Uma visão geral sobre as placas POST e de diagnóstico

Uma visão geral sobre as placas POST e de diagnóstico

Todos os PCs desktop que possuem problemas de funcionamento, emitem certos alertas – que vão de simples beeps a mensagens mais sofisticadas exibidas no monitor – os quais são essenciais para um técnico realizar o diagnóstico de seus males. No entanto, haverá certas situações em que não receberemos nenhum alerta, o que complicará bastante as nossas vidas. A principal delas era a típica condição da “placa-morta”, a qual simplesmente não manifestava sequer um beep! Antigamente, éramos obrigado a realizar diferente testes, os quais exigiam uma certo nível de conhecimento técnico. Mas, graças à existência da placa POST, fiquei curioso em saber porque haviam tantas expectativas em torno dela!

Visão geral da placa POST Soyo Tech Aid.

Visão geral da placa POST Soyo Tech Aid.

Antes, deixem o Wikipédia explicar o que é o teste de rotina POST…

POST (Power on self test, que em português é algo como “Auto-teste de inicialização”) é uma sequência de testes ao hardware de um computador, realizada pela BIOS, responsável por verificar preliminarmente se o sistema se encontra em estado operacional. Se for detectado algum problema durante o POST a BIOS emite uma certa sequência de bips sonoros, que podem mudar de acordo com o fabricante da placa-mãe. É o primeiro passo de um processo mais abrangente designado IPL (Initial Program Loading), booting ou bootstrapping.” — [by Wikipédia].

Como havia dito, nem sempre o BIOS emite tais beeps (ou bips) sonoros: dependendo do problema, as rotinas implementadas que realizam a detecção travam durante o processo de inicialização antes mesmo que a BIOS emita os beeps. No entanto, sabemos que em uma determinada porta E/S (mais especificamente o 80h), são registrados os códigos pelos quais se referem os testes executados pelo POST naquele instante. Eis então, a finalidade da placa POST: exibir – através de um display LCD – o último código registrado até então, antes do travamento geral do processo de inicialização. Embora seja dotada de uma concepção simples, a placa POST nos dá a possibilidade de obter algumas informações, as quais podem nos ajudar bastante a identificar o defeito que impede a inicialização do sistema.

Para cada teste efetuado pelo BIOS que não pode ser completado porque o sistema travou, será exibido no display da placa POST um código específico, que por sua vez deve ser conferido em uma tabela (fornecida pelo fabricante da placa) de acordo com o desenvolvedor do BIOS. Por existirem tabelas específicas para a AMI, a Award e a Phoenix (que são atualmente os principais desenvolvedores do mercado), tais códigos poderão variar para os mesmos testes, embora alguns sejam similares em diferentes tabelas. Por exemplo, os códigos 00 e FF representam os testes realizados para conferir o correto funcionamento do processador, enquanto que o código C1 é voltado para inspecionar o subsistema de memória RAM.

Então, podemos concluir que a placa POST faz o diagnóstico do problema? Não! Mal ela “mostra” o componente defeituoso! O que ela faz é simplesmente nos informar de que “o teste para verificar o status de um determinado dispositivo, falhou”. Então, o que implicou na falha de tal teste (e talvez, do dispositivo)? Eis, a função do profissional especializado: diagnosticar – através das “dicas” dada pela placa POST, a real causa da falha do teste, o que não quer dizer necessariamente que o dispositivo em questão esteja com defeito. Por exemplo, o código FF (que corresponde ao teste relacionado ao processador) poderia ter um dos seguintes diagnósticos:

  1. Uma das trilhas da placa-mãe que estabelecem a conexão com o processador e o chipset está corrompida (ou em curto-circuito);

  2. A tensão não está sendo fornecida corretamente (ou simplesmente não está sendo fornecida);

  3. A pinagem do processador ou soquete está danificado (amassado);

  4. O processador está (de fato) avariado.

Assim, o processo de check-up ficará focado apenas nos elementos que interagem com o processador, ao invés de gastarmos tempo em realizar a inspeção geral da placa-mãe e os periféricos nela conectados.

