Uma lenda do armazenamento: história do IBM 350, o primeiro HD

Uma lenda do armazenamento: história do IBM 350, o primeiro HD

Cobrindo um disco com tinta magnética, a pesquisa de uma empresa descobriu uma maneira de armazenar dados, e que essas informações pudessem ser arquivadas ou encontradas instantaneamente por um braço de acesso. Essa pesquisa da lendária IBM deu origem a uma das inovações mais transformadoras da história. A criação do disco rígido, o HD.

Vamos relembrar a história do primeiro HD, o IBM 350, que equipava o computador IBM RAMAC 305, anunciado no fim dos anos 50.

O caminho para o HD

A história do desenvolvimento dos dispositivos de armazenamento sintetiza de maneira perfeita o que poderíamos usar como um resumo objetivo sobre o conceito de inovação: buscar novos padrões e refinar conceitos.

E a trajetória da evolução do armazenamento está alinhada totalmente com a história da IBM, bem antes da chegada do HD e antes mesmo de IBM ser utilizado como nome da companhia.

Desde 1725 eram utilizados os cartões perfurados, mas foi a partir de 1804 que aconteceu um ponto de virada, com o tear mecânico de Joseph-Marie Jacquard, que lidava com os cartões perfurados. 

Os cartões perfurados eram um princípio de armazenamento em que a informação era perfurada no cartão e lida numa tabuladora, ou no tear.  Até 1950, os cartões perfurados eram o principal meio de armazenamento de dados.

A máquina para a leitura dos cartões perfurados, desenvolvida por Hermann Hollerith em 1880, ganhou notoriedade a partir do seu uso durante o cálculo do censo americano de 1890 e deu o impulso para que Hollerith fundasse a Tabulating Machine Company.

Em 1911, numa união entre a empresa de Hollerith e outras três corporações, foi criada a Computing Tabulating Recording Corporation (CTR), que, inclusive, ganhou representação oficial no Brasil em 1917. As máquinas da CTR foram usadas no Brasil na década de 20 para o cálculo do censo agrícola e demográfico.

Essa empresa foi renomeada em definitivo para IBM (International Business Machine) em 1924 (no Canadá, o nome IBM era usado desde 1917). 

Dos cartões perfurados até o HD, há uma trilha que passa também pelo tubo de williams, tambor de memória e fita UNISERVO.

Foi a partir da década de 50 que o mundo conheceu o HD. A IBM anunciou seus primeiros HDs no dia 14 de setembro de 1956. Um deles era o IBM 350 Random Access Memory, que fazia parte do IBM 305 RAMAC, e o outro era o IBM 355 Random Access Memory, parte do IBM 650 RAMAC.

O disco da IBM

O uso do termo disco remonta a uma época bem anterior aos computadores eletrônicos. Desde 1880, o termo já era utilizado para se referir a uma forma abreviada de disco fonográfico. Em 1953 o disco começou a ser “desenhado” como uma nova maneira de armazenamento para computadores.

Em janeiro daquele ano, os pesquisadores da IBM, em seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento, localizado em San José, Califórnia, liderados por Reynold B. Johson, iniciaram as tentativas para conseguir suprir uma demanda da Força Aérea dos Estados Unidos, que necessitava de um sistema de inventário de acesso aleatório.

Johson e sua equipe tentaram diversos materiais, de placas planas a hastes, conseguiram apenas quando decidiram usar discos rotativos, revestidos com material magnético. Nascia um conceito que permanece quando falamos de HDs: discos rotativos, empilhados, em que os dados são acessados pela cabeça posicionada no braço que se move sobre a superfície do disco. 

Essa inovação precisava de um computador à altura. Como diz a IBM, neste vídeo promocional sobre o desenvolvimento do HD, a equipe destinou 300.000 horas de trabalho para o que ficou conhecido como IBM 305 RAMAC, o primeiro computador equipado com HD, disco que ficou conhecido como IBM 350.

Graças ao HD, este foi o primeiro computador eletrônico capaz de manter os registros atualizados e com disponibilidade instantânea.

IBM 350

IBM 350

Em termos estruturais, o IBM 350 está distante daquele conceito que o grande público tem sobre o que é um HD. Não se trata de um objeto retangular compacto e selado, estamos falando de um titã, com uma magnitude tão impressionante quanto o fuzuê que causou essa inovação na época.

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O IBM 350 era parte integrante de um imenso gabinete com 1,50 metro de altura. O equipamento pesava 795 Kg. Uma unidade separada, que era o compressor de ar, acrescia 200 Kg ao peso do HD da IBM.

O IBM 350 era formado por 50 discos de 24 polegadas de diâmetro. “Ligeiramente separado um do outro, estes discos são montados sobre um eixo vertical, e giram a 1200 RPM enquanto a máquina está em funcionamento”, diz o manual do IBM 305 RAMAC.

A capacidade de armazenamento era de aproximadamente 3,75 MB. Em relação ao custo, o preço de compra era de US$ 34.500, em 1957, de acordo com Tom Gardner, presidente da System Surety Group e voluntário do Museu da História do Computador.

Quando foi anunciado, a IBM não oferecia o HD de maneira separada. Ele era um componente do sistema IBM 305 RAMAC, que tinha um aluguel mensal de US$ 3.200. A IBM diz que mais de 1.000 sistemas IBM 305 RAMAC foram enviados até 1961, cada um com pelo menos uma unidade do IBM 350 (em alguns casos, até dois HDs integrados).

IBM 305 RAMAC no Red River Army Depot em Texarkana, Texas, com duas unidades do IBM 350 em execução

Neste mesmo ano, a IBM anunciou uma nova geração de discos rígidos, o Model 1301.

Na década seguinte, a IBM revolucionou novamente o segmento do armazenamento, com o anúncio do floppy disk. Sim, ele mesmo, o disquete. Mas isso é papo para outra hora.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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