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C-47
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Meu tipo inesquecível

#1 Por C-47 04/08/2019 - 13:46
Hoje é domingo e, pouco mais de 2 meses da morte de meu pai, lembro dos meus domingos de criança.
Era o dia que ele ia na banca de jornais comigo e comprava uma revista do Capitão Marvel ou do Mandrake ou do Fantasma ou do Homem de Borracha. Só podia escolher uma, o dinheiro era curto. Éramos uma família pobre de um suburbio da Leopoldina, no Rio de janeiro que, naquela época era, de fato, uma cidade maravilhosa.
Para ele, comprava uma revista encadernada em papel brilhoso, chamada Seleções do Reader's Digest.
Eu, sempre sedento de leituras, também a lia, em especial a um artigo chamado "Meu tipo inesquecível", onde o autor relembrava alguém que o havia impressionado durante a vida.
Durante minha vida também tive meus tipos inesquecíveis, um deles, que homenageio agora, foi meu tio, por parte de mãe.
Solteirão convicto, profissão torneiro mecanico, morava como inquilino no porão de uma casa no suburbio do Méier, onde residiam um médico, sua mulher e a empregada.
Do porão, participava da miséria daquele casamento, onde o médico era oprimido pela mulher e pela empregada.
Apaixonado pela cantora Nora Ney, nunca se deu bem com as mulheres. Era um misantropo.
Mas, uma pessoa de caráter impecável.
No dia do meu casamento, disse que não ia assistir minha desgraça. E não foi.
Como tinha poucos pecados, morreu cedo e sozinho, de causa desconhecida. Eu, um eterno caminhante, estava fora do país e, não pude ir a seu enterro. Preservo, assim, intacta na retina, sua imagem como sempre o conheci.
Cãomandante
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#2 Por Cãomandante
04/08/2019 - 15:42
Duas pessoas que tenho recordações da infancia.
Um tio irmão mais novo da minha mãe, iniciou sua carreira na viação como mecanico de aeronaves, tecnico em instrumentos de aeronaves, mecanico de voo, co piloto e comandante na extinta Real Aerovias Brasil depois adquirida pela VARIG.
Meu avô paterno, imigrante italiano da Toscana, pedreiro, foi mestre de obras do Engenheiro Ramos de Azevedo, trabalhou na construção do teatro Municipal de São Paulo, Mercadão, CAsarões da Paulista dos barões do cafe, os palacetes Gemeos Duprat, entre outras belas edificaçoes classicas paulistanas.
Eu ainda muito pequeno com meus cinco anos ficava horas conversando com esse tio sobre aviões.
Ele logo percebeu que no meu DNA herdei a paixão pela aviação, tinha sido picado pelo mosquito "aerococos avoandis"
A medida que fui crescendo me levvava passear nos hangares da Real no Aeroporto de Congonhas, depois me levv=ava "dar umas voltinhas" de avião, nos bate e volta nos DC3, Convair, Curtis commander, DC4, DC6, constelattions, Caravelle, Electras, no primeiro Boeing 707 comprado pela VARIG o PP-VJA em um voo Viracopos a Buenos Aires eu ja com 13 anos.
E assim ainda criança também aprendi a pilotar, e ja adulto ingressei na aviação.
Meu avô paterno o pedreiro me levava nas obras onde trabalhava, me ensinou muito sobre obras e assim acabei cursando a faculdade de arquitetura.
Também conhecido por
A.Italo
CyberMaximus
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#3 Por CyberMaximus
04/08/2019 - 15:49
C-47 disse:
Hoje é domingo e, pouco mais de 2 meses da morte de meu pai, lembro dos meus domingos de criança.
Era o dia que ele ia na banca de jornais comigo e comprava uma revista do Capitão Marvel ou do Mandrake ou do Fantasma ou do Homem de Borracha. Só podia escolher uma, o dinheiro era curto. Éramos uma família pobre de um suburbio da Leopoldina, no Rio de janeiro que, naquela época era, de fato, uma cidade maravilhosa.
Para ele, comprava uma revista encadernada em papel brilhoso, chamada Seleções do Reader's Digest.
Eu, sempre sedento de leituras, também a lia, em especial a um artigo chamado "Meu tipo inesquecível", onde o autor relembrava alguém que o havia impressionado durante a vida.
Durante minha vida também tive meus tipos inesquecíveis, um deles, que homenageio agora, foi meu tio, por parte de mãe.
Solteirão convicto, profissão torneiro mecanico, morava como inquilino no porão de uma casa no suburbio do Méier, onde residiam um médico, sua mulher e a empregada.
Do porão, participava da miséria daquele casamento, onde o médico era oprimido pela mulher e pela empregada.
Apaixonado pela cantora Nora Ney, nunca se deu bem com as mulheres. Era um misantropo.
Mas, uma pessoa de caráter impecável.
No dia do meu casamento, disse que não ia assistir minha desgraça. E não foi.
Como tinha poucos pecados, morreu cedo e sozinho, de causa desconhecida. Eu, um eterno caminhante, estava fora do país e, não pude ir a seu enterro. Preservo, assim, intacta na retina, sua imagem como sempre o conheci.


