Desde a primeira geração do Athlon, a AMD também desenvolve chipsets e placas de referência, mas ao contrário da Intel, nunca teve uma presença forte no setor. Os chipsets da AMD serviam mais como uma referência para outros fabricantes interessados em desenvolver chipsets para a plataforma.
Isso mudou com a aquisição da ATI (que, ao se fundir com a AMD, já era a número 3 no ramo de chipsets, perdendo apenas para a Intel e a nVidia), o que permitiu que a AMD se apoderasse do mercado de chipsets para seus próprios processadores, roubando o espaço que antes era ocupado pela da nVidia, VIA e SiS.
O primeiro chipset AMD após a compra da ATI foi o 690G, um chipset AM2 lançado em fevereiro de 2007. Ele era um chipset relativamente barato, que oferecia como principal atrativo um Radeon X1250 integrado. Embora o desempenho fosse bastante modesto em relação às placas dedicadas da época, ele era quase 50% mais rápido que o GeForce 6150, que era o concorrente direto. Outro atrativo era o fato de ele oferecer suporte a DVI e HDMI, o que permitia que as placas oferecessem um dos dois conectores em conjunto com o VGA analógico. Isso tornou as placas muito populares para uso em home theaters e HTPCs, eliminando a necessidade de usar uma placa de vídeo dedicada apenas por causa da saída HDMI.
A combinação do preço relativamente baixo, com o bom desempenho do vídeo integrado fez com que ele roubasse espaço do nForce 5xx/6150, e também dos chipsets da VIA e SiS, que entraram em estagnação.
O 690G logo deu lugar aos chipsets da série 700, usados em quase todas as placas com chipset AMD lançadas a partir do início de 2008. Como o controlador de memória é integrado ao processador, eles são encontrados tanto em placas AM2+ quanto em placas AM3.
O carro chefe dentro da linha é o 780G, que integra um chipset de vídeo Radeon HD 3200 e oferece também suporte ao CrossFire. Ele inclui 26 linhas PCIe 2.0, com 16 delas reservadas ao slot x16 (ou dois slots x16 com 8 linhas de dados cada no caso das placas com suporte ao CrossFire), com 6 linhas destinadas aos slots PCIe x1 e aos periféricos integrados e as outras 4 linhas reservadas para a comunicação com o chip SB750, usado como ponte sul.
Em seguida temos o 790GX, que é uma versão mais rápida do 780G, onde frequência de operação da GPU foi aumentada de 500 para 700 MHz. Entretanto, em vez de ser resultado de uma nova técnica de fabricação, o aumento foi o resultado de um simples processo de binning, onde os núcleos eram selecionados em fábrica, com os capazes de atingir frequências mais altas de operação sendo vendidos como modelos 790GX e os demais como 780G.
O aumento da frequência melhorou quase que proporcionalmente o desempenho da GPU, o que levou a AMD a inventar um novo modelos para a GPU do 790GX, dando origem à Radeon HD 3300. Graças à mudança, o 790GX é um pouco mais caro, mas os demais recursos são os mesmos.
Em agosto de 2009, o 780G foi atualizado, dando origem ao 785G. Ele inclui uma versão sutilmente atualizada do chipset de vídeo, que mantém o clock de 500 MHz, mas adiciona suporte ao DirectX 10.1 e oferece um desempenho 3D ligeiramente superior, combinado com suporte a mais funções de aceleração de vídeo, voltadas para o uso em HTPCs.
Com exceção de algumas outras atualizações menores, o chipset continuou basicamente o mesmo, com a mesma contagem de transistores e ainda produzido usando a mesma técnica de 55 nm. Você pode pensar no 785G como uma versão “1.1” do 780G, que inclui pequenas melhorias.
