Usando o Wine

Enquanto o VMware (https://www.hardware.com.br/livros/linux/rodando-linux-sem-sair-windows.html) e outros softwares de virtualização criam um ambiente virtual, que permite executar uma cópia do Windows e rodar os programas sobre ela, o Wine usa uma abordagem mais direta: simplesmente rodar os programas diretamente. Isso é enfatizado pelo próprio nome do projeto, onde o Wine é abreviação de “Wine is not an emulator”, ou seja, “o Wine não é um emulador”.

Originalmente, não existe qualquer compatibilidade entre os programas do Windows e Linux (https://www.hardware.com.br/livros/linux/): os dois sistemas não possuem sequer uma base comum, são realmente duas coisas bem diferentes. A equipe do Wine faz um trabalho de formiguinha, incluindo suporte às funções usadas no Windows, uma a uma. O conjunto destas funções é chamado de API (application programing interface). O Wine é justamente uma implementação da API do Windows, que permite executar os programas no Linux, como se fossem aplicativos nativos.

Para evitar acusações relacionadas a uso de propriedade intelectual, todo o desenvolvimento é feito usando um sistema clean-room (“sala limpa”, em analogia aos ambientes livres de partículas, usados para a fabricação de processadores e outros equipamentos sensíveis). Nesse processo, um desenvolvedor com acesso ao software ou ao código que será duplicado, realiza testes e descreve seu funcionamento e o time principal desenvolve a nova implementação com base nessa descrição escrita, sem ter acesso ao código original.

A necessidade de tomar tantos cuidados, combinada com a própria complexidade da API do Windows, com todas as suas chamadas escondidas e bugs (que são muitas vezes utilizados por alguns aplicativos para implementar recursos adicionais), faz com que o desenvolvimento do Wine seja bastante lento.

O Wine foi provavelmente o maior alpha da história. Foram 12 anos desde o anúncio da primeira versão, em 1993. Em outubro de 2005 foi finalmente lançada a primeira versão beta, que indicou uma mudança de rumos no projeto.

Até então, mudanças estruturais aconteciam a cada novo release, fazendo com que muitos programas que rodavam em uma versão não funcionassem mais na seguinte. Para complicar, as distribuições costumavam aplicar um grande volume de patches adicionais, com o objetivo de melhorar a compatibilidade com aplicativos específicos. Isso aumentava ainda mais as diferenças e dificultava muito o uso do Wine, fazendo com que a única forma de ter certeza que um determinado software iria funcionar seria usar a mesma versão e distribuição que o autor da dica estava usando.

A entrada no estágio beta indicou que o software passou a ser muito mais estável e previsível, fazendo com que as novas versões simplesmente incluam novos recursos e não novos problemas. A fase beta continuou por mais quase 3 anos, até que foi lançada a versão 1.0, em junho de 2008, nada menos do que 15 anos após o início do projeto.

A partir de então, o Wine passou a utilizar uma metodologia de desenvolvimento similar à usada no kernel, onde as versões estáveis recebem final par (1.0, 1.2, etc.) e as versões de desenvolvimento recebem final ímpar (1.1, 1.3, etc.). Isso torna a escolha muito mais simples, já que você pode começar com a versão estável mais atual e dar uma olhada na versão de desenvolvimento caso ela falhe em rodar os aplicativos de que precisa.

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