Suporte a tablets no Linux

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Suporte a tablets no Linux
Outra classe de dispositivos que está se popularizando são os tablets, usados principalmente pelo pessoal da área gráfica. O tablet permite que você “desenhe” sobre uma superfície retangular, com o traço da caneta sobre a superfície do tablet controlando o movimento do mouse.

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O driver wizard-pen dá suporte à maioria dos modelos, incluindo toda a linha Wizard Pen e Mouse Pen da Genius (modelos USB) e diversos modelos de outros fabricantes, que são na verdade fabricados pela Genius e revendidos em regime OEM.

O driver pode ser obtido no http://www.stud.fit.vutbr.cz/~xhorak28/ (clique no link WizardPen Driver). Como ele é um módulo para o X, e não um módulo para o Kernel, como no caso dos drivers de modems e placas wireless, os requisitos de instalação são um pouco diferentes da maioria dos drivers.

Além dos compiladores básicos, você precisará também dos pacotes de desenvolvimento do X. Nas distribuições derivadas do Debian, instale os pacotes “x-dev“, “libx11-dev“, “libxext-dev” e “xutils-dev“. Nas distribuições derivadas do Red Hat, procure pelo pacote “xserver-xorg-dev“.

Com os pacotes instalados, descompacte o arquivo do driver, acesse a pasta e execute o comando “xmkmf“:

$ tar -zxvf wizardpen-driver-0.5.0.tar.gz
$ cd wizardpen-driver-0.5.0
$ xmkmf

No meu caso ele retornava um erro, reclamando da falta de um arquivo temporário:

./Imakefile:5: error: /usr/X11R6/lib/X11/config/Server.tmpl:
Arquivo ou diretório não encontrado

Na verdade, o problema é que a pasta “/usr/X11R6/lib/X11/config” não existia, e por isso ele não conseguia criar o arquivo. Resolvi criando a pasta manualmente e em seguida criando um arquivo vazio dentro dela:

# mkdir -p /usr/X11R6/lib/X11/config/
# touch /usr/X11R6/lib/X11/config/Server.tmpl

Depois de conseguir rodar o “xmkmf” sem erros, rode o comando “make” para finalmente compilar o driver:

$ make

Será gerado o arquivo “wizardpen_drv.o” (o driver em si), que precisa ser copiado para a pasta com módulos de entrada do X, que normalmente é a “/usr/lib/xorg/modules/input/” ou “/usr/X11R6/lib/modules/input/“.

Com o driver instalado, falta fazer a configuração do X, para que o tablet seja usado como mouse. Note que muitas distribuições já vem com o módulo “wizardpen_drv.o” instalado; nestes casos você pode pular toda esta parte de instalação e ir direto para a configuração.

Comece carregando os módulos “acecad” e “evdev“, que adicionam suporte ao tablet no Kernel. Adicione os dois no final do arquivo “/etc/modules“, de forma que sejam carregados na hora do boot:

# modprobe acecad
# modprobe evdev
# echo ‘acecad’ >> /etc/modules
# echo ‘evdev’ >> /etc/modules

Precisamos agora descobrir como o sistema detectou o tablet. Normalmente ele aparecerá como “/dev/input/event2“, mas não custa verificar. Rode o comando “cat /proc/bus/input/devices” e procure a seção referente ao tablet, como em:

I: Bus=0003 Vendor=5543 Product=0004 Version=0000
N: Name=” TABLET DEVICE”
P: Phys=usb-0000:00:10.2-1/input0
H: Handlers=mouse1 event2
B: EV=1f
B: KEY=400 0 3f0000 0 0 0 0 0 0 0 0
B: REL=303
B: ABS=7f00 1000003
B: MSC=10

Note o “event2” que aparece na quarta linha. É justamente ele que indica o dispositivo usado. Em muitos casos pode ser “/dev/input/event3” ou mesmo “/dev/input/event1“.

Abra o arquivo “/etc/X11/xorg.conf”. Comece adicionando as linhas abaixo no final do arquivo (ou em qualquer outro ponto, desde que você saiba o que está fazendo ;). Lembre-se de substituir o “event2” pelo dispositivo correto no seu caso:

Section “InputDevice”

Identifier “tablet”
Driver “wizardpen”
Option “Device” “/dev/input/event2

EndSection

Dentro da seção “ServerLayout” (geralmente logo no começo do arquivo) procure a linha referente ao mouse (como em: InputDevice “USB Mouse” “CorePointer”) e adicione a linha referente ao tablet logo abaixo, como em:

Section “ServerLayout”

Identifier “X.org”
Screen 0 “Screen0” 0 0
InputDevice “Keyboard0” “CoreKeyboard”
InputDevice “USB Mouse” “CorePointer”
InputDevice “tablet” “AlwaysCore”

EndSection

Um último problema é que em alguns casos o tablet pode conflitar com o mouse, deixando-o impreciso. Para corrigir isso, procure pela linha abaixo dentro do arquivo, que indica o dispositivo usado pelo mouse:

Option “Device” “/dev/input/mice”

Substitua o “/dev/input/mice” por “/dev/input/mouse0“, como em:

Option “Device” “/dev/input/mouse0”

O problema aqui é que o “/dev/input/mice” agrupa sinais recebidos de todos os mouses conectados ao micro. Isso é muito bom, pois permite que seu mouse USB seja detectado automaticamente e funcione em conjunto com o touchpad do notebook sem precisar de nenhuma configuração especial. O problema é que, ao ativar o tablet, ele também é visto pelo sistema como mouse, entrando na dança.

Como de praxe, depois de fazer as alterações no arquivo xorg.conf, você precisa reiniciar o X, pressionando “Ctrl+Alt+Backspace” para que elas entrem em vigor.

Alguns programas gráficos podem oferecer opções específicas relacionados com o tablet. No Gimp, por exemplo, clique no Arquivo > Preferências > Dispositivos de Entrada > Configurar Dispositivos de Entrada Estendidos.

Uma última observação é que, dependendo da versão do X que estiver usando, você pode se deparar com um bug que impede a abertura do X quando o tablet estiver desplugado. Ele naturalmente só afeta quem tem o hábito de desplugar o tablet após o uso, mas não deixa de ser bastante inconveniente.

Se o ambiente gráfico não abrir quando o tablet estiver desplugado, abra novamente o arquivo /etc/X11/xorg.conf e comente a linha InputDevice “tablet” “AlwaysCore”, descomentando-a novamente quando for utilizar o tablet.

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