Entendendo os Ultrabooks (e porque eles demorarão a ganhar o mercado)

Entendendo os Ultrabooks (e porque eles demorarão a ganhar o mercado)

O crescimento nas vendas dos tablets acendeu muitas luzes vermelhas no quartel general da Intel. Embora os tablets pelo menos até o momento não tenham impactado de forma significativa as vendas de notebooks (presume-se que eles tenham impactado os netbooks, mas eles não são uma fonte muito significativa de receita para a Intel), eles representam uma grande ameaça, já que são uma plataforma computacional que está se popularizando rapidamente e na qual a Intel simplesmente não têm como competir no presente momento.

A Intel bem que tentou incentivar os fabricantes a produzirem tablets com o Atom, rodando o Windows 7, mas os poucos modelos que foram realmente lançados (como o HP Slate 500) deixaram a desejar, oferecendo uma autonomia pelo menos 50% inferior ao de outros tablets com SoCs ARM, além de serem mais pesados e perderem no quesito da interface, já que a interface do Windows 7 está longe de ser otimizada para uso em tablets.

hp slate 500

É até possível utilizar o Windows 7 em um tablet caso seja usada uma tela resistiva em conjunto com uma caneta stylus, como se fazia na década passada, mas ao adotar o uso de uma tela capacitiva, as coisas se complicam, já que ao usar os dedos não é possível controlar com precisão os elementos da interface.

É importante lembrar que a Intel planejava entrar no mercado vendendo MIDs baseados no Atom, rodando o Moblin. Os MIDs seriam dispositivos portáteis, com ou sem teclado, com telas de 5″ a 7″. Alguns modelos chegaram a ser anunciados, mas nenhum chegou a vender mais do que alguns punhados de unidades.

intelmid

O crescimento do iPad e a invasão de tablets com o Android pegou a Intel com as calças na mão, tendo que correr atrás do prejuízo. Esporadicamente, ainda se fala alguma coisa sobre os MIDs, mas oficialmente todo esforço está sendo agora nos ultrabooks, que representam a resposta da Intel ao crescimento dos tablets:

aspire s3 ultrabook

A princípio, um ultrabook não é muito diferente de um notebook atual, com uma tela na casa dos 13.3″, teclado, uso do Windows, etc. A diferença reside mais nas técnicas de fabricação empregadas e no uso de processadores baseados na arquitetura Sandy Bridge e Ivy Bridge, combinados com um SSD e melhorias na parte de software. Em resumo, eles oferecem uma arquitetura de hardware bem similar à do MacBook Air, com 1.8 ou 2.1 cm de espessura, 1.4 kg ou menos e de 5 a 8 horas de autonomia:

asus

Em resumo, a resposta da Intel aos tablets é uma plataforma móvel atualizada, que emprega novas técnicas de produção para sair do plástico usado atualmente para um corpo de metal, leve, fino e resistente, combinado com os ganhos de desempenho oferecidos pelo uso do SSD.

Embora os ultrabooks não concorram na mesma liga que os tablets, eles devem ser suficientes para atrair a atenção do público dos notebooks, potencialmente convencendo muitos a trocarem o equipamento, além de representar uma vitória psicológica, mostrando que a plataforma PC ainda tem pontos em que evoluir.

Os principais obstáculos são os preços e a insistência da Intel em manter uma grande margem de lucro nos processadores, espremendo as margens dos parceiros e fazendo muitos pensarem duas vezes antes de embarcarem na aventura.

O objetivo inicial é que os ultrabooks sejam vendidos na casa dos US$ 1000, como uma plataforma portátil high-end. A Intel vem usando o termo “tablet Plus”, tentando vender a ideia de que os ultrabooks oferecerão a portabilidade de um tablet, combinada com conveniência e o poder de processamento de um notebook, e que por isso o preço mais alto será justificado. É bastante óbvio que nesta faixa de preços os ultrabooks ficarão restritos a alguns nichos, mas a Intel vem enfrentando problemas também em relação aos fabricantes.

O grande problema é que mesmo nessa faixa de preço estratosférica, os fabricantes parceiros trabalharão com margens de apenas 10%, enquanto a Intel desfruta de margens bem mais confortáveis, vendendo o Core i7-2677 a US$ 317 e o i5-2557 a US$ 250 para os fabricantes. Essencialmente, quase metade do que será gasto em material nos ultrabooks, irá diretamente para os cofres da Intel.

ivy bridge

Isso representa uma fator de risco para os fabricantes, que terão que investir em novas linhas de produção para produzir equipamentos com corpo de alumínio ou magnésio, sem garantia de ter o retorno esperado com as vendas, correndo ainda o risco de a memória flash encarecer devido ao aumento na procura, dificultando o uso dos SSDs.

A maioria dos grandes fabricantes já apresentaram protótipos de ultrabooks, mas ainda resta saber em qual volume eles serão produzidos.

É bem possível que os ultrabooks acabem lentamente ganhando mercado, substituindo os notebooks high-end atuais, conforme fabricantes como a Dell, HP e Lenovo adotem a plataforma e passem a produzir modelos em maior volume e outros fabricantes comecem a apresentar modelos mais baratos baseados em processadores da AMD (estes não serão chamados de “ultrabooks”, mas se o formato for o mesmo, ninguém irá reparar), mas isso vai acontecer lentamente e não existe nenhuma garantia de que eles realmente levem a algum aumento nas vendas de PCs.

Sobre o Autor

Avatar de Carlos E. Morimoto
Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X