Crianças que jogam mais de 1 hora por dia têm QI mais alto, diz estudo

Crianças que jogam mais de 1 hora por dia têm QI mais alto, diz estudo

A grande quantidade de tempo que os jovens (crianças e adolescentes) costumam dedicar aos jogos de videogame geralmente preocupa os pais. Mas um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Amsterdam, na Holanda, descobriu um efeito positivo das longas horas de jogatina das crianças.

O estudo, cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports, concluiu que as crianças que jogaram pelo menos 1 hora por dia durante dois anos tiveram um aumento de inteligência. Sim, isso mesmo! Eles ficaram mais inteligentes. Em média, os cientistas mediram um aumento de 2,5 pontos de QI em relação às crianças que não jogaram videogame com frequência.

Em contrapartida, atividades como assistir televisão, assistir a vídeos online (YouTube e Netflix) e utilizar redes sociais não aumentaram os índices de inteligência, segundo os cientistas.

O grupo de pesquisadores realizou os testes em 5.374 crianças. O teste foi feito em duas etapas. Na primeira etapa as crianças tinham idades entre 9 e 10 anos. A segunda etapa foi feita 2 anos depois, quando as mesmas crianças tinham entre 11 e 12 anos de idade. Os cientistas criaram então uma série de parâmetros e habilidades para medir a inteligência das crianças. Dentre as atividades podemos destacar compreensão de leitura e vocabulário, memória e autocontrole, processamento viso-espacial, atenção, dentre outras.

Para ter um controle sobre quanto tempo cada criança dedicava a cada atividade, elas tinham que responder a um questionário. Nele elas deviam informar quanto tempo haviam gasto (em média) com as seguintes atividades: assistindo séries ou filmes; assistindo vídeos online em plataformas como YouTube; jogando videogames; enviando mensagens; usando redes sociais e realizando videoconferências.

Além disso, para tornar os resultados das pesquisas mais assertivos, os pesquisadores também se valeram de informações biológicas, psicológicas e de contexto social disponíveis em um amplo banco de dados dos Estados Unidos. Com isso eles conseguiram monitorar também diferenças genéticas que poderiam alterar o índice de inteligência. Foi monitorado também o nível de escolaridade e renda dos pais, já que esses fatores também podem influenciar no QI das crianças e adolescentes.

Um dos autores do estudo, Torkel Klingberg, que trabalha como professor de Neurociência no Instituto Karolinska, comentou sobre os resultados: “Nossos resultados apoiam a afirmação de que o tempo de tela geralmente não prejudica as habilidades cognitivas das crianças, e que jogar videogame, pelo contrário, pode contribuir para uma maior inteligência”.

Outros estudos também apontam benefícios dos jogos de videogame

Este não é o primeiro estudo a ligar jogos de videogame com benefícios cerebrais. Pesquisadores da Universidade Aberta da Catalunha (UOC) analisaram as habilidades cognitivas de 27 pessoas com idade entre 18 e 40 anos. Algumas haviam jogado videogame durante a infância e outras não tiveram contato.

Um dos responsáveis pelo estudo comentou as descobertas: “Pessoas que eram jogadores ávidos antes da adolescência, apesar de não jogarem mais, tiveram melhor desempenho nas tarefas de memória de trabalho, que requerem retenção e manipulação mental de informações para obter um resultado”. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Frontiers in Human Neuroscience.

O motivo para as pessoas que jogaram na infância terem uma melhor memória de trabalho foi explicado por outro estudo. Desta vez, realizado por pesquisadores japoneses e indonésios e publicado na revista Brain Sciences. Eles observaram que depois de uma sessão mínima de 16 horas de jogo, houve aumento de massa cinzenta no hipocampo e no cerebelo. Essa mudança está justamente associada a um melhor desempenho da memória de trabalho.

Mas nem tudo são flores

Os resultados desse estudo, embora animadores, devem ser vistos com cautela. Klingberg também fez outro comentário sobre os resultados: “Não investigamos os efeitos dos hábitos de tela na atividade física, sono, bem-estar ou desempenho escolar e, portanto, não podemos dizer nada sobre isso”.

Ou seja, existem uma série de outros aspectos que não foram estudados e que podem ser prejudicados por conta do longo tempo de jogatina. Para você ter uma ideia, em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o “distúrbio de games” na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

Segundo a OMS, o distúrbio de games envolve perda de controle sobre o tempo de jogo, inversão de prioridade dos jogos em relação a outras atividades importantes e também a decisão de continuar a jogar mesmo sabendo das consequências negativas.

Os especialistas afirmam que, apesar dos jogos eletrônicos trazerem alguns benefícios que estão sendo descobertos agora, eles também causam danos à socialização, à saúde dos olhos e ao desenvolvimento da criança de uma forma geral.

Sobre o Autor

Cearense. 34 anos. Apaixonado por tecnologia e cultura. Trabalho como redator tech desde 2011. Já passei pelos maiores sites do país, como TechTudo e TudoCelular. E hoje cubro este fantástico mundo da tecnologia aqui para o HARDWARE.
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