tecnologia chamada OrganEx que restaura células em órgãos de porcos mortos há uma hora.

Nesta quarta-feira (4), a descoberta foi publicada em um estudo na revista cientifica Nature, informando que a tecnologia OrganEx consegue restaurar a circulação e atividade das células em órgãos vitais de porcos, como o coração e o cérebro.

Desse modo, o estudo, bem como sua aplicação prática, questiona a ideia de que a morte cardíaca (quando a oxigenação e circulação sanguínea param) é irrevisível. O grupo de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale utilizou uma máquina controlada por computadores para simular o funcionamento cardíaco e pulmonar.

OrganEx
Funcionamento da tecnologia do OrganEx.

O OrganEx é essa máquina, que serve para bombear o prime para a perfusão, que consiste em uma mistura de hemoglobina sintética, antibióticos e moléculas para proteger as células e prevenir coágulos sanguíneos.

A perfusão é a técnica usada em cirurgias cardíacas que consiste em manter um suporte artificial de vida através de uma máquina, substituindo temporariamente as funções cardíacas, pulmonares e renais, oxigenando o sangue e bombeando-o através do sistema circulatório.

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Portanto, o OrganEx serviu para bombear a mistura utilizada na perfusão no corpo dos porcos uma hora após a morte dos animais, com sensores monitorando a circulação e aferindo a pressão arterial dos porcos em tempo real.

Perfusão do OrganEx no sistema cardiovascular dos porcos.

Assim, eles testaram a eficácia da nova tecnologia ao comparar os porcos tratados pelo OrganEx com outros porcos tratados com máquinas mais comuns em hospitais que possuem a mesma finalidade de restaurar a circulação de maneira artificial.

Esse processo chama-se Oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) e é usado em pacientes com graves problemas cardíacos e pulmonares. Diferentemente das máquinas disponíveis atualmente para o tratamento ECMO, o OrganEx obteve menores sinais de hemorragia, danos celulares, ou dilatação dos tecidos.

Tecnologia do OrganEx pode evitar a morte de células

De acordo com os pesquisadores responsáveis pela tecnologia do OrganEx, tal dado constata que o sistema pode reconstruir algumas funções em células de vários órgãos vitais. Por exemplo, durante o processo, os pesquisadores observaram uma maior contração entre as células cardíacas dos porcos que passaram pelo tratamento do OrganEx, o que não ocorreu em amostras dos animais que usaram máquinas ECMO convencionais.

A resposta para essa alteração é que a tecnologia do OrganEx evita que o fluido usado na perfusão coagule, evitando a redução do fluxo sanguíneo. Quando o fluxo sanguíneo diminui, como em um AVC ou em um ataque cardíaco, as células morrem pela falta de oxigênio e nutrientes que o sangue possui, resultando na morte do órgão e dos tecidos.

OrganEx
Análise de tecidos das células.

Portanto, a tecnologia da máquina OrganEx é bastante importante, pois comprova que a morte das células não é tão rápida quanto costuma-se pensar. Segundo um dos pesquisadores da Universidade de Yale, “isso garante a possibilidade de intervenções para, efetivamente, evitar a morte celular”.

No entanto, em contrapartida, a novidade da tecnologia do OrganEx já começou a gerar polêmicas em relação à ética medicinal. De acordo com o médio  Bredan Parent, a tecnologia pode gerar questões éticas, além de trazer uma reviravolta na medicina.

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A questão principal para o médico é a alteração na confirmação da morte por parte dos profissionais da medicina, sobretudo em casos de paradas cardiorrespiratórias.

“Se decidirmos que alguém está morto porque seu coração parou de bater, mas usarmos uma tecnologia para reiniciar o coração – mesmo que para a preservação do órgão -, isso não destrói a confirmação de morte do paciente?”, indagou Brendan Parent.

Entretanto, o lado positivo da OrganEx pode ultrapassar os questionamentos éticos, pois a durabilidade do órgão através da nova tecnologia pode permitir melhores transplantes.

Por fim, uma coisa é certa, a tecnologia da OrganEx transformará o entendimento humano sobre vida e morte.

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