Nessa segunda-feira (14), o governo da Rússia bloqueou o acesso ao Instagram no país, mas o resultado disso foi a crescente demanda dos russos por VPNs para acessar a rede.
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Além do Instagram, o Facebook havia sido banido anteriormente na Rússia. O ban foi devido ao Meta permitir que ucranianos postassem discursos de ódio contra o presidente da Rússia e o presidente da Bielorrússia.
A resposta do governo Putin foi o bloqueio do Instagram no país. Isso fez com que o Meta voltasse atrás e restringisse as postagens dos ucranianos envolvendo “russofobia”.
Portanto, nesta semana em que os russos ficaram impedidos de usar o Instagram, o uso de VPNs (Rede Virtual Privada) aumentou extremamente.
Crescimento de VPNs na Rússia após ban do Instagram
De acordo com a firma de análise de dados sobre VPNs, a Top10VPN, na véspera do ban do Instagram na Rússia, a demanda dos russos por VPNs cresceu em 2.088% em relação à média diária de fevereiro.
No dia da proibição, essa demanda cresceu em 2.692%. Ontem (15), a demanda dos russos por VPNs, já após o ban do Instagram, caiu para 1.556%.
Uma VPN cria uma conexão criptografada entre um dispositivo e um servidor remoto, que pode estar em qualquer lugar do mundo. Portanto, em tese, é possível acessar a sites bloqueados em determinado país através do uso de VPNs.
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Os russos estão utilizando VPNs mesmo antes da proibição do Instagram no país. Na última semana de fevereiro, por exemplo, os usuários russos baixaram os cinco principais VPNs nas lojas de aplicativos da Apple e do Google.
O número é impressionante: 2,7 milhões de downloads, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado SensorTower.
No entanto, no início deste mês, esse número cresceu 1.000%. Segundo a CNN Business, desde o dia 1 de março, o uso de VPNs aumentou e o tráfego de redes sociais, como o Instagram, Twitter e Facebook aumentou consideravelmente.
Russos já usavam VPNs antes da proibição do Instagram no país
De acordo com a advogada Natalia Krapiva, do grupo pelos direitos digitais Acess Now, os russos já usam ferramentas como VPNs há alguns anos.
Isso porque, segundo Krapiva, o governo da Rússia começou a restringir a liberdade no uso da internet há mais de uma década.
Além disso, no passado, a Rússia já tentou bloquear VPNs, mas não teve êxito pela natureza quimera das empresas de VPN: corte uma cabeça e duas nascem no lugar.
Segundo a advogada, a Rússia “está brincando de gato e rato” na busca por censurar a internet.
Guerra contra a informação
No entanto, embora o governo russo não consiga exterminar essas tecnologias resistentes a censuras, apoiadores de Putin podem “arrastá-las para a guerra da Rússia contra a informação e impedir a adoção de VPNs”.
Naturalmente, a guerra da Rússia contra a informação é a manipulação de notícias sobre a invasão à Ucrânia, amplamente disponível em redes sociais como o Instagram, o Facebook, o Twitter e apps de mensagem, como o WhatsApp e o Signal.
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Aliás, sobre o Signal, em 28 de fevereiro, surgiram rumores de ataques hackers à plataforma, os quais a empresa negou e sugeriu que os rumores estavam sendo espalhados como “parte de uma campanha coordenada de desinformação de modo a encorajar pessoas a usar alternativas menos seguras”.
Obviamente, o Signal não citou a Rússia. Entretanto, a afirmação atesta como a guerra de informação se tornou uma caça aos aplicativos utilizados pelas pessoas, em vez de uma caça às notícias.
Rússia pode dominar a informação no país se as tecnologias não forem adotadas
Portanto, Natalia Krapiva alerta que, caso apenas uma minoria dos russos passem a usar VPNs para acessar o Instagram ou informações externas, o governo pode dominar a informação internamente.
Embora haja um crescimento enorme entre os russos por VPNs, o número de pessoas corresponde a milhares e não milhões.
A população total da Rússia é de 144 milhões de habitantes.
“A preocupação aqui, certamente, é o fato de que a maioria das pessoas, a população geral, possivelmente, não conheçam essas ferramentas”, diz Krapiva.
“[As ferramentas] podem ser complexa caso sua alfabetização digital seja baixa, portanto, será um desafio fazer com que uma parcela maior da população adote, de fato, essas ferramentas. Contudo, eu acredito que haverá mais instrução e eu tenho esperança de que os russos irão persistir”.
A transformação social virá com censura digital
Além de Krapiva, outros especialistas em direito digital afirmam ser importante que o uso das VPNs também seja aplicado em atividades online inofensivas e não somente subversivas, como o uso do Instagram pelos russos.
Tarefas como checar o email, utilizar serviços de streaming ou conversar com amigos, dificultam a identificação dos governos para restringir o acesso ou a liberdade de expressão.
“Quanto mais os usuários regulares usem VPNs, ou outras tecnologias, para tarefas cotidianas, melhor é”, afirmou John Scott-Railton, pesquisador de segurança e desinformação do Citizen Lab da Universidade de Toronto.
Além disso, quanto mais restrições o governo impuser aos russos, mais incentivo a população terá em usar VPNs.
Por fim, vale ressaltar que o país que mais gastou em censura na Internet foi a Rússia. O bloqueio do Instagram, Twitter e Facebook após a invasão à Ucrânia, bem como outras formas de censura, custou ao Kremlin US$ 860,7 milhões.
O gasto com censura afetou 113 milhões de russos, correspondendo a 89% da população do país.
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