Conectores

Em um mundo ideal, todos os conectores, baterias, fontes e outros componentes, seriam padronizados, e você poderia usar os acessórios de um aparelho em qualquer outro. Naturalmente, tal utopia não existe, o que nos leva à questão dos conectores.

Tradicionalmente, os celulares e smartphones possuem conectores separados para o carregador, para a porta USB e para os fones. O conector do carregador é o primeiro ponto de discórdia, já que cada fabricante inventa seu próprio conector, com o objetivo deliberado de dificultar o uso de carregadores de outros fabricantes e, assim, minimizar os casos de aparelhos danificados pelo uso de fontes com tensões diferentes.

Hoje em dia este não é mais um grande problema, dada a enorme variedade de adaptadores e fontes alternativas, mas é importante verificar as tensões usadas para evitar acidentes. A maioria dos carregadores utilizam tensão de 5V (o que facilita as coisas, já que esta é a mesma tensão usada pelas portas USB), mas existem casos de carregadores que utilizam 6V ou mesmo 6.2V, como é o caso de muitos modelos da Motorola.

Não existe problema em usar uma fonte com tensão mais baixa (5V em um aparelho que utiliza originalmente uma fonte de 6V, por exemplo), ele vai apenas demorar mais para carregar. Por outro lado, o inverso é bastante perigoso.

No caso dos fones, existe a polêmica em torno dos conectores de 2.5 mm e de 3.5 mm, mas, novamente, este não é mais um grande problema hoje em dia. Os fones estéreo de 2.5 mm já são relativamente fáceis de encontrar e você pode também usar um adaptador para usar o fone de 3.5 mm que já tem.

Os conectores de 2.5 mm usados nos fones originais possuem sempre 4 pinos, diferente dos adaptadores, que possuem apenas 3. Isso acontece por que os headsets incluem também o microfone e os circuitos com o botão de atender a chamada. Quando você pressiona o botão, é fechado um circuito entre os pinos 2 e 4, o que é interpretado pelo sistema como o sinal para atender a ligação.

Na maioria dos fones de 2.5 mm, incluindo os usados pela Nokia, Sony Ericsson, Palm e outros, a pinagem do conector é:

Pino 1: Fone esquerdo
Pino 2: Fone direito
Pino 3: Microfone
Pino 4: Neutro

Nos adaptadores de 3.5 mm para 2.5 mm, o pino 3 ocupa o espaço dos pinos 3 e 4 dos fones originais, eliminando o sinal do microfone (que, de qualquer forma, você não precisa para ouvir música). No caso deles, você precisa usar os botões no smartphone para atender as ligações e falar usando o microfone do próprio aparelho. A pinagem é:

Pino 1: Fone esquerdo
Pino 2: Fone direito
Pino 3: Neutro

Com isso, os adaptadores funcionam na maioria dos aparelhos. Ainda existem casos de incompatibilidades devido a pequenas diferenças nas medidas ou pela entrada do conector não permitir que o plug entre até o final, mas elas são raras.

As vozes de discórdia nesse caso são a Motorola e a LG, que usam uma pinagem diferente para o conector de 2.5 mm:

Pino 1: Microfone
Pino 2: Fone direito
Pino 3: Fone esquerdo
Pino 4: Neutro

Como pode ver, os pinos do microfone e do fone esquerdo são trocados, o que faz com que, ao usar um fone da Motorola/LG em um aparelho de outro fabricante (ou vice-versa) ele vire um fone mono, com som saindo apenas no fone direito. O mesmo acontece ao tentar usar um fone de 3.5 mm com um adaptador de 2.5 mm genérico. Nestes casos, você precisa procurar um adaptador específico para aparelhos da Motorola ou da LG.

