Mini-review do Linux Mint

Mini-review do Linux Mint

O LinuxMint é uma derivação do Ubuntu, que tem como objetivo ser um sistema mais “pronto para usar”, com codecs e plugins pré-instalados e um visual mais atraente. A versão principal é baseada no Gnome, seguindo o padrão ditado pelo Ubuntu, mas existem também versões alternativas, incluindo uma baseada no XFCE e outra baseada no KDE. Está disponível também uma versão “Universal” em DVD, que inclui pacotes adicionais e os pacotes de tradução para diversas linguagens. Todas podem ser baixadas no: http://linuxmint.com/

Embora em essência ele continue sendo uma instalação do Ubuntu, onde você pode aplicar todas as dicas que vimos até aqui, mas modificações no visual fazem com que à primeira vista o sistema pareça bastante diferente. Um bom exemplo é o uso do SLAB (o menu iniciar modificado, introduzido pelo OpenSUSE) no lugar do iniciar padrão do Gnome, que é combinado com um tema visual bastante modificado em relação ao tema padrão do Ubuntu.

Esse conjunto de modificações fazem com que o sistema seja mais agradável de usar que uma instalação padrão do Ubuntu, o que explica a popularidade. O Linux Mint chegou a ocupar a segunda posição no rank de popularidade do DistroWatch, perdendo apenas para o próprio Ubuntu.

O Mint não inclui os pacotes de tradução para o Português e nem apresenta a tela de seleção de linguagem no início do boot, inicializando sem em Inglês por default. Entretanto, ele herda todos os pacotes de tradução do Ubuntu e utiliza o mesmo instalador, o que permite que você simplesmente altere a linguagem na primeira tela da instalação:

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Assim como no caso do Ubuntu, o instalador baixará os pacotes de tradução para o OpenOffice e outros aplicativos no final da instalação, desde que exista uma conexão disponível.

Caso você queira alterar a linguagem ao rodar a partir do próprio live-CD (sem precisar primeiro instalar), acesse o “Menu > Administration > Language Support” e marque o “Portuguese”, deixando que ele baixe e instale os pacotes usando o ramdisk.

Para que a alteração entre em vigor, altere a linguagem padrão do sistema (ainda dentro do Language Support), faça logout (usando o “Menu > Logout > Switch User”) e, de volta à tela de login, clique no “Language > Portugueses (Brazilian)” para alterar a linguagem e finalmente ver o sistema em Português.

Uma observação é que no Mint, o login padrão do sistema ao rodar a partir do live-CD é “mint” e não “ubuntu”. Basta se logar com ele, deixando a senha em branco.

Depois de instalado, o Mint se comporta como uma instalação regular do Ubuntu, preservando as personalizações encontradas no live-CD. Uma pequena diferença é que no primeiro boot ele executa um pequeno assistente, que se oferece para definir uma senha para o boot, o mesmo que você poderia fazer usando o “sudo passwd”.

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O Mint inclui também alguns utilitários de configuração adicional, desenvolvidos pela própria equipe, alguns deles originais e outros desenvolvidos com base em trabalhos anteriores.

Um bom exemplo é o “mintInstall” (Gerenciador de Software), um instalador de pacotes simplificado, que oferece uma lista de aplicativos selecionados, incluindo a descrição e um screenshot, uma interface que lembra um pouco os painéis dos ícones mágicos. Ele se destaca pelo grande número de aplicativos disponíveis e por agrupar informações adicionais sobre os aplicativos, incluindo links para reviews e comentários publicados em sites na web:

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A lista dos programas é atualizada frequentemente (basta clicar no “Atualizar), mas o lado ruim é que ele precisa baixar um grande volume de arquivos XML e screenshots, o que torna o processo demorado. Esteja preparado para esperar de 15 a 30 minutos antes de poder utilizá-lo pela primeira vez.

Outro exemplo é o “mintNanny”, que oferece um sistema prático para bloquear sites, que serve como um sistema simples de controle parental. Ele funciona de maneira bastante prosaica (e fácil de burlar), simplesmente adicionando entradas no arquivo “/etc/hosts”, que relacionam os domínios bloqueados com o endereço “0.0.0.0”, sabotando a resolução do domínio e impedindo que eles sejam acessados.

