Uma semana tranquila com o SimplyMEPIS 11.0

Uma semana tranquila com o SimplyMEPIS 11.0
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Thoughts on inverted jellyfish, or my week with SimplyMEPIS 11.0

Autor original: Jesse Smith

Publicado originalmente no: distrowatch.com

Tradução: Roberto Bechtlufft

Logo SimplyMEPISNo dia 5 de maio saiu o SimplyMEPIS 11.0, com a promessa de ser fácil de usar para novatos e de lidar bem com o seu hardware. Uma rápida leitura do anúncio da nova versão pode dar a entender que o SimplyMEPIS 11.0 é um lançamento sem muita graça, com algumas atualizações de aplicativos importantes e a migração para o LibreOffice, mas continue lendo. A distro está disponível em um live DVD (a ISO tem 1,4 GB), com edições de 32 e 64 bits.

A inicialização pelo DVD conduz o usuário a uma tela gráfica de login com o nome de usuário “demo” preenchido. A senha para login, exibida no topo da tela, também é “demo”. O ambiente de desktop é o KDE 4.5, com um suave papel de parede aquático. No meio do papel de parede figura uma rendição artística do logotipo do MEPIS, com feixes de luz ao seu redor. Parece uma água-viva de cabeça para baixo. O desktop exibe atalhos para o site do MEPIS, o guia de início rápido e uma cópia local do manual da distribuição. A documentação do MEPIS é bem organizada e parece ter sido escrita pensando nos novatos. Também há um ícone no desktop para abrir o instalador.

O instalador exige a senha de root do disco, e começa mostrando o contrato de licença da distribuição. Em seguida vem o particionamento, com a abertura automática do gerenciador de partições do KDE. Depois de concluído o particionamento, é necessário atribuir partições a pontos de montagem e escolher o sistema de arquivos. As opções são ext3, ext4 e ReiserFS. O instalador copia os arquivos e se oferece para instalar o GRUB. Em seguida, você escolhe se quer rodar o Samba e confirma o layout do teclado. As etapas finais incluem o ajuste do relógio, a criação de uma conta de usuário comum e a definição de uma nova senha de root. O processo todo é bem simples, e o instalador exibe um texto de ajuda à esquerda da tela em cada etapa da instalação. Com tudo instalado, é só reiniciar o computador para que nossa cópia local do MEPIS funcione.

O Firefox 4 no SimplyMEPIS

O Firefox 4 no SimplyMEPIS

No primeiro login no desktop, encontramos os mesmos ícones e atalhos do sistema live. Na parte inferior da tela temos o menu de aplicativos e os botões de início rápido para o painel de configurações, o Firefox e o KMail. À direita, o relógio, e ao lado dele um ícone avisando que há atualizações de software disponíveis. O menu de aplicativos usa o estilo clássico de lançadores, que na minha opinião permite uma navegação mais rápida do que o estilo kickoff. E por falar em layout, tenho notado que os temas de desktops hoje em dia se dividem em dois estilos bem característicos. De um lado estão os desktops com layouts clássicos e com temas que parecem ter sido criados quando a computações de 16 bits era novidade. Do outro, desktops com layouts mais adequados a telefones e pequenos tablets, onde tudo é um widget e o tema é brilhante demais. Não é todo dia que vejo um layout que mantém o fluxo de trabalho clássico, mas também exibe um visual moderno. O desktop do MEPIS faz isso, combinando o que na minha opinião são os melhores aspectos do KDE 3.5 e do KDE 4. É ótimo ver que as coisas estão onde eu espero que estejam e ainda contar com um bom visual no meu desktop.

A distribuição vem com uma sólida coleção de software no DVD, e o instalador aloca em torno de 3,8 GB de dados no disco local. Estão incluídos Firefox 4.0.1, LibreOffice 3.3.2, o cliente de email KMail e um leitor de PDFs. Para gravar CDs, temos o K3b; para tocar música, o Amarok; edição de vídeos com o Kdenlive, e reprodução de arquivos multimídia com o VLC. Há uns poucos jogos no menu, e também o cliente para mensagens instantâneas Kopete e um CD player. O discador KPPP também está presente, e GIMP e KolourPaint marcam presença para os usuários com talentos artísticos. O MEPIS tem algumas ferramentas próprias de configuração, que ajudam a criar e gerenciar contas de usuário, configurar e solucionar problemas com a conexão, verificar se há erros nos discos, criar unidades USB inicializáveis e reparar o gerenciador de inicialização. Para configurar a aparência do sistema, temos os módulos das configurações do sistema do KDE. Finalizando com o menu, encontramos ferramentas para compactação de arquivos e edição de textos, calculadora e o KGpg (uma interface para certificados e criptografia). O MEPIS já vem com o Flash e outros codecs multimídia populares instalados. Também estão presentes o Java e o GCC. O kernel é o 2.6.36.

