Pirataria x Custo. O que usar em PCs novos?

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Pirataria x Custo. O que usar em PCs novos?

“Não concordo sobre a pratica da pirataria, mas a maioria das lojas de PC estão vendendo micros sem sistema operacional. Como muitas pessoas ainda usam o Windows, já esta rotulado na venda ” PC- sem Windows, como só existisse o Windows. E Me resta uma dúvida: o que instalar nesses micros novos? O Windows XP , pode ser estável para os micros atuais mas tem o problema da ativação do software, o Linux já usei o 6.0 quando surgiu, e já esta no 8. Daqui a pouco 10,12,14,16… até quando vai ficar nisso?

Por isso a pirataria esta cada vez mais presente, estamos rodeados de cracks, para tudo, pois os programas nunca estão completos, eu continuo usando o Windows 98 SE, apesar dos velhos problemas, mas todos sabem que quem for comprar esse S.O. hoje só vai achar nos camelôs como os do centro de São Paulo, para quem vende computadores ficou difícil.

Como acho que vc e mais atualizado do que eu sem dúvida, o que pode se esperar no futuro dos S.O. para os PCs, ou melhor o que instalar nos PCs novos?”

Oi Ailton. Creio que esta questão existe desde que começamos a usar PCs no Brasil e a resposta não mudou muito. Apesar das proteções, o Windows XP continua sendo pirateado, assim como as versões anteriores, geralmente usando a versão Corporate, que não precisa de ativação. O Brasil continua com um índice de mais de 50% de softwares piratas entre as empresas e quase 80% entre os usuários domésticos. É um número altíssimo mesmo entre os países de terceiro mundo.

Apesar disso, a preocupação com o uso de softwares piratas está aumentando rápido, graças às ações intimidatórias de algumas entidades e deve continuar crescendo nos próximos anos.

A grande questão é que temos uma oferta cada vez maior de softwares livres ou gratuítos, que podem tranqüilamente substituir os pacotes comerciais que costumamos utilizar. E eu não estou falando apenas do Linux, existem excelentes softwares gratuítos mesmo para Windows. Eu falei sobre isto a pouco tempo no meu artigo “Software Pirata e ABES” que você pode ler aqui: https://www.hardware.com.br/artigos/174/

Entre as suítes de escritório, as duas principais alternativas são o 602, que é ideal para iniciantes por ter uma interface muito semelhante à do Office e ser bastante intuitivo e o Open Office, a versão gratuíta do Star Office.

Você pode baixa-los em:

http://www.software602.com/

http://www.openoffice.org/

Como software de edição de imagem temos o 602.Photo, incluído na suíte 602 e o Gimp, que continua continua ganhando novos recursos. O Gimp substitui tranqüilamente o Photoshop para uso doméstico, a única grande falha é a falta de suporte a CMYK, o que dificulta o uso profissional. O Gimp for Windows pode ser baixado em: http://www.gimp.org/~tml/gimp/win32/

Estes são apenas três exemplos. É possível cobrir quase todas as necessidades básicas dos usuários usando programas gratuítos, mesmo usando o Windows. Você pode usar o EZ-CD Creator ou Nero que acompanha o gravador de CDs, os softwares que costumam vir no CD da placa mãe e assim por diante. Existem excelentes clientes de FTP, IRC e MP3 Players gratuítos, o Netscape traz um editor de html básico, que serve bem para o maior parte dos usuários, etc.

Neste caso, mesmo usando softwares originais você gastaria apenas os 200 e poucos reais de uma cópia OEM do Windows XP. Você pode até mesmo comprar cópias de segunda mão do Windows, outra opção perfeitamente legal.

Existe claro a opção do Linux, que também está se tornando uma opção cada vez mais forte aos softwares comprados ou pirateados. Não é à toa que estou dedicando tanto tempo a pesquisar e escrever matérias e livros sobre ele. Cada vez mais gente está se interessando pelo sistema, com destaque para um grande número de usuários domésticos.

Obviamente o Linux não pode ser usado em todas as situações, mas para quem vende PCs ou trabalha com manutenção, ele apresenta várias vantagens importantes:

A primeira e mais óbvia é a possibilidade de vender PCs com uma grande quantidade de bons softwares sem gastar uma fortuna nem incorrer em pirataria.

O KDE oferece uma interface muito amigável e com um visual bastante customizável e suporte a temas, que podem torná-lo mais elaborado graficamente que o XP. Você pode dar uma olhada nos disponíveis no http://www.kde-look.org

O KDE é bastante pesado, por isso é ideal apenas para máquinas de 600 MHz ou mais com 256 MB de memória. Para PCs mais lentos existem as várias opções de interfaces leves, com destaque para o Window Maker e para o IceWM, que oferece um visual similar ao do Windows.

O suporte a multimídia também já está maduro com o XMMS e o Xine. O XMMS é um clone do Winamp, capaz de reproduzir praticamente qualquer formato de áudio com a ajuda dos plug-ins necessários, enquanto o Xine se encarrega da exibição de vídeos, inclusive DVD e Divx (usando o plug-in disponível no www.divx.com). O suporte a placas de som também não é mais um problema, placas como a Sound Blaster Live! São detectadas durante a instalação em todas as distribuições atualmente disponíveis e até mesmo o áudio onboard da ECS K7S5A já pode ser instalado com a ajuda de um dos howtos disponíveis.

