O primeiro SSD a gente nunca esquece

O primeiro SSD a gente nunca esquece

Nestes últimos dias, fui mais uma vez no InfoCentro. Embora adore me entreter com as “novidades” (não tão novas assim) disponíveis em nosso mercado, o meu propósito principal era apenas um: encontrar uma simples e modesta unidade de armazenamento SSD, para substituir o meu (não tão) bom e “velho” HD de 160 GB…

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Explico: o meu atual desktop, um netbook Asus Eee PC 900HD, atende as minhas necessidades maravilhosamente bem, mas também possui os seus inconvenientes. Um deles – além das suas já conhecida limitações – está na intensa geração de calor, especialmente na região da carcaça onde se localiza o HD. Como o aparelhinho carrega os meus preciosos trabalhos, simplesmente não dá para arriscar, ao expô-los à estas condições. E depois de um bom tempo percorrendo os estandes, encontrei uma lojinha especializada em armazenamento que dispunha de uma unidade SSD de 40 GB: o Intel X25-V (R$ 410,00).

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Eis, o conteúdo da caixa: a unidade SSD (centro), o adaptador para baias de 3.1/2″ (acima), CDs de instalação e manual (direita), parafusos diversos (esquerda) e um adesivo (abaixo).

Antes, havia feito pesquisas sobre os HDs de notebooks disponíveis que esquentassem o mínimo possível. Entretanto, dada a diferença ínfima dos TDPs divulgados por diferentes fabricantes, acabei concluindo que a aquisição da unidade SSD seria a única maneira de garantir a baixa temperatura. E deu certo: após montá-lo, pude colocar confortávelmente as mãos debaixo da carcaça do netbook, o que antes era improvável devido ao forte calor gerado pelo HD. Para se ter uma idéia da diferença, os HDs tradicionais para notebooks consomem em torno de 2 Watts, ao passo que alguns SSDs consomem apenas 0.15 Watts!

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A unidade SSD e o adaptador para a baia de 3.1/2″

Para variar, o utilitário hddtemp registrava temperaturas de aproximadamente 55 °C, o que é 5 graus acima do valor recomendável de 50 °C e distante apenas 5 graus do limite tolerável de 60 °C. Infelizmente, não pude obter a temperatura do SSD (já que o utilitário não detectou a presença do sensor que concede esta informação), mas sei que ele está bem mais frio que o HD, sem contar ainda que as especificações do SSD mostram limites de operação de até 70 °C. Agora, sabendo que a faixa de variação da temperatura aceitável estará bem mais flexível, poderei dormir “literalmente” (pois o deixo ligado para fazer downloads de madrugada)!

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Kit conversor IDE PATA/SATA para USB.

Lógico que outros benefícios importantes também foram obtidos. Embora esta linha de SSDs da Intel tenha uma taxa de escrita até lenta para os padrões atuais (35 MB/seg.), a taxa de leitura é bem alta (170 MB/seg.) e o tempo de acesso é extremamente baixo (0.065 ms), que me garante um desempenho geral muito superior, se comparado ao HD da Seagate (44 MB/seg. de leitura e 5.6 ms de tempo de acesso). Em termos práticos, o Ubuntu levou aproximadamente uns 12 segundos para inicializar, enquanto que antes eram necessários quase 30 segundos. Até o OpenOffice.org, que era outro aplicativo um pouco demorado para inicializar, passou a ficar disponível por volta de 3 segundos. Por fim, ganhei também de 10 a 15 minutos de autonomia na bateria. Como podem ver, estou muito feliz com a aquisição, embora o preço praticado tenha sido bastante salgado! 🙂

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Eis, a cópia dos arquivos do HD para o SSD. Embora não apareça na foto, a alimentação do dispositivo é providenciada por uma fonte de alimentação que veio junto, dispensando o uso de portas USBs adicionais para esta tarefa.