Cara eu podia fazer algumas conjecturas sobre seu super herói, mas me resumo a dizer q vc está sendo mais feliz q ele.
Será q ele não pegava a empregada?
JAPICHIN
JAPICHIN Cyber Highlander Registrado
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#4 Por JAPICHIN
04/08/2019 - 16:52
C-47 disse:
Hoje é domingo e, pouco mais de 2 meses da morte de meu pai, lembro dos meus domingos de criança.
Era o dia que ele ia na banca de jornais comigo e comprava uma revista do Capitão Marvel ou do Mandrake ou do Fantasma ou do Homem de Borracha. Só podia escolher uma, o dinheiro era curto. Éramos uma família pobre de um suburbio da Leopoldina, no Rio de janeiro que, naquela época era, de fato, uma cidade maravilhosa.
Para ele, comprava uma revista encadernada em papel brilhoso, chamada Seleções do Reader's Digest.
Eu, sempre sedento de leituras, também a lia, em especial a um artigo chamado "Meu tipo inesquecível", onde o autor relembrava alguém que o havia impressionado durante a vida.
Durante minha vida também tive meus tipos inesquecíveis, um deles, que homenageio agora, foi meu tio, por parte de mãe.
Solteirão convicto, profissão torneiro mecanico, morava como inquilino no porão de uma casa no suburbio do Méier, onde residiam um médico, sua mulher e a empregada.
Do porão, participava da miséria daquele casamento, onde o médico era oprimido pela mulher e pela empregada.
Apaixonado pela cantora Nora Ney, nunca se deu bem com as mulheres. Era um misantropo.
Mas, uma pessoa de caráter impecável.
No dia do meu casamento, disse que não ia assistir minha desgraça. E não foi.
Como tinha poucos pecados, morreu cedo e sozinho, de causa desconhecida. Eu, um eterno caminhante, estava fora do país e, não pude ir a seu enterro. Preservo, assim, intacta na retina, sua imagem como sempre o conheci.

Vais morrer com esse pecado, mas chumbo trocado não dói
Propague boas ações e cultive o senso crítico e de justiça
os 4 males: Álcool, Tabaco, Obesidade, Sedentarismo
boa.gif Feliz Ano Novo Chinês 2019 Ano do Porco!!!
comemorando.gif

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C-47
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#5 Por C-47
04/08/2019 - 17:59
Cãomandante disse:
Duas pessoas que tenho recordações da infancia.
Um tio irmão mais novo da minha mãe, iniciou sua carreira na viação como mecanico de aeronaves, tecnico em instrumentos de aeronaves, mecanico de voo, co piloto e comandante na extinta Real Aerovias Brasil depois adquirida pela VARIG.
Meu avô paterno, imigrante italiano da Toscana, pedreiro, foi mestre de obras do Engenheiro Ramos de Azevedo, trabalhou na construção do teatro Municipal de São Paulo, Mercadão, CAsarões da Paulista dos barões do cafe, os palacetes Gemeos Duprat, entre outras belas edificaçoes classicas paulistanas.
Eu ainda muito pequeno com meus cinco anos ficava horas conversando com esse tio sobre aviões.
Ele logo percebeu que no meu DNA herdei a paixão pela aviação, tinha sido picado pelo mosquito "aerococos avoandis"
A medida que fui crescendo me levvava passear nos hangares da Real no Aeroporto de Congonhas, depois me levv=ava "dar umas voltinhas" de avião, nos bate e volta nos DC3, Convair, Curtis commander, DC4, DC6, constelattions, Caravelle, Electras, no primeiro Boeing 707 comprado pela VARIG o PP-VJA em um voo Viracopos a Buenos Aires eu ja com 13 anos.
E assim ainda criança também aprendi a pilotar, e ja adulto ingressei na aviação.
Meu avô paterno o pedreiro me levava nas obras onde trabalhava, me ensinou muito sobre obras e assim acabei cursando a faculdade de arquitetura.


Cãomandante, faltou o C-47....

CyberMaximus disse:
Cara eu podia fazer algumas conjecturas sobre seu super herói, mas me resumo a dizer q vc está sendo mais feliz q ele.
Será q ele não pegava a empregada?


Eu eu sei ?

JAPICHIN disse:
Vais morrer com esse pecado, mas chumbo trocado não dói


Ninguém morre sem pecado. Até os recém-nascidos, por causa do pecado original.
brancobill
brancobill Zumbi Registrado
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#8 Por brancobill
05/08/2019 - 21:57
Minha lembrança inesquecível eram as férias de escola e meus tios e avós "do interior". Por uma proposta de emprego mil vezes melhor meu pai saiu de Andradina/SP e foi embora para Cotia/SP em 1967. Não lembro ao certo os motivos disso, mas se tivesse 3 trimestres com boas notas não precisava cumprir o 4º trimestre. Uma "maravilhosa" férias antecipada, digamos. Então eu e meu irmão fazíamos de tudo para tirar boas notas e correr para nossas férias de outubro a janeiro em Andradina. Meus pais nos colocavam no ônibus com uma carta emitida pelo, sei lá no nome certo, conselho tutelar identificando quem nos receberia na rodoviária. Coisa de louco!