Continuando, temos o caso da HTC, que utiliza um conector USB proprietário na maioria dos seus aparelhos (o extUSB) que combina as funções de fonte de alimentação, porta de dados e conector para os fones de ouvido:

O encaixe do extUSB é idêntico ao do mini-USB, o que permite que você utilize cabos e carregadores convencionais. A grande diferença é que no extUSB o conector possui contatos dos dois lados (5 de um lado e 6 do outro) em um total de 11. Os contatos adicionais permitem que ele acomode os 4 contatos usados pelo conector de áudio e ainda fique com 2 contatos vagos para expansões futuras.

Por um lado, isso facilita bastante, pois você pode carregar o aparelho em qualquer PC ou notebook, levando apenas um cabo mini-USB. O próprio carregador do TyTN II pode ser usado para carregar mp3players e outros dispositivos, o que reduz o volume de bugigangas que você precisa levar. A idéia de usar o conector USB para o carregamento é uma melhoria tão óbvia que até mesmo a Nokia deu o braço a torcer e adotou a idéia no N85.

Por outro lado, a idéia também tem seus inconvenientes. O primeiro deles é que você não pode usar o carregador AC enquanto está usando o cabo de dados para sincronismo e transferência de arquivos. Nas configurações de energia, você encontra uma opção para ativar o carregamento através da porta USB mesmo quando o smartphone está ligado ao PC em modo de transferência, mas o carregamento é muito mais lento.

Outro inconveniente é que, o fato do conector ser usado também pelo fone de ouvido, impede que você use o carregador enquanto está ouvindo música (a menos que resolva comprar um fone Bluetooth). Você vai precisar, também, de um adaptador mini-USB > 3.5 mm se quiser trocar o fone que acompanha o aparelho por um convencional:

Este adaptador é relativamente raro no Brasil, mas pode ser encontrado em lojas como a http://www.htcdepot.com ou no Ebay (pesquise por “htc adaptor”). Ele custa de 7 a 9 dólares.

Apesar de sua popularidade, o conector mini-USB está em processo de ser substituído pelo micro-USB, um padrão que foi ratificado em 2007 pelo USB-IF (a organização responsável pela padronização do barramento USB e dos conectores) e já é utilizado nos novos modelos da Nokia e de alguns outros fabricantes. O micro-USB mantém a mesma pinagem do mini-USB, mas utiliza um conector muito mais fino (com cerca da metade da espessura do mini-USB) e com um encaixe mais firme. Temos aqui um comparativo entre os dois conectores e o encaixe micro-USB em um Nokia E71:

Veja que a menor espessura do micro-USB permitiu que a Nokia encaixasse o conector entre os detalhes metálicos da tela e da tampa, o que não seria possível se fosse adotado um conector micro-USB.

Assim como em qualquer mudança, a adoção do micro-USB é inconveniente em um primeiro momento, já que inutiliza todos os cabos e acessórios acumulados ao longo de vários anos, mas, a longo prazo, ela acabará sendo positiva, pois facilitará o desenvolvimento de aparelhos mais compactos.

Como a pinagem é a mesma (apesar da diferença no conector), não é difícil produzir adaptadores para que os cabos e acessórios antigos possam ser usados nos novos aparelhos. Conforme o micro-USB se popularizar, estes adaptadores devem também se tornar comuns, como no caso deste modelo produzido pela Motorola:

Concluindo, temos também o conector USB proprietário adotado pela LG. Ele tem um formato similar ao do micro-USB, mas é quase 50% maior:


Conector da LG (à esquerda) e o micro-USB

Assim como no caso da HTC, este conector concentra os pinos da porta USB, do carregador e dos fones de ouvido (o que também cria o problema de só poder usar um de cada vez), mas, por utilizar um formato próprio, ele não é compatível com cabos USB convencionais, o que elimina todas as potenciais vantagens, preservando apenas os inconvenientes.

Eventualmente, a LG deve abandonar este conector antiquado e adotar o uso do micro-USB, mas a transição não será indolor, já que vai inutilizar todos os acessórios que usam o conector atual. Por enquanto, o conector proprietário serve apenas como uma desvantagem competitiva para os aparelhos da LG, assim como o uso do Memory Stick nos aparelhos da Sony.

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