Para entender a diferença primeiro é preciso estabelecer que tecnicamente esses conectores são chamados de TRS. No Brasil eles acabaram ficando conhecidos como P2 e P3, ambos são presença tarimbada no universo dos dispositivos relacionados ao áudio. O conector tem formato cilíndrico e 3,5mm de diâmetro.
Esses conectores são versões mais compactas do pai dos conectores TRS, o de 6,35mm. A história desse conector é interessantíssima, peço permissão a você para contá-la. Para isso é preciso retornar ao século XIX, mais precisamente ao ano de 1878.
Em 1878 o telefone já havia sido inventado. Embora não haja um consenso sobre o responsável por ter criado o primeiro dispositivo capaz de transportar voz por meio de impulsos elétricos, o primeiro a registrar uma patente foi o escocês Alexander Graham Bell.
A patente foi registrada no dia 14 de fevereiro de 1876, mesmo dia que o engenheiro americano Elisha Gray também registrou a sua, mas, conforme explicou o jornalista Seth Shulman no livro “The Telephone Gambit: Chasing Alexander Graham Bell’s Secret” (“O Jogo do Telefone: Perseguindo o Segredo de Alexandre Graham Bell”), lançado em 2009, uma manobra do proeficiente advogado de Bell, contratador por Gardiner Greene Hubbard, que era financiador do projeto do escocês, além de seu sogro, fez com que sua patente fosse registrada primeiro, dando-lhe o título de “inventor do telefone”.
Talvez Graham Bell tenha sido elevado ao posto de inventor do telefone pela retaguarda de investidores e pessoas influentes que o acompanhavam. Os principais nomes que acompanharam Bell na empreitada foram Gardiner Hubbard e Thomas Sanders. Juntos eles fundaram em 1877 a Bell Telephone Company, que mais tarde seria rebatizada para American Telephone and Telegraph Company (AT&T).
Com a popularização do telefone foi necessário o desenvolvimento de centrais telefônicas, que fariam o processo de intermediar uma ligação entre dois pontos distantes, a primeira central licenciada pela Bell Telephone Company surgiu em New Haven, Connecticut, em 1878, projeto de autoria de George W. Coy. Com essa central tivemos início a uma nova profissão que foi tão importante para a comunicação quanto o próprio telefone: telefonista. Inicialmente exercida por homens, mas que alcançou o seu ápice em eficiência quando mulheres começaram a desempenhar a função.
Explicar o papel de um telefonista clássico em pleno 2019 é engraçado porque para muitos que irão ler esta matéria – e até pra mim que estou escrevendo, é algo tão distante da realidade que torna essa função quase um conto de ficção, mas não tem nada de imaginação, foi real e muito importante!
Fique com a definição de Helmut Gold, diretor do Museu da Comunicação em Frankfurt: “No painel à frente da telefonista, havia uma tomada para cada aparelho telefônico instalado. Ela recebia o telefonema e perguntava a quem devia chamar. Ela podia conectar qualquer telefone, enfiando o pino na tomada correspondente. Feito isto, avisava a pessoa sobre a chamada e transferia a ligação”. Para esse trabalho manual e de suma importância para a história da comunicação os telefonistas utilizam na central o conector TRS de 6,35mm.
O conector em sua versão mais compacta, o TRS de 3,5mm, surgiu apenas em 1950, e se tornou popular a partir de meados dos anos 60. Apenas por esse contextualização histórica você percebe o quão importante é o conector TRS não só para a comunicação quanto também para o universo do áudio moderno, resistindo aos diversos lançamentos de novos produtos no mercado, marcando presença em muitos apetrechos, como caixas de som, fones de ouvido e smartphones.
Ufa, depois dessa mini-aula de história vamos à resposta da pergunta que dá título a este post. Qual a diferença entre o conector P2 e o P3?.
Para identificar essa diferença podemos começar pela parte visual do conector. Visualmente o P2 apresenta duas linhas pretas na horizontal – elas têm a função de cuidar que o canal de áudio esquerdo e direito – modo estéreo, funcione sem interferência. A base do conector, que ocupa uma área maior que dos canais de áudio, é o aterramento.
No caso do P3 a sua constituição é diferente. O conector mantém seu formato cilíndrico com 3,5mm, porém há mais faixas. São três linhas pretas. A superior relacionada ao canal esquerdo, a segunda ao canal direito, a terceira e a última tem relação com o aterramento e o microfone, a ordem depende do aparelho, há adaptadores que fazem a inversão, eliminando possíveis erros de identificação o que poderia causar o não funcionamento do microfone , por exemplo.
Portanto, caso você pegue um headset com um único conector TRS irá perceber que o visual do conector é o do que chamamos de P3, já um headphone, por exemplo, que não conta com microfone, o conector é o P2. Há também os casos de alguns headsets utilizarem dois cabos P2 distintos, um para a conexão do áudio e outro para a conexão do microfone.
É comum tudo ser chamado de P2, mas como você viu nesse artigo há essa diferença visual e também de características técnicas.
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