A WFA (WiI-Fi alliance), organização responsável pela padronização dos protocolos Wi-Fi, anunciou medidas que visam simplificar a distinção entre as várias gerações de tecnologias de redes sem fio. Essa nova forma de abordagem terminológica será encabeçada pela nova geração do padrão de conexão wireless, chamada Wi-Fi 6, um nome mais simples e comercial para o 802.11ax, sucessor do 802.11ac, que você deve conhecer até então como Wi-Fi AC.
Antes de entrarmos no novo padrão e a forma como ele se difere dos anteriores permita-me voltar um pouco no tempo para que você possa compreender melhor a evolução do Wi-Fi.
Há 21 anos o o IEEE (Institue Electronics Engineers) implementou o padrão de conectividade sem fio IEE 802.11, que a princípio tinham taxas de transmissão de 1 e 2 Mbp/s. A evolução para tecnologias melhores aconteceu naturalmente. Em 1999 apareceu o IEE 802.11b e 802.11a, alcançando taxas de transmissão de 11 e 54Mbps, respectivamente.
Neste mesmo ano surgiu a WECA (Wireless Ethernet Compatibility Alliance), grupo que reunia representantes de empresas de peso como Nokia e Lucent, ficando responsável pela padronização dos protocolos da IEEE 802.11. Em 2003 esse grupo passou a se chamar Wi-Fi Alliance. No mesmo ano surgiu um novo padrão o 802.11g, que mantinha a taxa de transmissão de até 54 Mb/s, assim como o anterior, porém operando na faixa dos 2,4 GHz, ao contrário dos 5 GHz do 802.11b.
Finalizado em setembro de 2009, o sucessor do 802.11g foi o 802.11n, com transmissão de dados na casa dos 300 Mb/s, podendo alcançar, teoricamente, 600 Mb/s, além de implantar o recurso MIMO (multiple-input multiple-output) que é a tecnologia que usa vários transmissores e receptores para a transferência de mais dados ao mesmo tempo.
Chegamos após o 802.11n o padrão que a indústria popularizou nos últimos anos, trata-se do 802.11ac, implantado em 2003. A taxa de transferência fica na casa dos 2 Gb/s.
Com o Wi-Fi 6 temos uma simplificação da forma de identificação para o nome técnico, que no caso é o 802.11ax. A Wi-Fi Alliance não adotou essa facilitação apenas para esse padrão, antecessores também foram reformulados. A lista ficou assim:
- Wi-Fi 4 – referente ao padrão Wi-Fi N (802.11n)
- Wi-Fi 5 – referente ao padrão Wi-Fi AC (802.11ac)
- Wi-Fi 6 – referente ao padrão Wi-Fi AX (802.11ax)
As versões anteriores 802.11a, b e g não foram renomeadas, já que não são mais utilizados. De acordo com a Wi-Fi Alliance essa mudança é uma forma de facilitar para indústria, que produz equipamentos de rede, como para os consumidores que conseguirão identificar de forma mais simples se o roteador, por exemplo, é compatível ao padrão mais recente do Wi-Fi.
“Por quase duas décadas, os usuários de Wi-Fi tiveram de passar por convenções técnicas nos nomes para determinar se seus aparelhos possuíam suporte para o Wi-Fi mais recente. A Wi-Fi Alliance está animada em introduzir o Wi-Fi 6, e apresentar um novo modelo de nomenclatura para ajudar o mercado e os usuários de Wi-Fi a entenderem facilmente a geração de Wi-Fi suportada pelo seu aparelho ou conexão”, afirmou o presidente e CEO da Wi-Fi Alliance, Edgar Figueroa, em comunicado.
Essa mesma facilitação é incorporada há muito tempo no padrão 802.15.1, que você conhece muito bem por Bluetooth. A sua versão mais recente é a Bluetooth 5.0. Outo padrão com um nome mais simplificado é o 802.11ad, conhecido por WiGig, uma forma de indicar a compatibilidade com a banda de 60 GHz.
Pronto, agora que você já está situado com a nova forma de nomenclatura, vamos falar mais profundamente sobre o Wi-Fi 6, ou para quem ainda quer seguir a cartilha técnica, o padrão 802.11ax.
Como explica a Cisco, a tecnologia wireless está evoluindo, impulsionada por ainda mais dispositivos, mais conexões e mais aplicativos que consomem cada vez mais largura da banda. No futuro as redes Wi-Fi precisarão de ainda mais capacidade e confiabilidade, é aí que entrada sexta-geração, o 802.11ax, ou Wi-Fi 6.
