Enquanto o VMware cria um ambiente virtual, que permite executar uma cópia do Windows e rodar os programas sobre ela, o Wine usa uma abordagem mais direta: simplesmente rodar os programas diretamente.
Não existe originalmente qualquer compatibilidade entre os programas do Windows e Linux. Os dois sistemas não possuem sequer uma base comum, são realmente duas coisas bem diferentes.
A equipe do Wine faz um trabalho de formiguinha, incluindo suporte às funções usadas no Windows, uma a uma. O conjunto destas funções é chamado de API (application programing interface). O Wine é justamente uma implementação da API do Windows, que permite executar os programas no Linux como se fossem aplicativos nativos.
O problema reside justamente no fato da API do Windows ser fechada e existirem muitas chamadas escondidas e até mesmo bugs que são usados pelos programas. A única forma de descobri-las é na base da tentativa e erro, o que faz com que o desenvolvimento do Wine seja bem lento.
O Wine foi provavelmente o maior alpha da história. Foram 12 anos, desde o anúncio das primeiras versões, em 1993. Em 25/10/2005 foi finalmente lançada a primeira versão beta, que indicou uma mudança de rumos no projeto.
Até então, mudanças estruturais aconteciam a cada novo release, fazendo com que muitos programas que rodavam em uma versão não funcionassem mais na seguinte. Isso dificultava muito o uso do wine, pois a única forma de ter certeza que um determinado software iria funcionar seria usar a mesma versão e distribuição que o autor da dica estava usando. Você pode ver mais detalhes sobre esta fase negra neste tutorial que publiquei anteriormente: https://www.hardware.com.br/tutoriais/usando-wine/.
A entrada no estágio beta indicou que o software passou a ser muito mais estável e previsível, fazendo com que as novas versões simplesmente incluam novos recursos, e não novos problemas. Vale lembrar que mesmo em estágio alpha, o Wine já rodava uma quantidade muito grande de aplicativos, como o Office, AutoCAD, Photoshop, IE, Lotus Notes e um sem número de pequenos programas. Daqui pra frente a lista tende a aumentar.
Note que o Wine não é perfeito. Mesmo programas que são considerados compatíveis rodam muitas vezes com pequenos defeitos ou pequenas diferenças em relação ao Windows e muitos programas simplesmente não rodam.
Você pode encontrar uma lista de alguns programas testados no: http://www.frankscorner.org/. Naturalmente, esta lista está longe de ser completa, de forma que a melhor forma de saber se um determinado programa roda ou não é simplesmente testando.
O melhor lugar para baixar a última versão do Wine é na própria página do projeto, onde você encontra pacotes para várias distribuições: http://www.winehq.org/site/download.
Para instalá-lo no Ubuntu, Kurumin e outras distribuições derivadas do Debian, adicione a linha abaixo no arquivo “/etc/apt/sources.list”:
deb http://wine.sourceforge.net/apt/ binary/
Depois de rodar o “apt-get update”, instale o Wine usando o apt-get:
A maioria das distribuições incluem pacotes próprios do Wine. No Ubuntu, por exemplo, ele está disponível no repositório “Universe”. O “-t binary” no comando faz com que o apt-get instale a versão disponível no repositório que adicionamos, ao invés de instalar o pacote disponível no repositório principal do Debian ou Ubuntu.
Depois de instalado, rode o “winecfg” (desta vez usando seu login de usuário, não o root). Ele se encarrega de criar as pastas e arquivos de configuração usados pelo Wine:
Dentro do painel de configuração, clique em “Drives > Autodect”, isso faz o winecfg criar a configuração que permite que os programas Windows acessem arquivos dentro do seu diretório home e em outras pastas do sistema. O diretório home é geralmente visto dentro dos programas Windows com o drive “H:” e o diretório raiz aparece como o drive “Z:”, mas isso pode variar de acordo com a configuração da sua máquina.
Na aba “Applications” você pode escolher qual versão do Windows será simulada. A maior parte dos programas roda melhor escolhendo “Windows 98”, que é a opção recomendada. Mas, alguns programas só instalam no Windows 2000 ou XP. Nestes casos, você pode experimentar abrir novamente o winecfg e trocar a versão.
Se você pretende usar o som dentro dos aplicativos Windows, acesse a aba “Audio” e marque a opção “Alsa”, no lugar do “OSS” que vem marcado por padrão. Se preferir desativar o som, basta desmarcar ambas as opções.
Depois de salvar a configuração no winecfg, o Wine já está pronto para uso. Um passo importante é instalar o “dcom98” dentro do Wine. Ele é uma atualização importante, necessária para que vários programas rodem corretamente sob o Wine. O arquivo de instalação pode ser baixado no:
http://download.microsoft.com/msdownload/dcom/98/x86/en/dcom98.exe
Para executar programas do Windows, você chama o comando “wine”, seguido do programa Windows que vai ser executado dentro dele. Para instalar o dcom98, use o comando:
Você pode associar os arquivos “.exe” com o Wine no Konqueror, de forma a executá-los simplesmente clicando sobre eles no gerenciador de arquivos.
Para isso, clique com o botão direito sobre um arquivo “.exe” qualquer. Nas propriedades, acesse a opção “Abrir Com” e, no campo para indicar o programa, escreva “wine” e marque a opção “Lembrar da associação de aplicativo para este arquivo”:
A partir daí, ao clicar sobre qualquer executável do Windows, ele será executado automaticamente através do Wine.
Todos os programas instalados através do Wine vão para dentro da pasta “.wine/drive_c” dentro do seu diretório de usuário. Dentro dela, você verá as pastas “Windows”, “Arquivos de programas” e outras usadas pelos programas. Nas versões recentes, o Wine se encarrega também de incluir ícones para os programas instalados no menu:
Aqui estou rodando o Flash MX, um dos programas bem suportados, que instala e roda sem problemas visíveis:
Uma observação é que os programas executados pelo Wine podem (na configuração padrão) ler e modificar arquivos dentro do seu diretório home. Isto significa que, em algumas situações, como ao executar um arquivo infectado através do Wine, o vírus pode apagar ou modificar seus arquivos.
Para evitar essa possibilidade, você pode executar o Wine usando um usuário separado. Crie um novo usuário usando o “adduser” ou o “users-admin” e use o “sux” ou o “su” para logar-se como ele, como em:
Qualquer programa executado usando este usuário separado poderá no máximo modificar arquivos dentro do home dele, sem risco para seus arquivos.
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