Detalhes sobre o Surface, o tablet da Microsoft

Detalhes sobre o Surface, o tablet da Microsoft

Depois de uma semana de mistério, a Microsoft finalmente fez seu “grande anúncio”, que marca a transformação do antigo projeto Surface (destinado a criar mesas inteligentes, com enormes telas sensíveis ao toque que acabou nunca chegando ao mercado por sr muito caro) em tablets com capas coloridas, equipados com o Windows 8 ou o Windows RT:

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A Microsoft anunciou a produção simultânea de versões ARM e x86 dos tablets, equipadas, respectivamente, com o Windows RT e com a versão completa do Windows 8. A versão ARM é baseada no Tegra 3, enquanto a versão x86 usa uma versão de baixo consumo do Core i5.

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Ambos os tablets oferecem uma carcaça de magnésio, criada através de um processo de deposição de metal líquido, batizada de VaporMg, tela de 10.6″, mas as similaridades param por aí. A versão ARM possui apenas 9.3mm de espessura (a mesma espessura do iPad v3) e um peso total de 676g (mais pesado que o iPad), com uma bateria de 31.5 Wh, que é menor que a do iPad v3, mas provavelmente fornecerá uma autonomia similar, considerando que a tela consumirá menos energia. A versão x86 por sua vez é mais espessa (13.5 mm) e mais pesada (903 gramas) e equipada com uma bateria de 42 Wh. Outra diferença crucial é a tela, já que a versão ARM virá equipada com uma tela “ClearType” de 1366×768, enquanto a versão x86 usará uma tela “ClearType HD”, com resolução de 1920×1080.

A versão ARM conta com uma porta USB 2.0, suporte a cartões microSD e saída Micro HD Video, enquanto a x86 oferece uma porta USB 3.0, saída Mini Display Port e suporte a cartões microSDXC. A versão ARM será vendida em versões com 32 e 64 GB, enquanto a versão x86 terá versões de 64 e 128 GB. A versão ARM sera lançada antes, logo depois do lançamento oficial do Windows 8, enquanto a versão x86 demorará dois meses mais.

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O lançamento de seus próprios tablets marca a entrada da Microsoft no ramo de fabricação de hardware, algo que a Apple vem fazendo desde os primórdios da empresa e que o Google também começou a fazer com a compra da Motorola. Talvez, este não fosse o plano original da Microsoft, que talvez preferisse continuar operando apenas no lucrativo mercado do software, deixando que parceiros cuidasem da parte suja do trabalho, correndo riscos e trabalhando duro no desenvolvimento, marketing e vendas dos diferentes dispositivos equipados com ele. Entretanto, a espiral descendente da Nokia e a falha em atrair outros parceiros leais, obrigaram a Microsoft a sujar as mãos e lançar seus próprios tablets.

Naturalmente, a Microsoft já tem experiência com a fabricação do Xbox, bem como de diferentes acessórios, mas o mercado de tablets possui desafios bem diferentes. Com o lançamento também ficou claro que é questão de tempo para que a Microsoft compre o que sobrou da Nokia, e passe a produzir também seus próprios smartphones, convertendo-se em uma empresa bem mais próxima da Apple, que controla tanto o sistema operacional quanto o hardware. As semelhanças são tantas que não se pode deixar de imaginar como a Microsoft decidiu deliberadamente imitar a estratégia da Apple. Veja só:

Tablets e telefones: A Apple vende tanto PCs quanto tablets e smartphones, mas é com o iPhone e o iPad que a empresa realmente ganha dinheiro. A Microsoft tradicionalmente sempre ganhou dinheiro com a plataforma PC, mas com a ascensão dos novos formatos está agora investindo fortemente nos tablets e smartphones, similar ao que a Apple fez meia década atrás.

Appstore: A Apple também ganha muito dinheiro com sua loja de aplicativos, que permite que a empresa adote uma estratégia um pouco similar à das fabricantes de consoles, vendendo o iPad e iPhone com margens de lucro menores que as quais a empresa normalmente trabalharia, contando com a renda certa dos aplicativos. Uma das grandes forças por trás da ênfase na interface Metro e nos seus aplicativos é justamente o fato de permitir à Microsoft embarcar no lucrativo ramo da venda de aplicativos. Como os aplicativos x86 não dão dinheiro diretamente para a Microsoft, eles estão sendo deixados em segundo plano.

Branding: A Apple tem uma marca muito forte, qualquer coisa com um “i” na frente acaba vendendo pelo menos uns 10 ou 50 milhões de unidades antes mesmo que os compradores entendem para quê ele serve. A Microsoft por sua vez tem uma marca mais relacionada com os problemas e suporte ruim ao Windows, algo que a empresa tem se esforçado para mudar (embora o travamento de um dos tablets durante a apresentação não tenha ajudado muito). Vale lembrar que antes de chegar no patamar atual, a Apple também passou pela sua fase das vacas magras, antes da volta de Steve Jobs na década de 90. A Microsoft parece estar focando sua estratégia em muitas das lições aprendidas pela maçã naquele período.

