A turma do crachá

C-47 disse:

Eles nunca estão sòzinhos. Andam em grupos e são vistos, em público, na hora do almoço.
Num país com mais de 12 milhões de desempregados, eles ostentam seus crachás com orgulho e distinção.
Shoppings, restaurantes e lojas, não exigem crachá para entrar mas, eles fazem questão de exibi-los pois, por causa disso, tem tratamento especial, obsequioso. Afinal, fazem parte de uma seleta classe de pessoas que estão empregadas.
As mães perguntam para as filhas: Teu namorado tem crachá ? Se ela responde "sim", a mãe diz logo: Então faz logo uma escrachada prá segurar esse cara!
Eu, que nunca trabalhei em empresa, nunca tive carteira de trabalho, PIS/PASEP, FGTS e SPC do CIC, não tenho e nunca tive um crachá. Sou um descrachado!
É o preço de minha opção de ter escolhido o ofício de biscateiro, meu sonho de criança.
Mas, não me queixo. Na minha profissão, fui muito bem sucedido. Ainda mais num país de desempregados.
Sou multifuncional. Faço qualquer biscate, menos dançar com homem e tomar banho no piscinão de Ramos.
Esta tarde, fui fazer um biscate num shopping da Zona Sul aqui no Rio e resolvi tomar um sorvete, numa sorveteria muito badalada, porque são muito bons.
Quando cheguei lá, deparei com uma fila de crachados e pensei em desistir. Mas, a vontade era tanta que fiquei. Na minha frente, uma moça toda empoderada com um crachá cravejado de vidros, imitando brilhantes, ornado por uma fita de veludo azul ultramar.
À minha frente e atrás de mim, todo mundo com crachá. Eu era o único sem.
Enquanto a fila andava, comecei a conjecturar: Será que a atendente vai me atender bem ? Serei discriminado por estar alí, assim, quase nú, sem crachá ?
Certamente, a mocinha que atende na caixa, que também ostentava um crachá, vai me humilhar na frente de todos. Dizer que sem crachá, sem sorvete. Fora daqui, seu descrachado!
E assim, minha mente fervia até que, quando chegou minha vez, antes que a atendente balbuciasse uma palavra, disparei: Descrachado é teu pai! Quer saber mais ? Pega esse teu sorvete e @#$%¨&*
Dito isto, fiz meia volta e fui procurar um carrinho da Kibon, na calçada do shopping, onde saboreei um delicioso picolé de limão.

Cãomandante disse:

Nao tenho não Edu
Só tive que usar crachá daquele antigo com um tipo de prendedor, pregador de roupas numa empresa onde fui estagiário e quando ia na LABACE feira anual de aviação em Congonhas
Só usava cracha dentro da fabrica.
Quando saia para almoçar colocava no bolso.
Nem na aviação usei. Nao era moda ter que ser encrachazado.
Também acho "estranho" ver essa turma saindo para o almoço todos "encrachazados" com aquele cordão e o cracha no pescoço parecendo uma coleira.

Cãomandante disse:

Também a biometria nao funciona comigo
Nem no banco, no celular, quando vou votar.
Acho que to gasto!

edutango disse:

É que vc treme na hora de por o dedão