Além do Gimp temos mais algumas opções de programas gráficos, como o Kontour (desenho vetorial) e um conjunto de outros editores mais simples. Na área de aplicativos de escritório temos o Open Office, o Star Office e o KOffice, que tem uma interface muito simples, ideal para usuários iniciantes e um bom conjunto de recursos. Temos ainda mais algumas opções como o Gnumeric, considerada por muitos a melhor planilha disponível para Linux atualmente e o Abiword, uma opção de editor de textos leve.

Como cliente de mail temos o Evolution, que oferece uma interface muito similar à do MS Outlook, incluindo a agenda de compromissos e a compatibilidade com o MS Exchange, com claro a vantagem de ser imune aos vírus de e-mail. Existe também uma grande quantidade de clientes de ICQ, IRC, News, FTP etc., além claro de vários servidores.

A conectividade em rede é mais um ponto de destaque. É muito fácil criar compartilhamentos com máquinas Windows, compartilhar a conexão entre máquinas de várias plataformas, compartilhar impressoras, criar servidores de FTP domésticos (que podem ser usados para backup por exemplo), ou mesmo públicos, para compartilhar arquivos com os conhecidos.

Outro recurso interessante é possibilidade de rodar aplicativos remotamente via SSH entre as máquinas Linux e via VNC no caso das máquinas Windows. Você pode até mesmo usar um PC antigo, até mesmo um 486 ligado em rede com o seu PC principal para ter acesso a todos os seus arquivos e programas, como já expliquei em outros artigos. É uma solução ideal para quem precisa de mais de um PC em casa, mas não pode gastar muito.

A combinação da segurança e da quantidade de softwares incluídos são um atrativo importante para conquistar muitos usuários, principalmente por que você pode oferecer as duas opções de sistema operacional ou ainda a opção de manter os dois em dual boot.

Como a maior parte dos drivers são incluídos diretamente no kernel e a maior parte deles ficam disponíveis por default nas distribuições, existe uma facilidade muito grande em usar a mesma instalação em vários sistemas diferentes, reconfigurando apenas a placa de vídeo, som e modem (caso diferentes). Você pode diminuir muito o seu trabalho criando uma imagem de um sistema já instalado e personalizado e ir apenas copiando-a para os micros novos, usando o comando “dd if=/dev/hda of=/dev/hdb“, que faz uma cópia exata do HD instalado como primary master para o HD instalado como primary slave.

No caso do Mandrake existe também a opção de criar um disquete com as opções de instalação e usá-lo para automatizar as instalações subseqüentes. Com isto você não vai mais perder duas horas instalando o sistema e os programas em cada PC. Em meia hora você já terá o sistema instalado, com todos os softwares usados.

Se você adotar um esquema de particionamento com partições separadas para os arquivos dos usuários e os arquivos do sistema, dividindo o HD em duas partições e montando uma em “/” e outra em “/home”, por exemplo, você poderá restabelecer a configuração original do sistema sempre que o usuário tiver problemas, sem com isto perder os arquivos ou as configurações dos usuários, que ficam protegidas nos diretórios de usuário, guardados na segunda partição.

Um sistema Linux já pré-configurado é quase tão fácil de usar quanto o Windows, principalmente para usuário leigos, que não costumam instalar muitos programas ou fuçar muito nas configurações do sistema. Eu tenho feito um trabalho de campo, sobre isso, vendo as dificuldades de usuários com vários níveis de conhecimento e tenho notado justamente que os iniciantes são os que usam o Linux com mais facilidade, pois as funções básicas dos programas são muito similares. Os usuários avançados são os que costumam ter uma curva de aprendizado maior, pois precisam reaprender a fazer muitas tarefas, dominar programas novos, etc.

A maior dificuldade é ainda a configuração do sistema, principalmente dos softmodems, que ainda continuam dando muita dor de cabeça. Este problema some caso o usuário compre um sistema já pré-configurado. A simples garantia de levar pra casa um PC totalmente compatível com o Linux já será motivo suficiente para muitos comprarem PCs montados com você.

Muita gente, principalmente empresas estão preocupadas com a questão da pirataria, muitos usuários ficaram insatisfeitos com o Windows XP, muitos tem curiosidade em conhecer o Linux e assim por diante. Dá para ganhar dinheiro em todas estas áreas, vendendo PCs pré-configurados e dando suporte. É só questão de estudar sobre o sistema e conhecer as necessidades dos seus clientes.

Sobre a questão das várias versões do Linux, não adianta esperar, pois com o passar do tempo o número de versões diferentes só vai aumentar. Ao mesmo tempo em que o sistema evolui muito rápido (é só comparar uma distribuição de dois anos atrás, como o Conectiva 5 ou o Mandrake 7 com uma atual) qualquer um pode criar uma nova distribuição, adaptada a alguma necessidade específica, tanto a partir do zero quanto usando como base uma distribuição já disponível. Existe até mesmo um projeto voltado para usuários finais, o http://www.linuxfromscratch.org que oferece ferramentas e documentação para os usuários interessados em criar suas próprias distribuições Linux.

O ideal é que você se especialize em uma ou duas distribuições e concentre o resto do tempo em dominar uma gama maior de programas e ferramentas de configuração. As distribuições não são tão diferentes assim, pois se baseiam fundamentalmente nos mesmos programas e nos mesmos arquivos de configuração. Conhecendo bem o sistema você não terá dificuldade em se adaptar a qualquer outra distribuição.

Você pode instalar seus programas e ferramentas preferidos em qualquer distribuição. Não importa se resolverem remover o swat ou o XMMS da próxima versão do Mandrake, bastará que você baixe os pacotes no http://wwwfreshmeat.net ou em outro site de downloads. O mais interessante é que você pode repassar estas personalizações aos seus clientes, cobrindo as deficiências que encontrar na distribuição.

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