O governo chinês está intensificando seus esforços para reduzir a dependência de chips de inteligência artificial (IA) produzidos pela Nvidia, gigante americana do setor de semicondutores.
Segundo fontes próximas ao assunto, Pequim tem desencorajado ativamente empresas locais de adquirir os chips H20 da Nvidia, que são amplamente utilizados no desenvolvimento e execução de modelos de IA.
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Esta medida faz parte de uma estratégia mais ampla da China para impulsionar sua indústria doméstica de semicondutores e contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos. As autoridades chinesas têm emitido orientações, conhecidas como “window guidance“, através de diversos órgãos reguladores, incluindo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação.
Embora essas orientações não tenham força de lei, elas representam uma clara indicação da preferência do governo por fornecedores domésticos como Huawei e Cambricon. A mensagem também tem sido amplificada por meio de associações comerciais locais.
É importante notar que esta abordagem não constitui uma proibição total. O governo chinês está buscando um equilíbrio delicado, evitando prejudicar suas próprias startups de IA ou escalar as tensões com os Estados Unidos. As autoridades ainda permitem a compra de alguns semicondutores estrangeiros se forem essenciais para construir os melhores sistemas de IA possíveis.
NVIDIA está sentindo o baque
A Nvidia, por sua vez, tem sentido o impacto dessas políticas. Embora a empresa tenha visto um crescimento significativo nas vendas globais, com a China representando 12% de sua receita (cerca de $3,7 bilhões) no último trimestre, esse valor ainda está abaixo dos níveis anteriores à imposição dos controles de exportação.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou em entrevista recente que a empresa está fazendo o possível para atender aos clientes na China dentro dos limites das restrições impostas pelo governo americano. “A primeira coisa que temos que fazer é cumprir quaisquer políticas e regulamentos que estão sendo impostos“, disse Huang.
Esta situação reflete a crescente tensão tecnológica entre China e Estados Unidos. Enquanto Washington busca limitar o acesso de Pequim a tecnologias avançadas, o governo chinês está investindo bilhões em subsídios para o setor de semicondutores, visando alcançar a autossuficiência em tecnologias críticas.
Apesar dos esforços chineses, os chips de IA locais ainda estão significativamente atrás dos produtos da Nvidia em termos de desempenho. No entanto, o setor de IA na China continua em expansão, com empresas como ByteDance e Alibaba investindo agressivamente, e várias startups competindo pela liderança no desenvolvimento de modelos de linguagem de grande escala.
Atraso da China no ramo de semicondutores é de 10 anos
A corrida tecnológica entre China e Taiwan na indústria de semicondutores está se intensificando, com a China ficando para trás. Gerald Yin Zhiyao, da AMEC, afirma que os equipamentos chineses estão 5 a 10 anos atrás dos concorrentes em qualidade e confiabilidade.
Apesar disso, ele destaca o esforço chinês para superar essa defasagem e prevê que a China alcançará autossuficiência básica este ano, reduzindo a dependência de tecnologias estrangeiras.
No entanto, a China ainda está distante das capacidades de Taiwan, especialmente da TSMC, líder mundial com 60% do mercado e avançando para chips de 2 nm. A SMIC e a Hua Hong estão pelo menos cinco anos atrás em inovação.
Wu Cheng-wen, de Taiwan, reforça que a China está mais de dez anos atrás, com a SMIC lutando para produzir circuitos de 7 nm. A falta de acesso a equipamentos de litografia UVE, essenciais para chips avançados, é uma barreira significativa para a China, enquanto empresas como a TSMC, com acesso a essas máquinas da ASML, lideram o setor.
Fonte: BNN Bloomberg