Entretanto, existem vários modelos de produtos especializados na categoria, as quais muitas realizam algo bem mais que apenas monitorar as rotinas de teste POST e as tensões utilizadas pelo sistema. Entre as placas mais sofisticadas, poderemos encontrar alguns modelos capazes de executar determinados conjuntos específico de funcionalidades, além de dispor de outros recursos interessantes. Estas placas possuem uma ROM integrada, com a gravação o firmware especializado a executar testes de diagnósticos: por isso, são classificadas como placas de diagnóstico (as quais realmente realizam diagnósticos) e não simplesmente placas POST.

Eis o motivo pelo qual as placas POST tradicionais sempre serão mais baratas, onde muitas podem ser adquiridas em lojas online (como a Deal Extreme) por preços inferiores a US$ 10. Já as placas de diagnóstico mais sofisticadas custam centenas de dólares. Portanto, se aparecerem anúncios de produtos que realizam milagres a preços em conta ou de profissionais declarando que fazem grandes proezas através das placas integradas aos seus kits de ferramentas (se tiverem mesmo algum, já que a maioria não passa de uma pastinha com chaves phillips), desconfiem: pois como já sabem, placas POST tradicionais não realizam diagnósticos!

Pessoalmente, sou fã dos produtos comercializados pela Ultra-X, um fabricante especializado em ferramentas de diagnóstico voltadas para computadores, sediada nos EUA e com filial no Brasil. Seus produtos, vão das conhecidas placas POST a sofisticadas placas de diagnósticos, dotadas dos mais variados formatos (PCI, mini-PCIe, USB), além de disporem de testadores de fontes, de interfaces de loopback (para portas seriais e paralelas) e até mesmo de dispositivos preparados para atuar como centrais de diagnóstico em redes, sem contar ainda a disponibilidade de muitos softwares de diagnósticos e testes de estresses. Mas infelizmente, os precinhos não são lá muito em conta…

A placa de diagnóstico PHD PCI 2, fabricada pela Ultra-X.

A placa de diagnóstico PHD PCI 2, fabricada pela Ultra-X.

Esta é a placa de diagnóstico PHD PCI 2, fabricada pela Ultra-X. Enquanto que as placas POST mais simples existentes no mercado, se resumem a mostrar os códigos de execução das rotinas POST e monitorar as tensões de saída na placa-mãe, a PHD PCI 2 é considerada uma das placas de diagnóstico mais avançadas. Dentre as suas capacidades e possibilidades de uso, destacam-se:

  • A capacidade de inicializar um PC, mesmo sem o BIOS;

  • A execução de testes exaustivos para cada componente;

  • A disponibilidade de testes gerais de benchmarks e estresses;

  • A capacidade de realizar a atualização de firmware;

  • O teste e o monitoramento dos recursos do sistema;

  • A disponibilidade de uma saída de vídeo para o monitor;

  • A impressão de relatórios dos testes realizados;

  • Entre muitos outros…

Como havia dito anteriormente, tais placas de diagnóstico possuem um custo elevado, sendo adquiridas por empresas especializadas e disponibilizadas para os seus técnicos usarem somente em situações especiais, onde os resultados obtidos compensem os custos. Por exemplo, a última vez que solicitei o orçamento de uma PHD PCI 2, me foi cobrado algo em torno de R$ 2.500,00 (isso foi há uns 3 anos). Então, imaginem o quanto deve custar os kits personalizados, com placas de diagnóstico para diferentes tipos de conexão (PCI, mini-PCIe, USB), os testadores de fontes e as interfaces de loopback, além dos softwares especializados?

Embora as placas POST e de diagnóstico sejam itens indispensáveis em um bom kit de ferramentas, pessoalmente não aconselho o seu uso constante toda a vez que um profissional especializado se deparar com as situações em que ela seja aplicável: recomendo que o técnico em questão tente resolver todos os problemas na medida do possível, com o objetivo de ganhar bastante prática e experiência. Assim, se tornará o menos dependente possível destes equipamentos, ao mesmo tempo que poderá conservá-los por mais tempo, graças ao uso ocasional. Muitas vezes, a usará tão pouco que será até capaz de “esquecê-la” no seu kit de ferramentas… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at]gmail.com>

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