Facebook encerra ferramenta de reconhecimento facial, removendo dados de mais de um bilhão de pessoas

Facebook encerra ferramenta de reconhecimento facial, removendo dados de mais de um bilhão de pessoas

O Meta, nova empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, deixará de usar a ferramenta de reconhecimento facial para as fotos e vídeos compartilhadas na principal rede da empresa.

Ontem (3), o Facebook afirmou que removerá o sistema de reconhecimento facial citando motivos de privacidade do usuário. Com isso, mais de um bilhão de modelos de reconhecimento faciais, coletados no decorrer dos últimos anos, serão deletados.

“Esta decisão representará uma das maiores mudanças na história do uso da tecnologia de reconhecimento facial”, afirmou o comunicado do Meta. A nota salienta que mais de um terço dos usuários do Facebook ativos diariamente utilizam a ferramenta de reconhecimento facial.

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Portanto, de acordo com o Facebook, isso irá resultar na remoção de “mais de um bilhão de modelos de reconhecimento facial.” No entanto, essa decisão não significa que o Facebook está renunciando completamente a tecnologia.

O Facebook utiliza o reconhecimento facial desde 2010 para, conforme a empresa, encorajar seus usuários a marcar amigos e familiares em fotos e vídeos, bem como alertar determinadas pessoas se outro usuário postou uma foto com a sua imagem. Eventualmente, a empresa implementou algumas restrições.

 

Em 2017, o Facebook permitiu que os usuários optassem por não utilizar o reconhecimento facial. Após essa alteração, em 2019, o Facebook deixou o recurso desativado de maneira padrão.

De acordo com Jerôme Presenti, vice-presidente da divisão de inteligência artificial do Facebook/Meta, a empresa ainda enxerga a tecnologia reconhecimento facial  como uma ferramenta poderosa.

“Nós acreditamos que o reconhecimento facial possa ser útil a produtos que demandam controle de privacidade e transparência para você poder, portanto, se e como a sua face é utilizada. Continuaremos a trabalhar nessas tecnologias e consultar especialistas externos”, pontou o executivo.

Facebook destaca os pontos positivos da tecnologia

De acordo com o comunicado oficial no site do Meta, a empresa quer ponderar os benefícios da tecnologia com as crescentes preocupações acerca da mesma.

“Apesar dos muitos exemplos específicos em que o reconhecimento fácil pode ser útil, é necessário avaliar a sua importância com as crescentes preocupações acerca do uso da tecnologia como um todo”, afirmou Presenti.

O VP de inteligência artificial do Facebook/Meta comentou sobre tais preocupações envolvendo a posição da tecnologia de reconhecimento facial na sociedade. Presenti cita o fato de que os governos ainda estão no processo de elaboração de um conjunto de normas para regulamentar o uso da tecnologia.

Portanto, segundo o Facebook, “em meio a esse processo incerto, nós [Facebook/Meta] acreditamos que a decisão mais apropriada é limitar o uso do reconhecimento facial para casos mais restritos”.

Esses casos restritos, de acordo com Presenti, inclui serviços que ajudam as pessoas a obter acesso a uma conta trancada; verificar suas identidades em produtos financeiros, ou desbloquear um dispositivo pessoal.

“Essas são as circunstâncias em que o reconhecimento facial é extremamente importante às pessoas, bem como aceito amplamente pela sociedade, mas, certamente, quando implantado com cautela”, destacou o Facebook.

A empresa afirma que continuará a trabalhar com a ferramenta nos casos supracitados. Além disso, o Facebook promete manter (?) a transparência e garantir que as pessoas tenham controle sobre tal recurso.

Metaverso é o principal motivo para o fim do reconhecimento facial 

Somente os mais ingênuos acreditariam que a remoção do reconhecimento facial do Facebook não teria um motivo maior por trás.

A decisão de encerrar a ferramenta ocorre após anos de investigações por parte de governos e de ativistas, que afirmam que o Facebook negligencia os dados dos seus usuários.

Leia mais: ‘Meta’ é uma tentativa de desviar o foco das polêmicas do Facebook, segundo a imprensa americana

Contudo, após o rebranding do Facebook para Meta, a intenção é criar uma nova plataforma de tecnologia, batizada de metaverso. No metaverso as pessoas poderão interagir entre si através de avatares em espaços online.

O metaverso. Créditos: Meta

Para obter sucesso, o Meta precisará da aceitação do governo, da indústria e dos potenciais usuários. Portanto, abandonar a ferramenta de reconhecimento facial do Facebook é um passo para convencer os críticos sobre a nova postura da empresa em relação à privacidade de seus usuários.

Desde os primórdios, o uso do reconhecimento facial é alvo de polêmicas

O uso de reconhecimento facial baseado em inteligência artificial é um assunto polêmico desde o início.

Com o avanço da tecnologia de reconhecimento facial, as polêmicas aumentaram, sobretudo acerca do seu uso em questões sociais. A maioria dos algoritmos de reconhecimento facial, inicialmente, foram treinados em rostos de homens brancos.

Portanto, tais ferramentas possuem uma taxa de erro muito maior em outros gêneros e etnias. Isso já causou prisões equivocadas de pessoas nos Estados Unidos.

Mark Zuckerberg antes de depor ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, nos Estados Unidos. Créditos: Chip Somodevilla

Em 2020, o Facebook foi obrigado judicialmente a pagar US$ 650 milhões após ser acusado de coletar ilegalmente dados biométricos dos seus usuários sem o consentimento dos mesmos.

Além do Facebook, as gigantes Google, Microsoft e Amazon também foram processadas devido ao uso de seu software de reconhecimento facial.

A Amazon, que vende as câmeras de segurança Ring e outros dispositivos de vigilância doméstica, suspendeu o uso de sua unidade de computação de nuvem para reconhecimento facial para propósitos de segurança pública após alegações de que o sistema tinha dificuldades para identificar latinos, afro-americanos, asiáticos e de outras etnias.

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