Android, iOS, revolução e Microsoft

Android, iOS, revolução e Microsoft

Muito se fala sobre a similaridade entre a posição atual do Android nos smartphones e tablets e do Windows nos anos 90. Dentro da analogia, o Google seria a Microsoft dos dispositivos móveis, prestes a obter um quase monopólio sobre os sistemas operacionais móveis, com a Apple mantendo sua histórica posição, com uma legião de usuários fiéis e boas margens de lucro, mas uma percentagem relativamente pequena do mercado total.

Entretanto, ao examinar mais demoradamente os fatos, esta analogia não parece muito correta, com exceção é claro da Apple. Diferente do Windows, que nos anos 90 (e mesmo hoje em dia) é um sistema operacional “forte”, reconhecido pelos usuários e usado sem modificações em equipamentos de diferentes fabricantes, o Android é um sistema operacional “fraco”, que é personalizado e modificado por cada um dos grandes fabricantes e (fora do ramo entusiasta/técnico) não é tão reconhecido pelos usuários.

Explicando em outras palavras, quando um usuário do Windows senta na frente de um PC qualquer, ele relaciona sua experiência de uso com o fato de estar usando o Windows e endereça as frustrações diretamente à Microsoft. O fato de o Windows estar rodando sobre um PC da Dell ou da HP é um mero detalhe. No caso do Android por outro lado, a maioria dos usuários relaciona a experiência de uso mais diretamente com o fabricante, seja ele a Samsung, HTC ou qualquer outra, e o foto de o aparelho estar rodando o Android é que se torna o detalhe.

Outro detalhe importante é que no mundo Windows quase todas as atualizações são disponibilizadas diretamente pela Microsoft, enquanto no Android cada fabricante fica responsável por atualizar seus próprios aparelhos. Da mesma forma, o suporte técnico fica sob responsabilidade de cada fabricante, e não por conta do Google.

Por um lado isso é bom para os fabricantes, que conservam uma certa autonomia e preservam sua base de usuários, mas por outro pode levar a conflitos a longo prazo, conforme os interesses dos fabricantes começarem a conflitar com os do Google. Por outro lado, é exatamente esta combinação de fatores que está levando o Android a se tornar um sistema realmente revolucionário, no sentido de tornar a tecnologia acessível para um número muito grande de pessoas, das famílias mais abastadas dos EUA e Europa às vilas pobres da China, Índia e de países da África, como no caso do IDEOS, que está fazendo sucesso no Quênia, do Aakash, que chegará a estudantes indianos por apenas US$ 35 e dos tablets chineses, que vendem aos milhões e já estão chegando na casa dos US$ 50.

Alguns destes dispositivos usam versões licenciadas do Android, com os aplicativos do Google e o Market, enquanto outros rodam a versão livre, mas em ambos os casos os mesmos recursos básicos estão disponíveis. Em resumo, o que a Nokia fez nos anos 90, popularizando os celulares e os levando até os cantos mais remotos do planeta, o Android está fazendo pelos smartphones, colocando cada vez mais pessoas na era digital.

Por mais que se possa discutir sobre os méritos técnicos do Android em relação ao iOS, a verdade é que os produtos da Apple têm pouca influência fora dos países ricos. Eles ditam tendências é verdade, mas não são eles que acabam sendo usados pela grande maioria da população. 

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