Eu, os cachorros e meu tio

C-47 disse:

Minha relação afetiva com os cachorros veio com a maturidade. Quando era mais jovem gostava deles como uma opção de proteína. Mas, depois que parei de comer mamíferos, comecei a ver os cachorros e os outros animais, de forma diferente. E, essa mudança ocorreu quando minha filha pediu um cachorro de presente.
Ainda alienado, entretanto, comprei uma Pinscher. Hoje, adotaria. A cachorrinha, quem cuidou fui eu. Dava banho, alimentava, levava ao psiquiatra (ela era totalmente pirada) e passeava. Minha filha nunca quiz saber. Essa cachorra foi minha primeira grande paixão animal. Quando morreu, 15 anos depois, de um cancer no pancreas, que a levou em 5 dias, conheci a dor de uma grande perda afetiva. Não quiz mais nenhum cachorro. Hoje, brinco com os cachorros alheios.
Alguns anos após a morte, um casal de japoneses, que morava em Itatiaia, precisou viajar ao Japão e não tinha quem cuidasse de uma labradora, a quem deram o nome de Moe (em japonês: 萌え). Como fazia biscates na casa deles como eletricista e jardineiro, perguntaram se eu aceitaria ficar 1 mes lá cuidando da Moe.
Aceitei de bom grado, faria até de graça. Era uma mansão, com piscina nos fundos da casa e um grande jardim gramado. Moe foi minha segunda paixão. Com ela, voltei a ser criança. Rolávamos na grama e nadavamos na piscina. Era uma festa.
Quando fui embora, Moe foi para a janela para me ver partir. Tirei uma foto. Mas, não precisava. Guardo, até hoje, na minha retina cansada, o olhar de tristeza no seu rosto.
Confesso que chorei. Nunca mais a vi e não mais a verei pois, o casal voltou para o Japão e soube que ela é morta.
De um modo geral me dou bem com os bichos e mal com as pessoas. Com a idade, fiquei misantropo.
Semana passada decidi trabalhar como passeador de cachorros. Mas, só aceito levar dois de cada vez. É para que eles possam passear de verdade e não ser arrastados pela rua.
Abomino esses idiotas que arrastam seus cachorros pela coleira, pedalando uma bicicleta.

edutango disse:

Mas uma bela crônicA do mestre C 47

Triste mais pungente
Que nos remete a passado sombrio . e como uma ecmenésia me fez lembrar da velha moringa no parapeito da janela com tépida água perto de secular mangueira no quintal da minha juventude e minha cadela Laika a latir pros céus como se esse existisse

Cãomandante disse:

Depois que nossa pit bull, Fifi (Fidgi) foi para o ceu aos 15 anos, teve que ser eutanaziada, nao quis ver ser sacrificada, jurei que nunca mais teria outro cachorro