Rockbox, a espera pelo código aberto no seu MP3 Player

Rockbox, a espera pelo código aberto no seu MP3 Player

Waiting for Rockbox 3.0 – again
Autor original: Jonathan Corbet
Publicado originalmente no:
lwn.net
Tradução: Roberto Bechtlufft

O Rockbox é um firmware licenciado pela GPL que substitui o firmware de vários tocadores de áudio digitais. O LWN publicou um artigo sobre o lançamento iminente do Rockbox 3.0 em maio de 2006. Mais de dois anos depois, ficou claro que o “iminente” de alguns projetos é um pouco menos iminente que o de outros. O que aconteceu foi que os desenvolvedores concluíram que não havia como resolver certos problemas do Rockbox dentro de um cronograma razoável para o lançamento da versão 3.0; ao invés de lançarem uma nova versão sabendo que ela tinha problemas, eles desistiram da versão 3.0 por uns tempos. É por isso que a versão estável atual do Rockbox é a 2.5, de setembro de 2005.

É bem provável que poucos usuários do Rockbox estejam usando a versão 2.5, já que ela só oferece suporte a uns poucos tocadores da Archos. Na comunidade do Rockbox, baixar um build diário é quase uma necessidade. Nesse meio tempo, o Rockbox prestou um serviço de grande valor aos desenvolvedores do Debian, que não precisam mais se empenhar em encontrar um projeto com um ciclo de lançamentos maior que o seu.

Mas talvez essa situação esteja prestes a mudar. O projeto anunciou em julho que seria feita mais uma tentativa de lançar a versão 3.0. No dia 15 de agosto, o Rockbox entrou em feature freeze, período no qual a inclusão de novos recursos é interrompida para que se dê maior atenção à correção de bugs, e o lançamento da versão 3.0 foi programado para “daqui a umas duas ou três semanas.” Tudo bem que isso foi há mais de um mês, mas parece que agora vai mesmo.

Essa seria uma boa hora para o projeto começar sua campanha de promoção com artigos cheios de fotos exibindo todos os recursos que farão parte da nova versão. Mas parece que os desenvolvedores do Rockbox só têm se concentrado no código, e ainda não investiram no lado promocional da coisa. Por isso, embora o manual do Rockbox seja razoavelmente completo e atual, é difícil listar as novidades da versão 3.0.

No topo da lista deveríamos ter uma relação de tocadores digitais suportados, já que o número aumentou consideravelmente desde a versão 2.5. O guia de compras do Rockbox traz um bom resumo sobre os tocadores suportados. Só que nenhum desses tocadores ainda está sendo fabricado, embora alguns possam ser encontrados em sites de produtos usados. Houve progressos no que se refere ao suporte a tocadores mais modernos; já foi anunciado o suporte aos modelos iAudio D2 e iAudio i7 da Cowon. Esses tocadores não serão suportados na versão 3.0, obviamente, e os desenvolvedores do Rockbox se reservaram o direito de não adicionar suporte a outros tocadores se esse suporte não for suficientemente estável.

Além disso, as mudanças recentes no Rockbox incluem a sempre crescente lista de codecs (incluindo alguns formatos de vídeo para os tocadores que o ofereçam), equalização paramétrica de cinco bandas, um suporte cada vez maior a temas, com vários temas criados pelos usuários, exibição da capa do CDs, um banco de dados de tags bastante poderoso, suporte ao codec Speex para a interface de voz e vários novos plugins, incluindo o esperado plugin Lamp que exibe uma tela vazia com intensidade máxima, transformando o tocador em uma lanterna cara e de pouca duração. Pelo visto, o Rockbox 3.0 vai ter um pouco a oferecer para quase todo mundo.

Também parece que a versão 3.0 vai incluir o RBUtil, uma ferramenta em Qt difícil de se encontrar que automatiza o processo de instalação do Rockbox. Levando-se em conta que a instalação pode ser daquelas de deixar as mãos suando, permeada pelo medo de transformar um belo tocador novinho em um tijolo, qualquer ajuda com a instalação é mais do que bem vinda. Afinal de contas, os tijolos não são famosos por reproduzir som em alta-fidelidade.

Outro evento recente na comunidade do Rockbox foi a criação do Conselho de Direção do Rockbox, que no momento é formado por Daniel Stenberg, Linus Nielsen Feltzing, Dave Chapman, Paul Louden e Jens Arnold. A função desse conselho ainda não está muito clara; parece que ele vai ajudar a resolver impasses em discussões técnicas. A criação do conselho gerou uma certa preocupação de que o Rockbox estaria se tornando mais lento e burocrático, mas parece um pouco cedo para esse tipo de especulação.

Os desenvolvedores do Rockbox também decidiram recentemente que todo o código do projeto seria licenciado sob a “GPLv2 ou mais recente.” Embora não haja planos de migração para a GPLv3, os desenvolvedores querem disponibilizar o código a outros projetos que façam uso dessa licença. Como o Rockbox não exige a cessão do copyright, a mudança vai exigir uma auditoria para encontrar qualquer código que seja exclusivo da GPLv2, para que este seja então licenciado novamente ou excluído. Não houve qualquer anúncio público sobre o andamento desse processo.

O projeto Rockbox tem vários desafios pela frente. A cooperação dos fabricantes é essencialmente nenhuma, e cada dispositivo exige um trabalho de engenharia reversa. A vida útil das plataformas-alvo é curta, dificultando a estabilização do trabalho antes do dispositivo sumir das lojas. O ambiente de programação é altamente especializado e com recursos restritos, limitando o âmbito de desenvolvedores capazes de trabalhar no projeto. E algum dia todo esse trabalho pode perder sua relevância, já que o avanço das plataformas vai tornando mais simples a instalação do Linux nelas. Mas por enquanto, não há nada melhor para os que querem um sistema operacional dinâmico e orientado ao usuário para seus tocadores de áudio digitais, e o Rockbox está cada vez melhor.

Nota: seguem abaixo algumas telas do Rockbox, em suas versões mais recentes, seguido por uma imagem ‘promocional’:

tela1
juncao
tela5
promo

Créditos a Jonathan Corbetlwn.net
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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