Com o Wi-Fi 6 a previsão é que esse padrão consiga lidar com a velocidade, teórica, de 14 Gb/s, enquanto na prática transmissão estará na casa dos 11 Gb/s. Diferentemente do Wi-Fi 5 (802.11ac) que opera em apenas em 5 GHz, o Wi-Fi 6 é dual-band: 2.4 GHz e 5 GHz. Outras promessas são um consumo de energia menor para os dispositivos conectados e uma maior capacidade em manter um bom alcance com barreiras, como parede, que acabam atrapalhando a propagação do sinal.
O Wi-Fi 6 também incorpora o acesso múltiplo por divisão de frequência ortogonal (OFDMA), presente no 4G LTE. Com essa tecnologia é possível dividir cada canal em subcanais, com pequenas variações na frequência, impactando diretamente na velocidade de transmissão e na quantidade de dispositivos que podem se conectar simultaneamente ao roteador. No quesito segurança o Wi-Fi 6 oferecerá o protocolo de segurança WPA3, que substituirá o WPA2, e fornecerá uma camada de proteção contra ataques de força bruta.
Para dispositivos móveis, como notebooks e smartphones a compatibilidade e navegação em redes Wi-Fi 6 terão um impacto menor no consumo de energia, em relação aos padrões passados. A economia prometida é de cerca de 2/3.
Broadcom, Intel e Qualcomm são os primeiro parceiros da Wi-Fi Alliance que estão entregando chips compatíveis com o Wi-Fi 6.A primeira a apostar nesse novo padrão foi a Broadcom, anunciando seus primeiros chips compatíveis no ano passado, com capacidade de gerenciar até 50 dispositivos ao mesmo tempo e suporte a taxa de transferência de até 5 Gb/s. Já a Intel, anunciou o seu primeiro chip em janeiro deste ano. O suporte é para até 256 dispositivos de forma simultânea e taxa de transferência na casa dos 2 Gb/s.
Aos poucos também vão sendo anunciado os roteadores compatíveis com essa tecnologia. ASUS, TP-Link e D-Link são algumas das já anunciaram roteadores 802.11ax (Wi-Fi 6). Confira abaixo alguns exemplos:
ROG Rapture GT-AX11000
O primeiro modelo é o ROG Rapture GT-AX11000 da taiwanesa ASUS. Ele pode ser encaixado na categoria de “roteador gamer”, voltado para usuários mais exigentes, como gamers e entusiastas que irão lidar com redes de alta velocidade.
O Rapture GT-AX11000 é o primeiro roteador tri-band compatível com Wi-Fi 6 (802.11ax). São duas bandas de 2,4 GHz e uma de 5 GHz. Uma dessas bandas de 5 GHz pode ser reservada para o console, por exemplo, impedindo que conexões paralelas causem qualquer tipo de congestionamento com a banda reservada apenas para esse elemento central para a jogatina.
Ele é projetado para redes super exigentes, que a taxa de transferência agregada alcance 11.000 Mb/s. A divisão, de acordo com a banda, é a seguinte: até 1148 Mb/s para 2.4 GHz e até 4804 Mb/s para cada banda de 5 GHz.
Archer AX6000
O Archer AX6000 é o primeiro roteador da TP-Link compatível com o Wi-Fi 6. A companhia reforça a presença do hardware deste modelo: processador quad-core de 1,8 GHz, com três coprocessadores e 1 GB de RAM.
Este roteador é dual-band, operando em 2.4 GHz e 5 GHz. A taxa de transferência agregada fica próximo aos 6.000 Mb/s, dividida entre 1.148 Mbps na banda de 2,4 GHz e 4.804 Mbps na banda de 5 GHz.
DIR-X9000
A D-Link aproveitou o conceituado design do roteador DIR-890L, sim, aquele mesmo estilo aranha, pra anunciar um novo modelo baseado nesse conceito mas que segue o Wi-Fi 6. Estamos falando do DIR-X90000. Assim como o modelo da ASUS ele é tri-band: 1x de 2.4 GHz e 2x de 5 GHz, e também promete uma taxa de transferência agregada de 11.000 Mb/s.
Quando o Wi-Fi 6 chega ao mercado?
O programa de certificação com o novo nome estará disponível a partir de 2019 , quando começaremos a ver realmente os primeiros produtos que seguem o novo padrão. Os dispositivos com Wi-Fi 6 terão uma certificação que será a Wi-Fi CERTIFIED 6 ™. Além dos dispositivos de gerenciamento da rede ainda levará um tempo até vermos os primeiros portáteis, como notebooks e smartphones capazes de interagir com esse novo padrão.
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