No ano passado durante a minha entrevista com Paulo Vizaco, diretor geral da Kingston no Brasil, pedi para que ele definisse o futuro dos SSDs. Vizaco disse que pela necessidade do acesso as informações com maior velocidade os SSDs continuariam num processo vertiginoso de adoção, e que a tendência era que o preço continuasse caindo.
Infelizmente as novas perspectivas de mercado acabaram mostrando uma reviravolta nessa questão do preço das unidades, em vez de reduzir irá aumentar. Pelo menos em 2017, a tendência é essa. Mas por que os SSDs irão ficar mais caros? Essa é a grande pergunta que muitos estão se fazendo. A resposta envolve três elementos: alta demanda, inovação e conscientização do público em relação ao potencial desse produto.
Com a popularização dos SSDs em dispositivos móveis, principalmente em notebooks, o público de uma maneira geral acabou ficando mais entendido em relação ao assunto, e colocou na cabeça que um SSD é melhor do que um HD, o que é a mais pura verdade, e isso significa que a procura por aparelhos equipados com unidades de estado sólido é cada vez maior, assim como o número de opções no mercado também é.
Além disso, tem a questão do avanço da tecnologia, os SSDs estão numa transição fantástica, que envolve a passagem do Planar NAND para o 3DNand. Sendo bem objetivo, os fabricantes estão redefinindo a estrutura dessas unidades, adotando esse conceito da tridimensionalidade, passando os chips NAND de um aspecto plano (por isso o planar) para uma estrutura vertical – um empilhamento em camadas. Essa mudança permite que as unidades tenham uma densidade maior, isto é, SSDs com maior capacidade de armazenamento, melhorias em relação a gravação de dados e também na questão energética, a Samsung, por exemplo, que é a principal companhia na produção do 3DNand, que é chamado por eles de V-Nand diz que o consumo de energia é reduzido em até 45% em relação ao Planar NAND.
Esse aumento na procura dos SSDs (amplamente relacionada a queda no preço) obviamente pede que mais unidades sejam fabricadas, o que é ótimo num primeiro momento, mas como está acontecendo essa transição do NAND 2D para 3D, os consumidores e OEM (que irão vender equipamentos com SSDs) irão sentir o impacto nessa fase, já que o custo para essa transição exige que os fabricantes que lidam com NAND aumentem suas operações, construam novas fábricas especializadas, entre outras coisas.
Dados da DRAMeXchange mostram que em 2015 os SSDs podiam ser encontrados em 25% dos notebooks em todo o mundo, até o final de 2016 esse percentual deve subir para 33%, em 2018 a previsão é que alcance 56%. A companhia também diz que no segundo trimestre de 2016 as remessas de notebook no mundo aumentaram em 8,2%, e o embarque de SSDs voltados para esses computadores aumentou 24%.
Além dos computadores com SSDs integrados que estão aumentando a demanda por mais unidades, tem também os smartphones, que fazem uso de memória flash NAND, contribuindo para esse crescimento.
Neste trimestre o preço médio das unidades SSD com memória NAND MCL aumentou entre 6% e 10%, enquanto as unidades NAND TCL aumentaram entre 6% e 9%. No geral o mercado de SSDs teve um aumento no preço de 10%. Em 2017 esse percentual pode chegar a impressionantes 25%.
Daqui pra frente os SSDs com NAND TLC deverão ser os mais abundantes no mercado, já que de acordo com Alan Chen, gerente sênior da DRAMexchange, os chips MCL com a tecnologia 3DNand não são tão competitivos em termos de custo de produção (em relação à sua quota de mercado global). A aplicação de SSDs MLC deverá ficar restrita a modelos high-end.
No que diz respeito as interfaces, o SATA III continuará reinando, porém não pode ser descartado o crescimento das unidades do formato PCIe, em 2016 o percentual de mercado deve fechar na casa dos 20%. A previsão é que no ano que vem fique entre 30% e 40%.
A DRAMweXchange também alerta que no primeiro trimestre de 2017 os fabricantes continuarão enfrentando dificuldades para realizar essa transição para o 3DNand. A mais bem preparada, e que vem investindo nisso desde 2013, é a Samsung. A gigante sul-coreana é líder do mercado NAND, com 36,6% de mercado.
Em segundo lugar aparece a Toshiba, com 19,8% de mercado. A Toshiba é uma dessas empresas que está trabalhando para melhorar (e surprir a demanda) por memórias flash NAND. A companhia irá construir uma nova fábrica em parceria com a Western Digital. A construção deverá ficar pronta em 2018, e em 2019 será iniciada a produção em massa. Com esse novo empreendimento a Toshiba terá 3 instalações para a produção de 3D Nand, que a companhia chama de BiCs 3D.
Portanto não vai ter para onde fugir, os fabricantes terão de investir mais para suprir a demanda do mercado, os OEMs irão sofrer o reajuste dos contratos em relação as unidades para seus computadores e você consumidor final enfrentará SSDs mais caro no varejo.
No início desse artigo citei Paulo Vizaco da Kingston e quero encerrar também com uma declaração dele. Na mesma entrevista ele disse que quem usa SSD não volta para o HD. Eu concordo e assino embaixo dessa declaração. Quem já teve a oportunidade de testar um SSD, independente do formato, sabe o ganho de performance e confiabilidade perante aos tradicionais HDs. Então caso você esteja pensando em adquirir um SSD não perca tempo, compre, porque ao longo de 2017 a tendência é que o preço aumente de forma considerável.
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