Se você é um gamer experiente e consciente já está mais do que calejado em relação aos vídeos de apresentação gráfica – principalmente aqueles exibidos em eventos como a E3, que num primeiro momento é uma coisa mas, na prática, quando chega ao jogador tudo muda de figura. Mesmo com essa ressalva é impossível não ficar impressionado com o vídeo revelado pela Epic Games demonstrando o potencial do motor gráfico Unreal Engine 5 numa demo em tempo real rodando no PlayStation 5.
A escolha do PlayStation 5 para essa demonstração não foi por acaso. O CEO e fundador da Epic, Tim Sweeney, já deixou bem claro que aposta alto no console, e promove constantemente o avanço que o novo console da Sony entrega em termos de arquitetura. A Sony é uma grande parceira da Epic para a nova nessa geração.
Sweeney diz, inclusive, que o mercado de consoles irá ditar o rumo do PC. Além da sempre discutida questão dos teraflops do chip gráfico que equipa os consoles, especificamente nessa geração temos uma transição importante na unidade de armazenamento. A passagem do HD para o SSD, e, falando especificamente do PlayStation 5, o SSD PCIe implementado parece ser um dos grandes trunfos que o console tem para lidar com games tão realistas quanto esses do vídeo da Epic.
Os SSDs são essenciais para visualizar instantaneamente o mundo dos jogos com volumes de dados de várias dezenas de gigabytes. O executivo da Epic tem certeza que o mercado de PCs terá que acompanhar o desenvolvimento da Sony nesse aspecto da solução de armazenamento.
O Xbox Series X também utilizará um SSD de alta velocidade, mas a Epic Games dá destaque para esse trabalho mais próximo com a Sony.
O vídeo demonstra tudo aquilo que todos os gamers esperam em termos gráfico para essa nova geração, como o comportamento altamente realista da luz. Nesse quesito específico o carro-chefe da Epic é a tecnologia chamada Lumen, um sistema poderosíssimo de processamento de reflexões difusas com reflexões infinitas e reflexões indiretas em ambientes enormes e detalhados.
Brian Karis, Diretor Técnico de Gráficos da Epic Games, que conduziu a demonstração do vídeo juntamente com Jerome Platteaux, Diretor de Arte de Projetos Especiais, explica que há alguns anos a equipe da Epic se reuniu para discutir em que pontos eles poderiam elevar o patamar do poderio gráficos dos games.
Duas áreas foram escolhidas: iluminação dinâmica global – ponto pacífico na indústria atualmente, o mercado de games como um todo busca esse avanço e realismo do comportamento da luz. O segundo ponto é uma geometria verdadeiramente virtualizada. Esse verdadeiramente se refere a capacidade dos artistas trabalharem sem uma limitação de contagem de polígonos.
Platteaux explica que isso é fantástico para o desenvolvedor, já que ele consegue, por exemplo, importar modelos diretamente do ZBruash, fotogrametrias – fotografar e digitalizar o mundo real e gerar objetos virtuais a partir dele, e dados do CAD sem ter que ficar perdendo tempo em reduzir a qualidade para atingir uma determinada taxa de quadros. Essa nova era para o desenvolvimento que a Epic está promovendo, sintetizado na ideia de “arte que funciona”, foi batizado de Nanite, o novo motor de geometria da Epic.
Para demonstrar todo o potencial que os games dessa geração podem oferecer, a Epic soltou o tech demo intitulado Lumen na Terra de Nanite, rodando em tempo real no PlayStation 5. De início, a demonstração já surpreende com o comportamento da iluminação altamente realista e os detalhes das pedras, desenvolvimento com base no conjunto de texturas Quixel Megascan. Há suporte para bilhões de triângulos e uso de textura em 8K, graças a à texturização virtual.
Como dissemos acima, a Nanite consegue lidar perfeitamente com bilhões de polígono sem perder qualidade. Esses mais de 1 bilhão de polígonos em cada quadro são reduzidos sem perda para 20 milhões de triângulos desenhados. Só para você ter uma ideia da quantidade realmente impressionante no número de polígonos em determinado caso, em dado momento do vídeo é mostrado uma estátua, importada diretamente do ZBrush, ela é composta por 33 milhões de polígonos.