Era um paraíso agregado a nossa saudade dos primos, tios, avós, dos costumes na cidade de interior. Meus tios trabalhavam no frigorífico Mouran (alguém conhece e/ou conheceu?), e não sei porquê cargas d'água quem trabalhava lá morava em volta dele, em casas do próprio frigorífico. Nem pagava aluguel, era um bairro afastado do centro cercado por fazendas. A última vez que estive lá - na época, claro - foi em 1978.

Salvo o engano em 2007 meu irmão e eu voltamos lá só para ver o paraíso novamente, as casas de avós e tios, o campo de futebol, o bosque, o açude, tudo que tínhamos guardado com carinho em nossas mentes. Gente, foi uma sacanagem da família não ter nos avisado que tudo foi removido na venda do Mouran. Quando chegamos lá a estrada já estava diferente, asfalto, só sobrou o campo de futebol e pasmem, o abacateiro da casa de meus avós paternos. Não nos deixaram entrar para ver alguns restos.

O que sobrou para nós? Naquele momento uma tristeza só, sentamos no campo de futebol e choramos muito. Todas as boas lembranças foram para o espaço. Não bastasse o fim do bairro São Francisco a cidade toda mudou tanto que ficamos perdidos. Nossa sorveteria preferida agora era um seguradora. O restaurante que frequentávamos, agora Casas Bahia. Cinema? Casa de sapatos.

Enfim, na época foi triste, mas o tempo nos dá a proporção do que fazer com nossas lembranças, né? Hoje guardo com carinho as fotos e está "catalogada" na memória como boas lembranças.
C-47
C-47 Zumbi Registrado
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#9 Por C-47
06/08/2019 - 08:03
brancobill disse:


Salvo o engano em 2007 meu irmão e eu voltamos lá só para ver o paraíso novamente, as casas de avós e tios, o campo de futebol, o bosque, o açude, tudo que tínhamos guardado com carinho em nossas mentes. Gente, foi uma sacanagem da família não ter nos avisado que tudo foi removido na venda do Mouran. Quando chegamos lá a estrada já estava diferente, asfalto, só sobrou o campo de futebol e pasmem, o abacateiro da casa de meus avós paternos. Não nos deixaram entrar para ver alguns restos.

O que sobrou para nós? Naquele momento uma tristeza só, sentamos no campo de futebol e choramos muito. Todas as boas lembranças foram para o espaço. Não bastasse o fim do bairro São Francisco a cidade toda mudou tanto que ficamos perdidos. Nossa sorveteria preferida agora era um seguradora. O restaurante que frequentávamos, agora Casas Bahia. Cinema? Casa de sapatos.

Enfim, na época foi triste, mas o tempo nos dá a proporção do que fazer com nossas lembranças, né? Hoje guardo com carinho as fotos e está "catalogada" na memória como boas lembranças.


Quem volta ao passado, encontra o presente. Tenho dito.
C-47
C-47 Zumbi Registrado
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#12 Por C-47
30/09/2019 - 19:14
Passados 4 meses da morte de meu pai, listo ele aqui como, também, meu tipo inesquecível.
Todo pai, tendo sido bom ou mau, será, sempre, um tipo inesquecível.
Dele herdei a misantropia.
Foi um pai bom. Me deu liberdade para escolher meu destino. Nunca interferiu sobre que profissão eu deveria seguir.
Era um homem de paz. Não gostava de visitar nem ser visitado, assim como eu.
Dentre outras recordações, ficou uma que, sempre que lembro, rio muito.
Na fila do supermercado, quando algum ou alguma chata pedia que "guardasse sua vaga na fila", acedia cordialmente e, assim que a pessoa se afastava, mudava de fila e ficava observando o que acontecia, quando ela voltava.
Era muito engraçado a pessoa dizendo "eu estava aqui atrás de um senhor assim, assado...."
Kkkkkkkkkkkkk.
Nossos pais serão, sempre, nossos tipos inesquecíveis, para o bem ou para o mal.
brancobill
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#13 Por brancobill
30/09/2019 - 21:13
Meu pai se foi em 2002, e na leitura de sua lembranças voltou uma bem interessante de quem era meu pai. Em 1974, eu e meu irmão íamos bem na escola, ele perguntou qual o presente de fim de ano que queríamos. Ele ouviu na lata: 1 bateria e 1 baixo com amplificador. Ele suspirou, repeti a pergunta e ouviu a mesma coisa. Pasme, ele nos presenteou com uma condição: irão estudar música daqui em diante. Vou morrer sem saber como ele e minha mãe aguentavam a barulheira dos filhos - em casa, claro. Melhor ter os filhos em casa, estudando direito do que vê-los nas ruas, sem fazer nada de útil.

Até hoje sinto muita saudades de meu pai...
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