Minhas impressões do Ubuntu 11.10
Então, faz uns 2 meses que estou usando quase que exclusivamente o Ubuntu no netbook e já tive uma visão do sistema e gostaria de compartilhar minhas impressões.
Instalei ele num netbook Acer Aspire 1410 (em alguns lugares classificado como notebook), que é fraquinho por si só.
Logo na instalação, o driver aberto para a nvidia funciona muito bem, inclusive em alguns joguinhos em 3D. Não instalei o blob binário para comparar o desempenho, mas consegui rodar vídeos 720p nele sem problemas e essa era minha única exigência.
O Ubuntu como sempre é muito bem acabado, com design de interação muito bem feito e intuitivo na instalação. Estou utilizando o Unity, e esse entendo ser a maior pedra no caminho do Ubuntu, com argumentos contra e a favor muito mais passionais do que lógicos.
O que me chama atenção no Ubuntu e no Unity em geral: ele é lento. Muito mais lento que o Fedora 15 e Gnome3 que o precedeu nesse netbook. O workflow no Unity se adaptou muito bem a meu uso no netbook, sem muita multitarefa e normalmente com menos de três aplicativos abertos por vez. As poucas vezes que tentei trabalhar como no desktop, com diversas coisas abertas e trocando frequentemente de janela foram bastante frustrantes, mas reconheço que isso tem muito mais a ver com deixar de lado velhos hábitos e com a falta de poder da máquina do que com o Ubuntu em si.
Nesse sentido o Unity e o netbook se encaixaram muito bem num modelo de trabalho focado e monotarefa, algo essencial para algo que é usado majoritariamente para funções acadêmicas. O Unity me confunde com diversas janelas abertas (novamente: isso não é tanto problema do Unity quanto é devido ao fato de eu não ter me acostumado) e o netbook engasga com elas, então tenho o ambiente ideal para trabalhar sem messengers e clientes de irc lutando pela atenção.
Mas o Unity ainda é lento. E algumas vezes confuso. Não achei ainda uma forma satisfatória de se executar programas. Nunca fui adepta de menus, mas a Dash do Ubuntu torna achar aplicativos ainda mais complicado com Lenses que não me parecem intuitivas. O ícone que te permite buscar e filtrar aplicativos (análogo a navegar categorias de um menu) não possui legenda e, sinceramente, não faço a mínima idéia de que imagem é aquela e como ela se relaciona com uma lista de aplicativos. O mais próximo que consegui chegar é uma régua, um lápis e um pincel lado a lado.
Entretanto, como disse, não sou adepta de menus e portanto isso não é tão problemático contanto que existam formas alternativas de se rodar aplicativos. E o melhor esquema, na minha opinião, é o encontrado no Gnome3. No Gnome3, ao apertar a tecla do Windows, você tem acesso ao lançador lateral a lá MacOSX, ao overview das janelas abertas, uma aba que te permite buscar aplicativos por categorias como um menu e, mais importante de todos, um campo de busca. Esse campo é multiuso e pode ser usado para procurar arquivos e programas. Pelas minhas leituras de impressões sobre o Gnome3, me parece claro que poucas pessoas perceberam que aquele campo de busca é o substituto para o Alt+F2, e que basta digitar o nome do programa naquele campo e apertar enter para rodá-lo.
Voltando ao Unity, em teoria seu funcionamento é o mesmo. Apertar a tecla Windows traz a Dash, com as lenses, o lançador lateral (que é inativo até você passar o mouse lá) e o campo de busca. Mas nada disso ocorre de maneira rápida. Muitas vezes apertei a tecla Super (a que tem o logo do Windows) e digitei o nome do programa, apertei enter... apenas para descobrir que a Dash não tinha aberto ainda. Há um delay considerável ao abrir a Dash que dá a impressão de ser uma aplicação separada e não parte do ambiente desktop, o que arruina a experiência coesiva e o primor visual do Unity. Tenho uma experiência parecida ao usar o Xfce e compará-lo com o Windows. Enquanto que clicar no menu "Iniciar" do Windows provê feedback instantâneo, o menu do xfce possui um delay bastante considerável para aparecer, deixando bem claro que há uma aplicação sendo carregada no background e que aquilo não é parte do ambiente. O Unity sofre com isso em sua Dash, que demora a responder e a aparecer, estragando o workflow fluído desejado.
Mas nem tudo é ruim. Pessoalmente acho que não existe idéia melhor do que juntar a systray, o relógico, a barra de títulos e os menus num só lugar. Isso realmente dá um toque diferente e limpa a interface de sujeiras inúteis, uma tendência crescente em se tratando de interfaces gráficas de interação. O único problema dessa abordagem é, ao meu ver, quando se tem um programa não-maximizado à frente e um maximizado atrás. A barra superior parece pertencer ao programa no background quando na verdade pertence à janela à frente. Isso pode confundir no começo, mas não me parece algo tremendamente importante a ponto de atrapalhar a experiência.
A Central de Programas mantém a tradição: bonita, bom design de interação, intuitiva... mas lenta. E um pouco bugada também, pois nem sempre abria quando eu precisava dela, me levando a apelar para um dpkg -i ou apt-get install algumas vezes.
Em geral, a única reclamação é realmente a falta de responsividade do sistema comparado com outras distros. Eu acharia que era culpa do hardware se não tivesse tido uma experiência bem mais responsiva com o Fedora 15 e Gnome3. Quanto a questões de configuração, absolutamente tudo que eu precisei funcionou out-of-the-box ou com pouquíssimo trabalho. Muito menos trabalho que eu tive com o Fedora, o que faria o Ubuntu minha recomendação número um para usuários finais acostumados com as novas revoluções tecnológicas (principalmente na questão de design de interação) mas que não necessariamente tenham conhecimentos técnicos. É a distro perfeita para a nova geração dos smartphones e tablets que querem algo que funcione bem e funcione bonito, sem ter medo de aprender formas novas de fazer as coisas mas também sem vontade de ter que aprender como algo funciona internamente para poder usá-lo.
Essa é uma distinção importante pois frequentemente vejo pessoas agrupando usuários finais como grupo de pessoas que não sabem o que fazer se um ícone muda de lugar, e a realidade hoje em dia não é bem essa.
No geral, uma ótima distribuição mas que realmente pecou na responsividade. Não deixa o ambiente inusável, mas o torna mais frustrante com os diversos delays.
Satoshi
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Impressões sobre o Ubuntu 11.10
#1 Por Satoshi
01/02/2012 - 16:48