Antes de realizar a instalação do Ubuntu, providenciei a transferência dos meus documentos do antigo HD para o novo SSD, através de um adaptador especial SATA/IDE para USB. Inicialmente, estava pensando em adquirir um case USB de 2.5″ para acomodar o HD usado, mas decidi repassar a unidade antiga com o objetivo de compensar o custo arcado pelo adaptador com o valor de sua venda. Nesta “jogada contábil”, acabei vendendo também o adaptador para a baia de 3.1/2″, já que os futuros compradores (meus irmãos) vão usá-los em seu PC desktop (que também era meu e acabou sendo vendido para eles). E sem maiores complicações, fiz as cópias rapidamente…

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Era uma vez, um “velho” HD da Seagate montado em um adaptador…

O que mais mudou? Além de redefinir um novo arranjo para o particionamento, desta vez não foi possível utilizar uma partição SWAP, devido à natureza dos SSDs. Diferente dos HDs, os SSDs do tipo MLC suportam “apenas” 10.000 escritas por setor, pois embora seja suficiente para as necessidades de um usuário doméstico, ainda é um valor bem inferior, se comparada à capacidade de escrita quase ilimitada de escrita dos HDs. Mas, se bem combinado com a técnica de escrita aleatória chamada War Leveling (a qual prevê o uso de células diferentes para cada processo de gravação), conseguiremos garantir uma longa vida útil, que pode ser estimada em até 10 anos. Este também é o motivo pelo qual não se deve desfragmentar SSDs: além de reduzir a vida útil com ciclos de escrita, este procedimento será inútil, pois o baixíssimo tempo de acesso dos SSDs praticamente inviabiliza os ganhos de desempenho obtidos com a desfragmentação, os quais seriam úteis em HDs dada a sua natureza.

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O BIOS Setup do Asus Eee PC detectou o SSD tranquilamente

E o quê tudo isto tem à ver com a partição SWAP? Simples: dada a obrigação de definir uma capacidade limitada de armazenamento (geralmente 1 GB) e a constante troca de informações entre a memória RAM e a memória SWAP, a unidade sofreria tantos ciclos de escritas em um espaço tão pequeno (o que restringiria bastante a faculdade de gravação aleatória), que certamente reduziria bastante a sua vida útil. Portanto, não se esqueçam: não se deve utilizar partições SWAP em unidades SSDs, muito menos desfragmentá-las! Inclusive, estas normas também são válidas para o Windows, pois embora não necessitem uma partição à parte, este sistema ainda utiliza arquivos SWAP, que precisam ser desabilitada nas configurações referente ao desempenho do sistema.

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Análise das informações gerais e das taxas de transferência, través do HDParm.

Para se ter uma ideia do quanto o problema da gravação em SSDs é crítico, existem até projetos de desenvolvimento de sistemas de arquivos feitos para o kernel Linux (2.6.34), voltados exclusivamente para serem utilizados em unidades de armazenamento dotadas de memória flash, como o experimental logFS (embora já existam os limitados JFFS e o YAFFS). Além do mais, as versões um pouco mais antigas do próprio kernel Linux (2.6.28), já suportam nativamente as instruções TRIM. Em HDs normais, o sistema não apaga o conteúdo dos setores antes ocupados, mas os deixam livres para receber novos dados; em SSDs, a gravação nestes setores ocasiona perda de desempenho, no processo de reescrita do novo conteúdo. Com as instruções TRIM, este processo é agilizado, já que o sistema operacional (kernel) passa a agendar o apagamento dos dados, ao invés de simplesmente marcá-los como livre.

Para compreenderem melhor as características dos SSDs, recomendo a leitura uma excelente postagem do Morimoto: “Entendendo os SSDs”. Já para ter uma noção mais real do quanto em desempenho pode oferecer o SSDs, existe uma excelente análise traduzida no Guia do Hardware: “Comparativo de SSD” (Aleksey Meyev).

Vou ficando por aqui. Além de ter a alegria de compartilhar com vocês o meu primeiro SSD, o entusiasmo vai além: desta vez, posso usar tranquilamento o meu netbook, sem se preocupar com os riscos da perda de dados causados por danos em HDs, que por sua vez são componentes que sofrem seriamente com o calor excessivo gerado pelo motor de rotação (combinado com o modesto sistema de refrigeração dos portáteis). Para variar, também garanto o seu transporte seguro, uma vez que as unidades SSDs são mais tolerantes à falhas por impactos, que é outra deficiência dos frágeis HDs devido à existência de delicadas partes móveis. Agora, somente os coolers possuem partes móveis, que certamente me obrigará a fazer uma manutenção preditiva para assegurar a sua integridade, de tempos em tempos.

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

http://by-darkstar.blogspot.com/

Veja também:

Entendendo os SSDs

Comparativo de SSDs

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