Windows: a história da origem do nome do sistema da Microsoft

Windows: a história da origem do nome do sistema da Microsoft

A trajetória do Windows como produto teve início em 1985, com o lançamento do Windows 1.01. Você provavelmente já ouviu a história de que o nome foi escolhido em alusão ao fato de a interface gráfica trabalhar com janelas.

No entanto, a escolha do nome do sistema operacional da Microsoft tem mais camadas do que se imagina, revelando detalhes e lições valiosas sobre posicionamento de marca, que você descobrirá neste artigo.

Da área de cosméticos para o mundo dos computadores

Entre os fatos frequentemente revisitados da era oitentista da história dos computadores, a fase em que John Sculley assumiu o posto de CEO da Apple é sempre mencionada.

Primeiramente, porque ele teve um embate direto com Steve Jobs, que culminou na saída do cofundador da Apple em 1985.  Além disso, Sculley vinha de um mercado completamente diferente, atuando como executivo da Pepsi. Quando Jobs o abordou para a contratação, usou uma frase que ficou famosa: “Você quer passar o resto da vida vendendo água com açúcar ou quer ter uma chance de mudar o mundo?”

O que poucas pessoas sabem é que a escolha do nome “Windows” também está relacionada a alguém que, assim como Sculley, não tinha conexão com o mercado de computadores e software, mas que acabou integrando a empresa fundada por Bill Gates e Paul Allen. Essa pessoa é Rowland Hanson, que ocupava o cargo de vice-presidente de marketing da Neutrogena Corporation, empresa do ramo de cosméticos adquirida pela Johnson & Johnson em 1994.

Rowland Hanson

Hanson chegou à Microsoft no início de 1983. Como relatado no livro “Barbarians Led by Bill Gates”, escrito por dois ex-funcionários da Microsoft, Jennifer Edstrom e Marlin Eller, Bill Gates não se preocupou com o fato de Hanson não ser do ramo de computadores. “Não me interessa se ele sabe alguma coisa sobre computadores. Preciso de um cara que realmente entenda de branding”, afirmou Gates.

O impacto da marca como critério

Durante uma reunião com Gates, Hanson foi questionado: qual a diferença entre um creme hidratante que custa US$ 1 por onça e outro que custa US$ 100 por onça? Hanson respondeu que, tecnicamente, não havia diferença. “A vaselina funciona tão bem quanto o creme hidratante diário da Clinique. Inclusive, pode ser mais eficaz.”

Gates, então, prosseguiu: “Então, qual é a diferença?” E recebeu a seguinte resposta: “A marca. A imagem criada ao redor da marca.”

Era exatamente isso que Gates queria ouvir. Ele precisava de alguém com o potencial para elevar sua marca a outro patamar. Gates sabia que, assim como nos cosméticos, os softwares precisavam não só entregar funcionalidades, mas também criar uma percepção positiva nos consumidores.

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Acordo firmado. Hanson assumiu como vice-presidente de comunicações corporativas. Em resumo, ele seria o cara que pensaria em estratégias para posicionar a Microsoft na liderança do mercado de software.

Foi Hanson quem reforçou que a empresa deveria incluir o nome “Microsoft” antes dos nomes de seus softwares. Por exemplo, em vez de chamar o editor de textos apenas de “Word”, comercialmente ele deveria ser chamado de “Microsoft Word”. A ideia era simples: associar a confiabilidade do software ao nome da empresa.

E também foi Hanson que defendeu que o sistema operacional deveria se chamar Windows, a contragosto do próprio Bill Gates e outros funcionários.

Gates queria “Interface Manager”

Internamente, o projeto que viria a ser conhecido como Windows era chamado de “Interface Manager”. Já para a imprensa, que cobria os passos da Microsoft e de outras empresas no lançamento de sistemas com interface gráfica, o termo “Windows” era recorrente.

Termos como “Windows Manager”, “Windows Shell” e “Windows System” eram frequentemente usados. Devido ao atraso da Microsoft em lançar seu software (inicialmente programado para abril 1984, mas lançado apenas em 1985), Hanson percebeu como a imprensa estava moldando a comunicação sobre sistemas operacionais com interface gráfica.

Isso gerou uma certeza em Hanson: o produto precisava se chamar Windows!

Da resistência à vitória

Assim como acontece com inúmeros produtos icônicos, houve um grande impasse interno para a definição do nome. Muitos desenvolvedores preferiam que o sistema fosse chamado de “Interface Manager”, sugestão que Gates também apoiava.

Por outro lado, Hanson argumentava de todas as formas possíveis que “Windows” era a melhor escolha. Ele levou o argumento diretamente a Gates, insistindo que ele teria que tomar a decisão final.

A escolha foi Windows

“Sempre dissemos internamente que saberíamos que nossa estratégia de branding era bem-sucedida quando os consumidores começaram a pedir a marca da Microsoft, independentemente do aplicativo, e isso começou a acontecer no final dos anos 80, relembra Hanson em seu blog. 

O Windows chegou ao mercado no dia 20 de novembro de 1985, custando US$ 99.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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