Mais um ponto para o LINUX...

Banrisul dá crédito ao pingüim

-- 22/1/2002 --

Conciliando redução de custos com eficiência de estratégia, o banco adota o sistema operacional Linux nas agências e em outros projetos

Rafaella Gobara

Sem apelos publicitários, os softwares de circulação livre vêm conquistando espaço e confiança de empresas em todo o mundo. Aqui no Brasil, o passo do pingüim, mascote do sistema operacional gratuito Linux, ainda está lento, mas aponta para uma nova fase estratégica, que exige distância do deslumbramento com a economia de licenças de softwares. Um dos exemplos desta nova vereda está no Banrisul - Banco do Estado do Rio Grande do Sul - que desde o início de 2000 já implantou o sistema operacional em mais de 780 agências. José Torres Santos, gerente de processos de distribuição do Banrisul, explica porque optou pelo Linux e quais os resultados dos projetos em andamento.

IT Web - O sistema operacional Linux foi implantado em quais projetos da Banrisul?
José Torres dos Santos - O banco usa o Linux em seus terminais de auto-atendimento (ATM) em mais de 780 pontos, entre agências, postos bancários e equipamentos de auto-atendimento, instalados fora de suas agências, que garantem acesso a extratos bancários, saques e transferências, entre outras operações. O sistema operacional também é utilizado em projetos menores relacionados à monitoração e servidores dedicados.

ITW - Por que a empresa deixou o Windows de lado e apostou em um sistema operacional que ainda é pouco utilizado no Brasil? O preço de licenciamento de software contou bastante?

Santos - O Banrisul anda utiliza Windows em muitos ambientes. No entanto, na busca pela eficiência, as empresas procuram reduzir seus custos. Dentro desse quadro, sem dúvida, o uso de um sistema operacional aberto e flexível como o Linux, sem custos de licenciamento, apresenta-se como alternativa mais do que adequada. Agrega-se a isso o fato de reduzir também os investimentos em máquinas mais poderosas, além de oferecer a segurança e a alta disponibilidade que as aplicações de missão crítica exigem.

ITW - Como foi a implantação? Alguma empresa foi contratada para colaborar no projeto?

Santos - A adaptação do software dos ATMs exigiu apenas pequenas modificações no acesso ao hardware. Por meio dos originais em linguagem C++ foi feita a migração de todos os aplicativos dos terminais, mantendo-se as características básicas. Apenas alguns componentes foram adicionados à solução de modo que o usuário não notasse diferenças, exceto o benefício do aumento da velocidade nas operações. A Conectiva participou do desenvolvimento e da homologação do software de ATM, transferindo a tecnologia para o pessoal técnico do banco, que assumiu a manutenção do sistema de forma independente. As empresas SID, Procomp, Itautec e Perto, fabricantes dos terminais ATM, tiveram papel fundamental na migração dos sistemas do Banrisul. Suas máquinas foram adequadas ao projeto do banco e isso permitiu desenvolver módulos de software específicos para os periféricos.

ITW - O sistema operacional está correspondendo às expectativas?

Santos - Os resultados obtidos com os terminais ATM e demais projetos superaram todas as expectativas quanto à utilização do sistema operacional Linux, principalmente nos aspectos estabilidade, segurança e desempenho.

ITW - Qual seria a diferença no investimento se a empresa adotasse pelo Windows?

Santos - Com certeza teríamos custos mais elevados considerando-se as licenças para a utilização do software, atualizações e suporte ao projeto.

ITW - Como se dá a integração entre sistemas baseados em Linux e Windows? A empresa teve de adotar alguma solução para este obstáculo?

Santos - Em geral, os dois sistemas estão baseados em normas e padrões internacionais, o que não acarreta grandes obstáculos à integração.

ITW - Existe perspectiva para outros projetos em Linux?

Santos - Sim. Pretendemos utilizar o sistema operacional Linux em todos os ambientes em que for possível a sua aplicação, considerando-se todos os benefícios já citados.

fonte: itweb