Semana passada, a AMD lançou o 890GX, inaugurando a série 800. Apesar da designação, o 890GX é apenas uma versão atualizada do 790GX, que oferece um conjunto atualizado de interfaces e suporte ao SATA 600. Ele é composto por 200 milhões de transistores e é fabricado pela TSMC, usando uma técnica de 55 nm.
Embora seja agora chamado de Radeon HD 4290, o chipset de vídeo é o mesmo encontrado no 785G, com as mesmas 40 unidades de processamento. Entretanto, o IGP opera a 700 MHz (em vez de 500 como no Radeon HD 4200 do 785G), oferecendo um desempenho ligeiramente superior. É basicamente o mesmo que no 790GX (onde a GPU também opera a 700 MHz) mas agora com suporte ao DirectX 10.1.
Ele oferece suporte também ao Dual-Graphics, uma versão recauchutada do Hybrid-CrossFire que permite usar o vídeo integrado em combinação com uma Radeon HD 5450 (o modelo mais simples dentro da linha 5xxx, com 80 SPs). Entretanto, o ganho de desempenho é marginal e a lista de jogos compatíveis é pequena. Em vez de perder tempo, compre qualquer outra placa 3D (basicamente, qualquer outro modelo atual vai oferecer um desempenho superior à da 5450 + IGP) e, se for o caso, use o IGP apenas para acoplar mais monitores.
Além de utilizar memória compartilhada, o 890GX oferece suporte ao Sideport, que permite aos fabricantes de placas incluírem um chip solitário de memória DDR3 (de 128 MB) como memória de vídeo auxiliar. Assim como nos chipsets anteriores, o uso do Sideport é capaz de melhorar ligeiramente o desempenho do IGP, mas ele não faz diferença para quem vai usar uma placa 3D dedicada.
Aqui temos a ponte norte do 890GX e o chip de memória do Sideport em uma Asus M4A89GTD:
A principal mudança é a introdução do chip AMD 850 como ponte sul, substituindo o cansado AMD 750. A principal novidade é a inclusão de um controlador SATA 600, acompanhando a ascendência dos SSDs. Ele oferece um total de 14 portas USB 2.0 (duas a mais que o 750) mas ainda não inclui um controlador USB 3.0, se limitando a oferecer duas linhas PCI Express extras, que os fabricantes de placas podem usar para conectar um controlador externo.
O AMD 850 oferece também um controlador de rede gigabit e uma expansão do link de ligação com a ponte norte (batizado pela AMD de Alink Express III), que oferece agora 2 GB/s (em vez de 1.0 GB/s como no 750), com o objetivo de atender à demanda extra introduzida pelas duas linhas PCI Express.
O AMD 890GX abandona o suporte ao ACC, com o objetivo de dificultar a reativação dos núcleos castrados nos Phenom II X3 e X2. Apesar disso, a função pode ser reativada através de um switch em placas da Asus e da ASRock, como no caso da Asus M4A89GTD. Não deve demorar para que esta função esteja disponível também em placas de outros fabricantes.
Um exemplo de placa baseada nele é a Gigabyte GA-890GPA-UD3H. ela é uma placa AM3 mini-ATX, que oferece dois slots PCIe x16, com uma configuração x16/x8-x8, onde temos 16 linhas ao usar uma única placa, ou 8 linhas para cada slot ao usar duas (a mudança é feita automaticamente). Além de oferecer 6 portas SATA 600 (e mais duas SATA 300) ela oferece também duas portas USB 3.0, através da inclusão de um controlador da NEC:
Ao que tudo indica, o 890GX será o último chipset com vídeo integrado da AMD. Assim como no caso da Intel, o chipset de vídeo será integrado no próprio processador a partir do Llano, que trará uma GPU com suporte ao DirectX 11. Com isso, os chipsets se tornarão bem mais simples, assim como no caso do H55 da Intel. Como deve ter notado ao longo dos últimos capítulos, o ritmo das inovações relacionadas aos chipsets está se tornando cada vez mais lento, conforme novas funções são transferidas para dentro do processador.