E o que falar então do conjunto de 500 estátuas numa sala que, no total, representa 16 bilhões de polígonos.
A quantidade de triângulos nessa demo é assombrosa, alguns são tão pequenos que remetem a ruídos de uma imagem, mas não, fazem parte do processamento.
Assim como o Ray Tracing, que a Unreal Engine 5 também suporta, o comportamento da iluminação na Lumen é totalmente dinâmico. O comportamento do som também é algo totalmente mais imersivo, com a captação e variação mais posicional.
Vale lembrar que esse quesito é um dos mais enfatizados pela Sony para o PlayStation 5. Inclusive, o novo console da gigante japonesa tem um chip dedicado que faz uso de algoritmos HRTF, numa versão modificada, para entregar um nível de espacialidade sonora jamais visto nos consoles anteriores. A imersão não é criada apenas pela imagem, mas também pelo som!
A Nanite também conta com um sistema de efeitos chamado Niagara, assim como a versão 4.25 da Unreal Engine. Essa tecnologia é destacada na cena do enxame de morcegos. A Epic explica que essa tecnologia consegue se comunicar e entender o ambiente como nunca. Nessa mesma área é mostrado a simulação de fluídos, quando a personagem caminha sobre uma área molhada.
A interação com o movimento de suas pernas apresenta um comportamento bem mais realista que os jogos atuais. No entanto, o ponto alto da Niagara no vídeo é quando a personagem liga uma fonte de luz em direção aos escaravelhos, o comportamento de tantos elementos em cena impressiona.
Embora o personagem ainda pareça um avatar, longe de um aspecto realmente humano – a movimentação e o cabelo ainda são bem artificiais, é interessante observar o progresso em relação à física. Repare na cena que a personagem escala, a movimentação do cachecol e o fato dele não atravessar o tronco dela em nenhum momento.
A parte final do vídeo é o ápice de tudo que foi mencionado, já que a personagem, no maior estilo salto de fé, plana por diversos pontos do cenário, mantendo o belíssimo comportamento de luz promovido pela Lumen, as texturas altamente detalhadas suportado pela Nanite, o som posicional e a física e sistema de efeitos Niagara e o sistema de destruição de partículas Chaos.
O site Eurogamer, que conversou com o vice-presidente de engenharia da Epic Games, Nick Penwarden, diz que na demonstração foi utilizado resolução dinâmica, embora na maioria dos casos a tech demo foi processada em 1440p (rodando a 30 fps).
Nomes de peso da indústria se manifestaram sobre o video divulgado pela Epic Games. Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, classificou como incrível o trabalho executado pela Epic. O executivo também destacou que a Unreal Engine é utilizada por muitas equipes do Xbox Games Studio, incluindo a Ninja Theroy, que atualmente está produzindo Hellblade II, que também impressionou por seus gráficos. Um indicativo que este game está sendo desenvolvido em Unreal Engine 5? Pode ser.
Aaron Greenbarg, chefe de marketing global da divisão da Microsoft, retweetou Spencer, e disse estar super impressionado e que nem pode imaginar como será o Unreal Engine 5 no console mais poderoso do mundo, uma menção ao Xbox Series X, que, em termos de hardware bruto, é o console mais poderoso dessa geração.
Destacamos também a declaração de Lisa Su, CEO da AMD, empresa muito importante em todo o processo, já que tanto o PS5 quanto o Xbox Series X utilizam soluções personalizadas de CPU e GPU produzidas pela gigante de Sunnyvale. Su compartilhou um trecho da tech demo e disse que adora ver a arquitetura RDNA2 em ação. “Demonstração fantástica da Epic Games”, completou a executiva.
A Unreal Engine 5 chega em 2021. O motor poderá ser explorado por diversas plataformas: Android, iOS, PS4, Xbox One, Xbox Series X, PS5 e PC. A Epic já confirmou que o seu jogo, o Fortnite, irá migrar para Unreal Engine 5.
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