Estes softwares são disponibilizados através de um repositório adicional, o packages.linuxmint.com, o que permite que eles sejam atualizados juntamente com o restante do sistema. Naturalmente, quase todos os pacotes continuam vindo dos repositórios do Ubuntu, que são usados em conjunto com o Medibuntu e alguns outros repositórios adicionais.

Continuando, apesar de utilizar os repositórios do Ubuntu, o Mint utiliza uma ferramenta própria de atualização, o “mintUpdate”, que substitui o Ubuntu Update. O principal motivo da mudança é a introdução de um sistema de classificação dos pacotes, que passam a ser classificados em 5 níveis. Os pacotes rotulados com o nível 1 ou 2 são as atualizações “seguras”, que foram testadas pela equipe do Linux Mint. Os pacotes de nível 3 são pacotes vindos diretamente dos repositórios do Ubuntu, sem checagem adicional, enquanto os pacotes de nível 4 e 5 são atualizações potencialmente perigosas, que devem ser evitadas:

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Esse sistema permite que você atualize o sistema de forma seletiva, evitando atualizações que possam desestabilizar o sistema. O principal motivo é que Linux Mint utiliza repositórios adicionais, combinados com pacotes baixados de forma avulsa pelo mintInstall, o que abre as portas para problemas diversos ao atualizar o sistema.

Cada release do Linux Mint segue o lançamento de um dos releases do Ubuntu. O Linux Mint 6 Felicia) é baseado no Ubuntu 8.10, o Linux Mint 5 (Elyssa) é baseado no 8.04 e assim por diante.

O Mint inclui também um conjunto diferente de aplicativos pré-instalados. Ele vem com o Mplayer instalado por padrão, usa o Thunderbird no lugar do Evolution, traz o Ndiswrapper e o Ndisgtk instalados por padrão (facilitando a ativação de placas wireless que só funcionam usando os drivers do Windows) e inclui o Gufw, uma opção de firewall fácil de usar. Ele vem com suporte a flash, java e um conjunto bastante completo de plugins e codecs instalados por default, simplificando bastante a configuração inicial do sistema.

Uma característica negativa, entretanto, é a substituição de algumas das ferramentas do Ubuntu por outras e a troca dos nomes de alguns utilitários para variações da palavra mint, o que é desnecessário e acaba apenas complicando as coisas para usuários que já estão acostumados com o Ubuntu e precisam relacionar as ferramentas que já conhecem com as versões alternativas.

No geral, o Mint atende bem ao propósito de ser uma versão polida do Ubuntu, que torna o sistema mais fácil de usar para usuários iniciantes. Graças aos pacotes de tradução e ao instalador herdado do Ubuntu, você pode facilmente mudar a linguagem de instalação do sistema durante a instalação, o que o torna uma boa opção também para usuários do Brasil.

Ele é um bom exemplo de como pequenas distribuições podem se destacar em relação às distribuições-mãe, adicionando componentes adicionais e personalizações que, por questões legais ou ideológicas não podem ser incluídos diretamente na distribuição principal.

Grandes distribuições, como o Ubuntu e o Mandriva não podem se dar ao luxo de incluir componentes com disputas relacionadas a patentes ou entreves legais, já que são um alvo muito visado para processos legais por parte de empresas interessadas em extorquir dinheiro (como no célebre caso da SCO). Entretanto, distribuições menores podem oferecer os mesmos componentes de forma relativamente segura. Outra questão é que grandes distribuições precisam ser tudo para todos, o que acaba resultando em um visual neutro e um conjunto um pouco sem sal de aplicativos, ao passo que distribuições menores podem se concentrar em um público específico.

Uma palavra de cautela é que o Mint não tem por objetivo ser uma distribuição leve, muito pelo contrário. Os componentes e gadgets adicionais fazem com que os releases sejam sempre um pouco mais pesados que as versões correspondentes do Ubuntu. O Felicia, por exemplo, consome (já depois de instalado) 224 MB de memória RAM em um boot limpo, o que é quase o quádruplo do consumido por uma instalação limpa do Debian Lenny com o KDE 3.5, por exemplo. Se você usa um PC antigo (principalmente se usa menos de 1 GB de RAM), ou um netbook, o Linux Mint não seria a melhor opção.

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