Smartphones com 24 GB de RAM: balela de marketing ou necessidade futura?

Smartphones com 24 GB de RAM: balela de marketing ou necessidade futura?

Redmi Magic 8S Pro, Redmi K 60 Ultra, One Plus Ace 2 Pro, Realme GT 5. Esses smartphones carregam algumas semelhanças: são de marcas chinesas, foram lançados em 2023 e possuem versões com até 24 GB de memória RAM!

A história tem incontáveis exemplos que comprovam que o progresso tecnológico e o ceticismo caminham de mãos dadas. Introduções de novas tecnologias costumam gerar uma onda inicial de repulsa e dúvida sobre a utilidade daquilo. E essa reflexão é frequentemente revisitada quando falamos das especificações de dispositivos.

Em muitas situações, a impressão é que há uma espécie de um loop eterno de acrescentar specs como uma maneira de impressionar consumidores mais ávidos por números. A mais nova tendência nesse sentido são os smartphones com 24 GB de RAM.

Esse panorama evidencia a clara diferença entre o Android e o iOS como plataforma, e a abordagem comercial de smartphones com base no sistema do Google e o iPhone. A memória RAM é uma especificação que passa praticamente despercebida dos holofotes de divulgação da Apple. A gigante de Cupertino não valoriza muito esse quesito. Já é quase que um consenso entre público e crítica que o iPhone vai rodar bem, independente do número pomposo de RAM que o aparelho apresenta.

Enquanto o mundo dos Android agora abraça os 24 GB, no iPhone a discussão é se o iPhone 15 fará ou não a transição para 8 GB ou se manterá em 6 GB. São mundos tecnológicos distintos.

iPhone 14 Pro Max

Esse olhar sob essa perspectiva da chegada de 24 GB de RAM ao mundo dos smartphones pode ser compreendido sobre o aspecto da divulgação do produto e pelo lado técnico. Considerando o de divulgação, é um acerto.

Muito se discute sobre a ausência de inovação no mundo dos celulares. E isso é um fato. O acréscimo de especificações passa ligeiramente uma sensação de inovação, de que mudanças estão acontecendo. E isso é importante para a indústria manter o interesse por novos produtos.

Mas e em relação ao lado técnico e a questão prática de uso? Bom, é óbvio que dá para trazer alguns pontos funcionais sobre a inclusão de mais RAM ao aparelho.

Em agosto, a OnePlus anunciou o Ace 2 Pro, que se transformou num sucesso imediato. Segundo a companhia, o lote de 200.000 unidades do aparelho foi vendido em apenas 3 minutos. No material oficial de apresentação do aparelho, a empresa destacou que, graças aos 24 GB de RAM, o Ace 2 Pro pode manter até 54 aplicativos ativos ao mesmo tempo, ou 41 aplicativos em execução em segundo plano por 72 horas.

OnePlus Ace 2 Pro

Pronto, aí está o aparato técnico que as empresas vão utilizar para justificar a inclusão dos 24 GB de RAM: a possibilidade de executar mais apps ao mesmo tempo. Isso é útil? Em certa medida, sim. Mas até que ponto aumentar a quantidade de apps que podem ser mantidos abertos, passando para um número que faz sentido apenas em um ambiente de testes, é algo necessário e que justifique isso.

Outro ponto técnico é que mais RAM também pode representar que apps e jogos mais robustos cheguem às plataformas. O passado mostra que em outras situações discussões como essas, sobre o acréscimo de recursos, a necessidade prática acabou acontecendo em algum momento. Um grande exemplo são os processadores de múltiplos núcleos para o computador.

Lembro até hoje quando comprei o AMD Phenom II X4 925, CPU com 4 núcleos. Na época, meados de 2009, ainda se discutia a importância de um processador com 4 núcleos de processamento. A ideia de ir além de dois núcleos se mostrou um grande acerto da indústria. Somado a isso, outros progressos nessa área foram cruciais, como aumentar o desempenho por single-core e também de multicore ao lidar com aplicações, por exemplo.

Nubia Red Magic 8 Pro+

Oposto a isso podemos citar também a integração entre mais de uma placa de vídeo. SLI e CrossFire caíram em desuso no mercado de consumo justamente porque os jogos não estavam sendo devidamente otimizados para esse tipo de arranjo. Ao invés de mais desempenho tínhamos perdas. O progresso em torno de uma única placa, em termos de arquitetura e eficiência energética, fez e faz muito mais sentido do que valorizar o uso de placas emparelhadas para o consumidor final. No momento, os smartphones com 24 GB de RAM estão mais enquadrados no exemplo do SLI e CrossFire.

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No entanto, diferentemente do SLI e CrossFire, que praticamente morreram e não fazem mais sentido em jogos, a adoção de mais RAM aos smartphones pode ser uma peça importante no futuro mobile, ainda mais se a ideia de oferecer uma experiência PC via celular, incluindo com modos que simulem um computador, como o Samsung Dex, ganhe mais notoriedade.

Enquanto o mundo Android caminha para reforçar mais RAM para o aparelho, a Apple teria encomendado toda a produção de chips de 3 nm da TSMC. Isso fará com que os novos iPhones sejam os únicos smartphones por um período com processador baseado nessa litografia.

Em termos práticos, isso se traduz em maior desempenho e melhor eficiência energética, que ganham ainda mais relevância atrelado ao fato de estarem relacionados a uma plataforma que já une sistema com um hardware “desenhado” para aquela linha.

Considerando essa perspectiva, pouco importa se a quantidade de RAM é muito inferior aos Android em termos de número. O desempenho prático fará seu papel.

No mundo Android, saltamos de 1 GB de RAM do Motorola Altrix 4G, lançado em 2011, para 24 GB em 2023, um recorte de 12 anos. Durante esse período, muitas discussões foram feitas sobre o acréscimo de RAM nos celulares, e, é claro, que agora com a chegada dos 24 GB isso se manterá. Quero que você participe desse debate também. Conta aí pra mim nos comentários o que você acha da chegada dos smartphones com essa quantidade generosa de memória RAM.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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