A ARM, empresa que desenvolve arquiteturas e designs para processadores, anunciou na última quarta-feira (7) que, a partir de 2022, não irá mais projetar núcleos Cortex com suporte a instruções de 32 bits. A mudança, no entanto, só vale para os núcleos mais avançados e potentes.
Essa decisão vai afetar várias empresas grandes, tais como MediaTek, Qualcomm e também Samsung. Todas utilizam a micro-arquitetura big.LITTLE em seus chips que, por sua vez, é desenvolvida pela ARM. A mudança deve aumentar o desempenho médio dos celulares em até 30%, segundo a empresa.
Foi a ARM que teve a ideia de usar núcleos de processamento potentes junto com núcleos de menor poder de fogo. Assim, caso o usuário precise realizar alguma atividade pesada, os núcleos de maior poder (como o Cortex-A57) dariam conta do recado. Só que eles consomem muita energia, o que acaba com a bateria. Para contornar esse problema, enquanto o smartphone está realizando apenas tarefas simples, os núcleos mais potentes ficam desligados e somente os de menor potência (Cortex-A55) trabalham, já que eles consomem menos energia.
Então, em 2022, os núcleos do calibre do Cortex-A57 não iriam mais entender instruções de 32 bits. Apenas os núcleos menos potentes, como o Cortex-A55. No gráfico abaixo você pode ver o ganho de performance e desempenho dos novos chips apenas com o suporte as instruções de 64 bits:
Portanto, a ARM está avisando com 2 anos de antecedência para que os desenvolvedores possam adaptar os seus aplicativos para 64 bits. Como um chip de 64 bits consegue encontrar, mover e processar volumes muito maiores de dados, os benefícios em termos de velocidade são inúmeros, dentre eles:
- Gráficos de jogos mais fluidos;
- Segurança mais aprimorada;
- Tempos de carregamentos menores.
Essa mudança e ganho de velocidade é fundamental para que aplicações em inteligência artificial, telas de alta resolução e jogos extremamente imersivos sejam possíveis no futuro.
Outras empresas já seguiram esse caminho
A ARM não é a primeira empresa a abandonar os chips de 32 bits. O Google já vem se movimentando para diminuir o uso de apps em 32 bits há, pelo menos, 6 anos! Em 2014, com o lançamento do Android 5.0 Lollipop, os celulares Android passaram a suportar aplicativos em 64 bits.
Alguns anos depois, em 2019, uma das regras para enviar um aplicativo para a Google Play Store, é que ele tenha uma versão em 64 bits. Até o momento, os desenvolvedores podem mandar versões de 32 bits também, desde que o aplicativo também tenha uma versão em 64 bits.
A Apple, por sua vez, já abandonou o suporte a apps em 32 bits faz tempo! Em 2015 ela começou a exigir que os desenvolvedores enviassem apenas apps que rodassem em 64 bits. E, com o lançamento do iOS 11, em 2017, a Apple removeu por completo o suporte a aplicativos de 32 bits.
Para a Apple, essa transição foi mais fácil, já que é ela mesma que produz os seus processadores, desde a arquitetura até o processo de fabricação em si. Mas agora a tendência é que todas as outras fabricantes do mercado migrem gradualmente para os aplicativos de 64 bits.
Fontes: Android Authority via ARM