Naturalmente, uma parcela grande dos lucros da Microsoft continuará vindo das vendas de PCs com o Windows, e ao que tudo indica a empresa pretende continuar licenciando o Windows 8 e o Windows RT para outros fabricantes de tablets, mas com a própria Microsoft entrando no jogo, os outros fabricantes tendem a diminuir suas apostas, já que a Microsoft tende a ficar com a maior parte do bolo. Em outras palavras, esta é uma aposta arriscada, já que produzir seu próprio hardware alienará ainda mais os poucos parceiros que ainda restam no mercado móvel, fazendo com que a Microsoft fique dividida entre a queda nos lucros vindos da plataforma PC e uma briga difícil e arriscada para entrar no ramo dos tablets.

iOS e OS X: Assim como a Apple tem dois sistemas, o OSX (destinados aos laptops e desktops) e o iOS (destinados aos portáteis), a Microsoft também tem dois sistemas, com o Windows 8 e o Windows Phone. Tudo aponta para uma fusão entre o Windows RT e o Windows Phone em algum futuro próximo, resultando em um portifólio novamente muito similar ao da Apple.

Outra coisa que fica ainda mais clara é a aposta da Microsoft nos tablets, que podem começar a marginalizar os PCs a partir dos próximos anos, já que todo o músculo de marketing da maior parte das empresas de tecnologia está agora trabalhando para divulgar a plataforma. Se a aposta der certo, futuras versões do Windows virão com uma ênfase cada vez maior no uso de tablets. Se der errado, a Microsoft terá um novo Windows Vista nas mãos.

O fato de a Microsoft ter lançado uma versão ARM com o Windows RT mostra que pelo menos a princípio a empresa ainda acredita no sistema. Entretanto, para mim é a versão x86 que tem alguma chance de conquistar uma fatia considerável do mercado, já que além dos aplicativos Metro, ela permitirá que os usuários tirem proveito de todos os aplicativos x86 com os quais estão acostumados, por um preço apenas um pouco mais alto que o da versão menor com o Windows RT.

Considerando que a Microsoft está lançando seus tablets para disputarem na faixa de preço mais alta do mercado, os modelos com o Windows RT não fazem muito sentido, já que disputarão não apenas com o iPad, mas também com as hordas de tablets com o Android, duas plataformas mais maduras e que possuem catálogos de aplicativos muito maiores. A versão x86 por outro lado tende a encontrar rapidamente seu nicho, atendendo a todo mundo que precisa de alguns aplicativos x86 específicos ou que valoriza a ideia de poder carregar um PC completo em forma de tablet.

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Naturalmente, o uso de uma tela capacitiva limita o uso dos aplicativos x86 de legado, já que eles utilizam interfaces otimizadas para o uso de teclado e mouse. Entra em cena então provavelmente o acessório mais inovador já desenvolvido pela Microsoft, que pode ser definido como uma capa com teclado ou um teclado em forma de capa, como preferir:

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A capa/teclado é realmente um acessório criativo, já que tem aproximadamente a mesma espessura e peso de uma capa para o iPad, e além de cumprir a função básica de proteger o aparelho, serve como um teclado mais ou menos utilizável, que pode ser carregado junto com o tablet para permitir que ele seja usado como um substituto de notebook:

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A Microsoft apresentou duas variantes do teclado, uma com teclas completamente planas, impressas sobre uma superfície sensível ao toque e outro ligeiramente mais espesso (5.5 mm, contra os 3 mm da versão plana) com um teclado chiclete tradicional. Ambos são ataxados ao tablet usando um sistema magnético, bem similar ao usado pelas smart-covers do iPad, em um conector de superfície que além dos ímãs inclui pinos para os dados e alimentação elétrica. Diferente de outros teclados destacáveis, estes teclados da Microsoft não incluem nenhum tipo de bateria, são apenas teclados burros, feitos para serem leves e finos.

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O preço dos tablets é ainda um mistério, mas posso apostar que a Microsoft pretende lançar a versão ARM na casa dos US$ 600 e a versão x86 na casa dos US$ 900. Se estes preços realmente se confirmarem, a Microsoft enfrentará uma batalha morro acima para vender estes tablets em quantidade, já que a versão ARM concorrerá em desvantagem em relação ao iPad v3 (uma plataforma mais madura e ainda por cima mais barata), enquanto a versão x86 enfrentará uma batalha ferrenha com os ultrabooks, que (considerando a espessura adicional da capa) não serão nem muito mais pesados nem muito mais espessos que o tablet da Microsoft.

Naturalmente, a apresentação da Microsoft mostra uma perspectiva muito mais otimista. Você pode deixá-los tentar convencê-lo no video abaixo:

Update: O Digitimes confirmou estimativas de preço similares às minhas. A versão ARM do tablet deve custar acima de US$ 600 e a versão x86 acima de US$ 800. 

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