Samsung tira a Intel do “trono do silício” e alcança o posto de maior fabricante de chips do mundo

Samsung tira a Intel do “trono do silício” e alcança o posto de maior fabricante de chips do mundo

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Pode até ser verdade, de que “quem é rei nunca perde a majestade”, que carregará pra sempre o seu momento de realeza, mas o “trono do silício” agora é ocupado por outro rei, a Samsung, que ultrapassou a Intel como principal produtor de chips do mundo.

O mercado dos semicondutores é muito amplo, o feito histórico alcançado pela Samsung, que era vice-líder desde 2006, está mais relacionado com a produção de chips de memória flash e DRAM do que necessariamente processadores. Produto que consolidou a Intel no posto em 1993, numa época em que o que estava em voga era a computação doméstica. Colocar um computador em cada lar.

A relação de competição e superação da Intel contra empresas asiáticas vem desde os primórdios, da época em que a Intel ainda nem havia inventado o microprocessador.

No início, o que a Intel fazia era projetar “microchips à la carte”, uma empresa entrava em contato dizendo o que precisava e então Robert Noyce, Gordon Moore, Andy Groove, e seus engenheiros providenciavam.

Em 1969 uma empresa japonesa chamada Busicom precisava de doze microchips para funções específicas que seriam implementadas em uma potente calculadora de mesa que estavam desenvolvendo. 

Coube ao engenheiro Ted Hoff supervisionar o projeto. Ao longo do processo Hoff sugeriu para Robert Noyce, cofundador da Intel, que fosse desenvolvida uma solução multichip, onde a grande maioria dos chips individuais que a Busicom pediu fossem colocados em um único chip.

A ideia partiu das próprias dificuldades da Intel em poder viabilizar o projeto, tanto financeiramente como em termos de complexidade de execução. 

No mesmo ano, Hoff e sua equipe conseguiram esboçar a estrutura desse chip individual, que executava nove dos doze chips que a empresa japonesa necessitava. Devido a pressão da Busicom em conseguir um “preço camarada” a Intel através de uma ideia de Hoff determinou o que seria crucial para a supremacia da Intel ao longo da sua história: Sim, a Intel aceitava fazer um preço mais baixo, porém teria todos os direitos sobre o chip, podendo inclusive licencia-lo para outras empresas que poderiam aplica-lo em outros tipos de produtos, como computadores, por exemplo.

Com o acordo firmado, em novembro de 1971 chegou ao mercado o primeiro processador Intel, o 4004, que dava início a escalada da companhia e que culminou no termo que conhecemos hoje: microprocessador.

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Um ano depois, em 1972, a NEC, anunciava o primeiro microprocessador do Japão. Nessa época e na década seguinte, o microprocessador ainda não era capaz de causar um grande impulso para que a Intel despontasse, mas era apenas uma questão de tempo. Em 1982, a NEC era a terceira maior companhia do mundo do mercado de semicondutores, enquanto a Intel estava em sétimo lugar. Em 1987, a NEC passou para primeiro lugar, enquanto a Intel caiu para a décima posição.

A força da NEC não estava em microprocessadores, e sim em chips de memória. Mas, o mercado mudou, e a mudança favoreceu a Intel. Em 1993, com a crescente venda de microprocessadores a Intel tomou de vez o lugar da NEC. Não posso deixar de mencionar o registro histórico dessa época. 1993 foi o ano que a Intel lançou o Pentium, um dos produtos de maior sucesso da história do vale do silício.

Após se fixar na liderança, a Intel permaneceu por muito tempo vendo todo mundo pelo retrovisor, porém, assim como a formação do mercado de microprocessadores elevou a Intel ao topo, a utilização em massa de dispositivos móveis coloca agora a sul-coreana Samsung na ponta.

De acordo com o relatório da Samsung referente ao segundo trimestre do ano, a sua receita em relação a divisão de semicondutores foi de US$ 15 Bilhões, enquanto a Intel fechou com US$ 14,8 bilhões. Quando passamos para o lucro, a diferença é bem mais significativa: US$ 7,1 bilhões da Samsung contra US$ 3,8 bilhões da Intel.

É evidente que pode ocorrer outra “dança das cadeiras”, e a Intel reassumir a liderança, o que está realmente em foco é como a Samsung virou a Intel do passado, manejando o mercado à sua maneira. Isso sem falar que a Samsung não está ultrapassando uma empresa em crise, está batendo a Intel!

Atualmente, a Intel parece estar em um corredor polonês, e muitos estão batendo sem dó. A Samsung além de ultrapassá-la no mercado de semicondutores, continua desenvolvendo (e cada vez melhor) o seu próprio processador móvel, mercado que a Intel de tanto patinar caiu fora. A AMD de forma meteórica voltou a ser uma boa rival no mercado,com o lançamento da linha Ryzen, e a Qualcomm juntamente com a Microsoft está tentando pôr no mercado computadores rodando SoCs Snapdragon juntamente com o Windows 10.  Pelo que se tem comentado a Intel fará de tudo para impedir, através da maçante guerra de patentes.

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Além da situação atual do mercado de PCs não ajudar em nada a Intel, os próprios produtos da companhia enfrentam uma crise de identidade. Além de promover uma mudança quebrando o mantra do tick-tock, para um processo que estica a vida de uma mesma litografia no mercado, o salto de performance promovido entre uma geração e outra não justifica a compra de um novo processador. A evolução da 6º geração Intel Core (Skylake) para a 7º geração (Kaby Lake) nos processadores para desktop, na prática não significam muito. Essa evolução é bem mais interessante quando falamos das versões desses chips para dispositivos móveis, como notebooks e híbridos, devido a eficiência da autonomia de bateria.

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No ano passado a Intel passou pela maior restruturação da sua história, um plano de demissão de 12.000 pessoas, com o intuito de gerar uma economia de US$ 1,4 bilhão neste ano. Além é claro de priorizar outros mercados, como o de Data Centers e internet das coisas.

Andy Groove, que sempre foi o terceiro cara da Intel, o responsável por juntamente com Robert Noyce e Gordon Moore, elevar a companhia para o patamar e importância história que tem hoje, dizia uma frase sensacional. “O sucesso leva à complacência. A complacência leva ao fracasso. Só os paranoicos sobrevivem”. O maior paranoico, hoje, é a Samsung!

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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