Os primeiro computador digital programável foi o Colossus Mark 1, usado pelos ingleses durante a segunda guerra para decodificar mensagens secretas dos alemães. O Mark 1 foi seguido pelo Colossus Mark 2, que foi o primeiro computador produzido em série, com 10 unidades no total.
O grande problema foi que o Colossus era um projeto secreto. Os inventores não receberam crédito e o design não foi aproveitado em outros computadores, o que tornou o Colossus uma página isolada na história, que só se tornou pública na década de 70.
Por outro lado, os americanos foram muito mais liberais com relação ao anúncio e compartilhamento de informações, o que fez com que o ENIAC (Electronic Numerical Integrator Analyzer and Computer) se tornasse o pontapé inicial na era dos computadores digitais.
O ENIAC foi construído entre 1943 e 1945 e entrou oficialmente em operação em julho de 1946. Ele era composto por nada menos do que 17.468 válvulas, além de 1.500 relés e um grande número de capacitores, resistores e outros componentes.
No total, ele pesava 30 toneladas e era tão volumoso que ocupava um grande galpão. Outro grave problema era o consumo elétrico: um PC típico atual, com um monitor LCD, consome cerca de 100 watts de energia, enquanto o ENIAC consumia incríveis 200 kilowatts. Construir esse monstro custou ao exército Americano 468.000 dólares da época, que correspondem a pouco mais de US$ 10 milhões em valores corrigidos.
Porém, apesar do tamanho, o poder de processamento do ENIAC é insignificante para os padrões atuais, suficiente para processar apenas 5.000 adições, 357 multiplicações ou 38 divisões por segundo. O volume de processamento do ENIAC foi superado pelas calculadoras portáteis ainda na década de 70 e, hoje em dia, mesmo as calculadoras de bolso, das mais baratas, são bem mais poderosas do que ele.
A ideia era construir um computador para quebrar códigos de comunicação e realizar vários tipos de cálculos de artilharia para ajudar as tropas aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, o ENIAC acabou sendo finalizado depois do final da guerra e foi usado nos primeiros anos da Guerra Fria, contribuindo, por exemplo, no projeto da bomba de hidrogênio.
ENIAC (foto do acervo do Exército dos EUA)
Se você acha que programar em C ou em Assembly é complicado, imagine como era a vida dos programadores daquela época. A programação do ENIAC era feita através de 6.000 chaves manuais e, ao invés de ser feita através de teclas, toda a entrada de dados era feita através de cartões de cartolina perfurados, que armazenavam poucas operações cada um.
Uma equipe preparava os cartões, incluindo as operações a serem realizadas, formando uma pilha, outra ia trocando os cartões no leitor do ENIAC, e uma terceira “traduzia” os resultados, também impressos em cartões.
O ENIAC também possuía sérios problemas de manutenção, já que as válvulas se queimavam com frequência, fazendo com que ele passasse boa parte do tempo inoperante. Boa parte das queimas ocorriam durante a ativação e desativação do equipamento (quando as válvulas sofriam um grande stress devido à mudança de temperatura) por isso os operadores logo decidiram mantê-lo ligado continuamente, apesar do enorme gasto de energia.
Válvulas
Vendo essa foto, é fácil imaginar por que as válvulas eram tão problemáticas e caras: elas eram complexas demais. Mesmo assim, na época, as válvulas eram o que existia de mais avançado, permitindo que computadores como o ENIAC executassem, em poucos segundos, cálculos que um matemático equipado com uma calculadora mecânica demorava horas para executar.
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