O LibreOffice e as ferramentas de configuração do SimplyMEPIS

O LibreOffice e as ferramentas de configuração do SimplyMEPIS

Após o login, um ícone de notificação aparece na bandeja do sistema avisando que há software novo disponível. Basta clicar no ícone para lançar o gerenciador de pacotes Synaptic, que cuida das atualizações e demais tarefas relacionadas a pacotes. O aplicativo é estável e rápido, e não tive problemas com ele. Nos bastidores, o Synaptic usa o APT, cujas ferramentas de linha de comando estão à disposição do usuário. O MEPIS é baseado no Debian, e pode baixar pacotes dos repositórios do Squeeze. Mas a distro também tem um repositório próprio, para pacotes e atualizações específicos do MEPIS. Com isso, o usuário conta com uma montanha virtual de software para instalação, com quase 30 mil pacotes nos repositórios padrão.

O SimplyMEPIS reconheceu meu hardware direitinho. Experimentei a distribuição em dois computadores: um desktop (CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM, placa de vídeo NVIDIA) e um laptop (CPU dual-core de 2 GHz, 3 GB de RAM, placa de vídeo Intel). Nos dois computadores a inicialização foi rápida, a tela ficou com a resolução máxima, o áudio funcionou de primeira e minha rede sem fio Intel também. O touchpad do laptop aceitava toques rápidos como cliques. O desempenho nos dois computadores foi acima da média, e o ambiente KDE respondia muito bem, especialmente no laptop. O desempenho se manteve bom quando rodei a distro em uma máquina virtual com 512 MB.

Uma coisa que me agradou muito no SimplyMEPIS é que ele é bem equilibrado. Antes de escrever esta análise eu estava usando o Slackware Linux, uma distro bem conservadora no estilo “faça você mesmo”. Antes do Slackware eu usava o Ubuntu, que é mais experimental e tem um estilo “pode deixar, eu faço isso por você”. O SimplyMEPIS fica bem no meio do caminho. Ele é moderno sem ser experimental, e amigável sem ser simplista demais. A interface é otimizada, sem redução das funcionalidades. A arte é atraente sem tirar a atenção do usuário. O sistema avisa quando há atualizações de software disponíveis de forma discreta. O menu de aplicativos foi organizado de modo a diminuir a bagunça, com os programas populares próximos ao nível superior do menu e outros programas abrigados em submenus. Acho que a ideia aqui era não sobrecarregar o novato com muitas opções. Os efeitos gráficos e a indexação e a busca do desktop vieram desativados por padrão, o que eu achei ótimo. Há algumas semanas eu reclamei da tendência atual de maximizar janelas arrastadas para o topo da tela, e felizmente o MEPIS não faz isso por padrão. E durante os meus testes, nem o sistema nem os aplicativos travaram.

Usar o SimplyMEPIS não só foi uma experiência agradável como também interessante. Desde que o Ubuntu chegou eu não vejo o SimplyMEPIS ser incluído no rol das distribuições mais famosas, como Fedora, openSUSE, Mandriva e o próprio Ubuntu. A versão 11.0 prova que isso não está certo. Sempre que testo uma distro eu mantenho um caderninho ao lado do teclado para ir fazendo anotações: o que funciona, o que não funciona, as características que se destacam. Não anotei quase nada enquanto usava o SimplyMEPIS, não por não ter nada para escrever, mas porque foi uma experiência muito intuitiva e livre de complicações. Não tive nenhum dos problemas habituais que quebram o ritmo de uso de uma distro; tudo funcionou como eu esperava.

Configurações e aplicativos do SimplyMEPIS

Configurações e aplicativos do SimplyMEPIS

Isso não quer dizer que não vi nenhum ponto que não pudesse ser melhorado. O SimplyMEPIS é intuitivo e fácil de usar para os novatos, mas ele poderia ser ainda mais intuitivo em algumas áreas. Veja o instalador, por exemplo: as páginas de particionamento e configuração do GRUB poderiam ser melhores, copiando o design do instalador do Fedora ou do Ubuntu. O mesmo vale para o gerenciamento de pacotes. O Synaptic é um programa poderoso e confiável, mas não é tão bom para novatos quanto outras interfaces para o gerenciamento de pacotes, e seria bom se houvesse outra opção gráfica para quem chegou agora ao Linux.

Minha semana com o SimplyMEPIS deve ter sido uma das experiências mais intuitivas e tranquilas que já tive com um sistema operacional. Tudo funcionou de primeira, o desktop respondeu bem e tanto o DVD quanto os repositórios estavam cheios de programas. O desktop é atraente, foi fácil achar o que eu procurava e nenhum dos habituais “recursos” modernos se apresentaram para tirar a minha atenção do que eu estava fazendo. A versão 11.0 combina programas modernos a uma base estável, e eu recomendo a todos que a experimentem.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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